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EDITORIAL: GOLPE DE COSTA | HENRIQUE DÓRIA

As tempestades que se abateram sobre Portugal neste final do ano parecem ter-se abatido também sobre o governo de António Costa.

Pressões dos interesses instalados, pressões do Presidente da República e escolhas erradas levaram a demissões sucessivas no atual governo de maioria absoluta. Porém, a demissão de Pedro Nuno Santos apanhou quase todos de surpresa. Todos menos, com toda a certeza, de António Costa. Desde o Congresso do PS na Batalha, em 2018, com uma moção de Pedro Nuno Santos voltada para a esquerda e ovacionada pelos militantes, acrescida da declaração à rádio de Pedro Nuno Santos de que lhe faltava apenas ser Secretário Geral do Partido Socialista, declarações que levaram Costa a esclarecer que ainda não tinha pedido a reforma, parecia que no destino do superministro das Infraestruturas e Habitação estava traçado. Nuno Santos não é, manifestamente, a escolha de António Costa para lhe suceder. Muito ligado  ao Presidente Marcelo, do qual, na realidade, está muito próximo por razões académicas e políticas, o delfim  de Costa sempre foi Fernando Medina.

A pressão de Marcelo já se fez sentir no conflito entre Costa e Nuno Santos sobre a escolha do novo aeroporto, mas não foi suficiente para que Costa – com o qual o Nuno Santos tinha, com toda a certeza, decidido a opção Montijo/Alcochete- demitir o seu ministro.

A oportunidade surgiu agora numa golpada do mestre António Costa: a escolha de uma Secretária de Estado por Fernando Medina foi o pretexto para Costa forçar a demissão de Nuno Santos. O delfim Medina tinha, assim, afastado o seu principal opositor a uma sucessão do atual Secretário Geral do PS.

Mas estamos em crer que foi um golpe mal calculado.

Dentro do PS poucos acreditam em Medina, o perdedor da Câmara de Lisboa. Fora do ministério, Pedro Nuno Santos terá, a partir de agora, mais tempo para se dedicar ao aparelho partidário e conquistar a liderança. E o golpe de Costa tornar-se-á, então, num boomerang.

O ACONTECIMENTO DO ANO

O acontecimento do ano de 2022 foi, sem dúvida, a invasão da Ucrânia. Não porque tivesse trazido a guerra na Europa pelo primeira vez, desde 1945. Ao contrário do que propagandeiam os meios de comunicação ocidental, subordinados aos objetivos da NATO/EUA, antes da guerra na Ucrânia, a NATO levou a cabo, na antiga Juguslávia, uma guerra não menos destrutiva e injusta do que a guerra da Ucrânia. Mas a destruição e o sofrimento do povo ucraniano são agora ainda mais inaceitáveis.

Como resultado deste sofrimento, nasceu uma nova Guerra Fria, e uma Europa liderada por dirigentes estúpidos, acaba de lançar o Rússia para vos braços da China. Os dirigentes americanos são absolutamente ignorantes em geografia e empurraram a Europa para uma nova Guerra Fria onde ambos só poderão ficar derrotados. China e Rússia somam cerca de 26 milhões de km2 de superfície e, juntos, têm cerca de 1.550 milhões de habitantes. A Classe média da China ronda os 450 milhões de pessoas, uma vez e meia toda a população dos EUA e a totalidade da população da União Europeia.  O crescimento da procura interna da China e da Rússia, com a elevação de centenas de milhões de pobres à classe média, bastará para sustentar uma guerra económica que o eixo USA/EU só poderá perder. E nenhuma vitória poderão esperar USA e EU se se lançarem na catastrófica loucura de uma guerra nuclear.

Isto é: com esta guerra, os lideranças americana e europeia apenas impulsionam a supremacia sino-russa.

A FIGURA DO ANO

A figura de 2022 não é Zelensky, ao contrário do afirma a propaganda americana que quer elevar um seu mandarete à condição de herói. A história mostrará que não o é.

A figura do ano é, sem margem para dúvidas, Luís Inácio Lula da Silva. Vítima de uma conspiração orquestrada por Obama e Biden, que querem ver a América latina como um quintal dos USA, vítima de uma processo vergonhoso conduzido por dois traidores à Pátria brasileira comandados pela inteligência americana, Moro e Dellagnol, Lula venceu o processo e, apesar da idade, laçou-se numa campanha notável à presidência do Brasil, que venceu também, contra uma máquina difamatória e malvada comandada por Bolsonaro .

Com a vitória de Lula, o Brasil recuperou o respeito do mundo e  a esperança do Brasil. Com ele o Brasil poderá ser, como foi vaticinado por Stefan Zweig, o país do futuro.

Henrique Dória.

 

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