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Alô, Pedro! Fala, Satanás! III | Xico Simonini

Foto de Museums Victoria na Unsplash

Lespa, Sobrinho! Satanás descobriu nosso grampo! Chiii!!! Quando batermos as botas e em lá chegando, para o acerto final, Ele vai deitar e rolar. Nossa Iniciação será no capricho! Com certeza, Sobrinho Meu! Tamos ferrados e mal pagos, Sobrinho! Cá, de minha parte, Sobrinho Meu, tenho certeza absoluta de que não temos a menor chance de, quando a hora chegar, batermos nas portas do Pedro. Temo, Sobrinho Meu de que Esta Tia Zanza e Este Sobrinho irão, a mil, direto e reto, sem quaisquer possibilidades de ‘Habeas Corpus’, pros afagos do Decaído. Nem com o STF e tudo vão quebrar nosso galho. Mas, vamos em frente! Nunca rejeitamos uma empreitada, um expediente ou um embate… Assim, Sobrinho, novo grampo no telefonema de São Pedro/Satanás… Pra frente, sempre! Desta vez, a perspicácia Desta Tia, Sobrinho, vai dar o tombo naqueles dois. Ouça… Eles vão iniciar aquele manjado papo Celestial/Infernal. Ouvido em pé, Sobrinho Meu!

 

Satanás: “Alô! Alô! Pedro! Veremos se aquela tal da Tia Zanza nos deixa em paz, sem grampos, grampadas e grampeadas. Como é que passou d’ontem pra hoje, Pedro?”

 

Pedro: “Tirando o que não presta, tudo às mil sacrossantas maravilhas, Satanás. E por aí, pelas Infernais Bandas Suas? O Amigão  ficou de expor aquela questão da superpopulação… “

 

Satanás: “Nem falo, Pedroca! O negócio encapetou de vez… O Inferno, cada vez mais abarrotado, sem vagas, um entra-e-entra avassalador, congestionamento do piru… Você nem acredita, Homem da Chave! Tem morrido ordinário à zóia! E tô sentindo que muito canalha tá pra desencarnar brevemente. Minhas premonições jamais falharam. Brevemente, Pedroca, além das almas pé-de-chinelo, aqui aportarão as almas de ladrões, corruptos, milicianos, golpistas, assassinos, traficantes, estupradores, dizimadores et cetera e tais e quais. Sabe, né, Pedro?”

 

Pedro: “O jeito, Satanás, é providenciar a construção de novas instalações. Ampliação dos domínios, mais alojamentos, novo refeitório, mais caldeiras e fornalhas… E não esquecer de mais acessórios, utensílios, petrechos e aparatos.”

 

Satanás: “Sei não, Pedro… Este seu Amigo tá, deverasmente, agoniado, apreensivo e atormentado. Verbas desviadas, sumiço de recursos de entidades assistenciais, desvio de merenda escolar, contas em paraísos fiscais, compra de apartamentos na bufunfa, cheque introduzido na rachadinha da Micheque, dinheiro enfiado no rabo de Senador, fortunas amealhadas sem declaração da origem. Sei não, Pedro… Tá danado! Até as ditas cujas rachadinhas pererecais e as ditas cujas pregas bundais, impiedosamente, estupradas, violentadas e defloradas, tadinha delas…

 

E a intrusa não se conteve: Entusiasmada, Tia Zanza, invadindo o papo Celestial/Infernal, sugere ao Cramunhão contratar a Odebrecht, uma competente construtora… Porém, sem propinas e provas, mas com convicção e sem as parcialidades da República de Curitiba… Ah! E sem as famigeradas, criminosas, forjadas e compradas delações premiadas…

 

E o apavorado Sobrinho: – Tia, Tia Minha! Olha só a camisa de onze varas em que Esta Tia nos meteu! Sua perspicácia ‘faiô’ feio, Tia! Vamos ser dedurados na República de Curitiba! Tiiia! E o pior, Tia, com provas e com convicção, Tia!

 

In – Defini (Ções) Tivas Desta Tia Zanza e Deste Sobrinho. Silva, Francisco Simonini (Xico Simonini), Viçosa-MG. Muzungu Comunicação, 2020. 260 páginas. Texto 269, página 161, atualizado e ampliado.

 

fotografia de Xico Simonini

Francisco Simonini da Silva (Xico Simonini)  nasceu em Viçosa, MG, no dia 18 de novembro de 1941. Em sua cidade natal, em Belo Horizonte (MG), Florestal (MG), Pará de Minas (MG), Divinópolis (MG), Piracicaba (SP), Assis (SP), Primeiro de Maio (PR), Juiz de Fora (MG), Cataguases (MG), Ponte Nova (MG) e, recentemente em Santo Antônio de Pádua (RJ) construiu sua trajetória de professor e administrador do sistema educacional, além de marcante atuação na imprensa e na militância político-partidária. Aposentou-se como professor-adjunto na Universidade Federal de Viçosa (UFV), onde exercia suas funções no Departamento de Educação, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Vem atuando, há mais de cinquenta anos, no sistema educacional público e privado (da educação infantil à pós-graduação), no ensino, pesquisa, extensão e administração. Por iniciativa individual ou coletiva participou da fundação de uma dezena e meia de escolas e cursos em todos os níveis. Sua trajetória é marcada por vigorosa atuação política, partidária e sindical e em campos diversos, como músico, desportista, comentarista esportivo, escritor, poeta, chargista e responsável pela publicação do semanário viçosense “Muzungu”.

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