Sociedade

Também à distância | Xico Simonini

É violência daqui pra lá! É violência de lá pra cá! E bota violência pra tudo quanto é pra lá e em tudo quanto é pra cá! Lugar… Espaço… Região… Sítio… Terra… O bicho já pegou! O bicho tá pegando! O bicho vai pegar!

 

Ódio? Zanga? Fúria? No coração, maldade? Na alma, ruindade? Violência Urbana ou Rural… Violência no Lar ou na Rua…

 

Sequestro… Assalto… Latrocínio… Tráfico… Chacina…

Agressões…

 

Disputa do ponto. Bandido corre de tiro. Guerra no tráfico. Polícia mata bandido. Bandido mata polícia. Criança na criminalidade. Dos desentendimentos no trânsito, aos fuzuês entre vizinhos, às explosões dos caixas eletrônicos.

 

Violência de fio a pavio, dentre outros tais e quais crimes, infrações e delitos praticados contra crianças, adolescentes, adultos, velhos.

 

Violência fora de controle. Norte a Sul, Leste a Oeste. Do Monte Caburai ao Arroio Chuí, da Serra de Contamana à Ponta de Seixas.

 

Caos… Bagunça… Lambança…

 

Seriam duas, apenas duas as soluções! Duas saídas… Duas poções… Embasadas na Vontade Política e esta, também, embasada no “Um por todos, todos por um”, como bradariam os quatro que eram três, Os Mosqueteiros.

 

E a primeira delas? Do visionário Darcy Ribeiro, prevendo, há algumas décadas: “Se o governo não investir na construção de escolas, em 20 anos, faltarão verbas para erguer presídios”. Pois então, seria investir pesado, verbas em profusão, recursos sólidos para Ela… Para Ela… A Educação Qualificada e Conscientizadora… Conduzida por um Corpo Docente Consciente, Instruído e Competente… Escudada por Atualizadas Bibliotecas e Avançadas Tecnologias… Ministrada em Instalações Dignas e Nobres… Assistência Médica, Odontológica e Psiquiátrica… E, claro, lógico e evidente, em Tempo Integral…

 

E a segunda delas? Com a palavra o visionário Utópico de Oliveira e Silva: “Revogar… Dirimir… Renegar a programação da televisão, tanto faz, como tanto fez, abertas ou fechadas. Televisão, Escola geradora de todos os crimes possíveis e imagináveis, impossíveis e inimagináveis.” De bom alvitre, repeti-los aqui e embaixo:

 

Sequestro…    Assalto…    Latrocínio…    Tráfico…    Chacina…

Agressões…

 

Disputa do ponto. Bandido corre de tiro. Guerra no tráfico. Polícia mata bandido. Bandido mata polícia. Criança na criminalidade. Dos desentendimentos no trânsito, aos fuzuês entre vizinhos, às explosões dos caixas eletrônicos.

 

Violência no último grau, fantasiada e adornada por acessórios, broches, joias e balangandãs, desfilando na passarela das novelas e dos filmes de suspense, ação, drama, romance, animação, comédia ou terror… Ah! E na passarela? Também desfilam os Ratinhos, Ratos e Ratões, entre outros tais e quais, a violência ensinando!

 

E segue esta escrevedura, redigida através de fúnebres Compassos Gerais, até então, como acima e, daqui pra frente, conclusivamente, em fúnebres e desafinadas Notas Específicas. Novelas ou Filmes ou Programas. Gêneros? Pouco importa, se importa… Títulos e Falas? Exemplificando:

 

“Assassinato da Namorada Grávida.” “Máfia Chinesa.” “Corrida Mortal.” “Brutal Assassinato.” “Sanguinária Corrida.” “Marido assassina esposa e filha.” “Assassino é assassinado na prisão.” “Rival amaldiçoa a gravidez da rival e reza para ela perder o filho maldito.” “Filho traindo o pai.” “Explosões e Estouros.” Verdadeiro ensino à distância, cursos completos e perfumados por novelas tais e quais a “Flor do Caribe”, engalanada pela “Finas Estampas.”

 

Então? Saracoteando na passarela de filmes, novelas e programas, é violência daqui pra lá! É violência de lá pra cá! E que Darcy Ribeiro e Utópico de Oliveira se recolham às suas insignificâncias. Nem o velho Morfeu ousou tanto e quanto em seus sonhos, fantasias e devaneios… A realidade da violência aí estava, aí está e aí estará!

 

Fotografia de Xico Simonini

Francisco Simonini da Silva (Xico Simonini)  nasceu em Viçosa, MG, no dia 18 de novembro de 1941. Em sua cidade natal, em Belo Horizonte (MG), Florestal (MG), Pará de Minas (MG), Divinópolis (MG), Piracicaba (SP), Assis (SP), Primeiro de Maio (PR), Juiz de Fora (MG), Cataguases (MG), Ponte Nova (MG) e, recentemente em Santo Antônio de Pádua (RJ) construiu sua trajetória de professor e administrador do sistema educacional, além de marcante atuação na imprensa e na militância político-partidária. Aposentou-se como professor-adjunto na Universidade Federal de Viçosa (UFV), onde exercia suas funções no Departamento de Educação, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Vem atuando, há mais de cinquenta anos, no sistema educacional público e privado (da educação infantil à pós-graduação), no ensino, pesquisa, extensão e administração. Por iniciativa individual ou coletiva participou da fundação de uma dezena e meia de escolas e cursos em todos os níveis. Sua trajetória é marcada por vigorosa atuação política, partidária e sindical e em campos diversos, como músico, desportista, comentarista esportivo, escritor, poeta, chargista e responsável pela publicação do semanário viçosense “Muzungu”.

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