Sociedade

Por que o Homem precisa de guerra para se afirmar? | Vítor Burity da Silva

Tese

O ensaio defende que a guerra é uma forma de afirmação do homem perante si mesmo e os outros, porque expressa a sua identidade, cultura e vontade.

 

Antítese

O ensaio reconhece que a guerra também implica problemas e contradições, pois nega e destrói a identidade humana, causa sofrimento e morte e traz consequências negativas para os povos e para o mundo.

 

Síntese

O ensaio conclui que o homem não precisa da guerra para se afirmar, mas sim de outras formas mais humanas e mais humanizadoras de se relacionar consigo mesmo, com os outros e com o mundo.

 

Introdução:

 

A guerra é um fenómeno histórico que acompanha a humanidade desde os seus primórdios. Muitas vezes, a guerra é vista como uma forma de resolver conflitos entre nações, grupos ou indivíduos que têm interesses divergentes ou opostos. Mas será a guerra apenas uma questão de disputa por recursos, territórios ou ideologias? Ou há algo mais profundo por trás da necessidade humana de fazer guerra? Neste ensaio, tentaremos responder a esta questão analisando a guerra como forma de afirmação do homem perante si mesmo e perante os outros, bem como os problemas e contradições que esta visão implica.

 

Desenvolvimento:

 

Uma resposta possível à pergunta sobre a necessidade humana da guerra é que a guerra é uma forma de afirmação do homem perante si mesmo e perante os outros. A guerra seria, assim, expressão da identidade, da cultura e da vontade humana, que procura impor-se às diferenças e às adversidades. A guerra seria também uma forma de testar os limites e as capacidades humanas, tanto físicas como morais, intelectuais e espirituais.

 

Neste sentido, a guerra pode ser entendida como um desafio que o homem lança a si mesmo e ao mundo, procurando superar os seus medos, as suas ansiedades e as suas fraquezas. A guerra pode ser vista como uma busca de sentido e reconhecimento, tanto individual como coletivo. A guerra pode ser considerada como uma manifestação da criatividade e da liberdade humanas, que se expressam através da violência e da destruição.

 

No entanto, esta visão da guerra como forma de afirmação do homem traz consigo também uma série de problemas e contradições. A guerra, ao mesmo tempo que cria e revela a identidade humana, também a nega e destrói. A guerra, ao mesmo tempo que desafia e supera os limites humanos, também os impõe e reduz. A guerra, ao mesmo tempo que procura sentido e reconhecimento, gera também sofrimento e morte.

 

A história da humanidade está repleta de exemplos de guerras que tiveram consequências devastadoras para os povos envolvidos e para o mundo como um todo. Guerras que provocaram massacres, genocídios, violações dos direitos humanos, crises humanitárias, instabilidades políticas e económicas, conflitos étnicos e religiosos, entre outros males. Guerras que deixaram marcas profundas na memória e na cultura de nações e gerações.

 

Um exemplo recente é a Guerra do Iraque, iniciada em 2003 pelos Estados Unidos e seus aliados contra o regime de Saddam Hussein. Esta guerra foi justificada pelos seus promotores como forma de combater o terrorismo, promover a democracia e proteger os interesses nacionais e globais. No entanto, esta guerra foi também criticada por muitos como uma forma de agressão imperialista, violação da soberania iraquiana e manipulação de informação sobre armas de destruição maciça.

 

A Guerra do Iraque teve consequências dramáticas para o povo iraquiano e para a região do Médio Oriente. Estima-se que mais de 200.000 pessoas tenham morrido como resultado do conflito, entre civis e combatentes. Milhões de pessoas foram deslocadas internamente ou refugiadas noutros países. A infraestrutura do país foi severamente danificada. A violência sectária entre sunitas e xiitas aumentou. Grupos extremistas como o Estado Islâmico emergiram e reforçaram-se no vazio de poder deixado pela queda do regime de Sadam Hussein.

 

A Guerra do Iraque também teve impactos negativos sobre os Estados Unidos e seus aliados. Milhares de soldados americanos perderam a vida ou ficaram feridos ou traumatizados pela guerra. Foram gastos milhares de milhões de dólares na operação militar e na reconstrução do país. A credibilidade internacional dos Estados Unidos foi abalada pela falta de provas sobre armas de destruição maciça e por alegações de tortura e abusos contra prisioneiros iraquianos. A opinião pública mundial estava dividida entre aqueles que apoiavam e condenavam a intervenção americana.

 

Conclusão:

 

Perante este cenário, podemos perguntar-nos: valeu a pena iniciar esta guerra? Quem ganhou e quem perdeu com isso? Que lições podemos retirar dela? Estas são perguntas difíceis de responder, uma vez que envolvem diferentes pontos de vista e interesses. Mas talvez possamos concordar que esta guerra não foi nem uma forma eficaz nem legítima de afirmar o homem face aos seus problemas e desafios.

 

A guerra pode até ser uma forma natural ou inevitável de comportamento humano em certas circunstâncias históricas ou sociais. Mas isso não significa que seja uma forma desejável ou necessária para a convivência humana num mundo cada vez mais interdependente e diverso. A guerra pode mesmo ser uma forma de expressão da identidade humana na sua complexidade e contradição. Mas isso não significa que seja uma forma superior ou exclusiva de manifestação da criatividade e liberdade humanas.

 

Existem outras formas possíveis e preferíveis de afirmação do homem perante si mesmo e perante os outros. Formas que não se baseiam na violência e na dominação, mas no diálogo e na cooperação. Formas que não se baseiam na negação ou eliminação das diferenças, mas no respeito e valorização da diversidade. Formas que não são guiadas pelo medo ou pelo ódio, mas pela confiança e pelo amor.

 

Estas formas são mais difíceis e exigentes do que a guerra, pois exigem mais paciência, tolerância, compreensão e solidariedade. Mas também são mais gratificantes e promissoras do que a guerra, pois oferecem mais esperança, paz, justiça e felicidade.

 

Portanto, podemos concluir que o homem não precisa da guerra para se afirmar. Ele precisa de outras formas mais humanas e mais humanizadoras de se relacionar consigo mesmo, com os outros e com o mundo.

 

Referências de fontes 

 

 

 

Utilizei estes sites para obter informações gerais sobre o tema da guerra e sobre o caso específico da Guerra do Iraque. Eu não copiei nenhum trecho desses sites, mas apenas me inspirei neles para escrever o meu ensaio com as minhas próprias palavras. Espero que essas fontes sejam úteis para si.

 

Fotografia de Vítor Burity da Silva

 

Vítor Burity da Silva, natural do Huambo, Angola, a 28 de Dezembro de 1961. Professor Honorário; Doutor Honorário em Literatura; Ph.D em Filosofia das Ciências.



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