Déco de decorações.
Venho prometendo inserir textos sobre pintores e escolas do mundo da arte para ressaltar o Impressionismo, o Barroco, o Romantismo, Dadaísmo, Surrealismo, Expressionismo, etc.
Eis portanto o início, o primeiro texto da temática com o Art Déco que surge, além do genuíno movimento, para amenizar as dores da I Guerra Mundial onde a estética acompanha a indústria na “reconstrução” da humanidade.
No caos surge um paralelo criativo e necessário onde o homem se reinventa nos anos 20, 30 com uma tecnologia gritando suas aspirações…e inspirações.
As decorações de cinemas, as esculturas e os grandes edifícios anunciam novos tempos. Novos tempos que clamam por esperança e renovações e essa é a essência, seus ciclos falando por suas épocas com seus pincéis mágicos.
Uma tendência unindo as belas artes com as artes decorativas.
Como Hobsbawm alertou, nem todas as tradições são verdadeiras e algumas aberrações pedem rupturas e no mundo da arte as mudanças acompanham quadros que nossa visão agradece.
Percebem como a temática é para todos?
Além da beleza de seus quadros, as escolas unem processos civilizatórios, ideologias, ciclos, avanços, retrocessos…
Imaginem a esperança de ver a Grande Guerra encerrar sua carnificina como insinua o “Amanhã é Eterno”, filme com Orson Welles (1946), produzido um ano depois do final da II Guerra Mundial.
Nesse emaranhado de tragédias, o Art Déco dispara sua magia colorida com suas expressões dignas de críticas culturais.
Relevante destacar, a dialética está aberta a quem se interessar. As belas pinturas e sua arquitetura insistem no novo, seus mestres querem nossos olhos críticos.
Sim, curtindo a beleza, mas com olhos profundos em busca de descobertas camufladas.
Perceber suas mensagens como “O Grito” desesperador de Edvard Munch.
Assim como a mitologia que desnuda conceitos obscuros unindo filosofia e psicologia.
Assim como a literatura clássica do Romantismo buscando identificações de um novo país, apesar dos pesares com 2,5 de escravos numa população de 8 milhões.
A luta é árdua. Sempre foi. É.
Os movimentos culturais estão aí e se no entre guerras a Bela Época ficou para trás cedendo lugar aos anos loucos, o Art Déco possibilitou especulações com seus gênios. Era hora de reconstruir.
Vanguardas ainda se inserem no Art Déco como o Cubismo, Futurismo, Construtivismo, mas adoro as cores fortes do Fauvismo.
Cores acentuadas, “grossas”, respaldando a ética e a esperança nos quadros, literatura, arquitetura e seus pincéis mágicos.
O jornalista Coca Trevisan nasceu em Santa Maria, RS. Atuou como repórter e redator nos jornais NH, de Novo Hamburgo; VS, de São Leopoldo e Jornal Alto da XV, de Curitiba. Como profissional freelancer assinou matérias em diversos periódicos. Participou de workshops e atuou em debates sobre a Indústria Cultural dos anos 1980/90. Mais recentemente, concluiu pela PUC-RJ o Curso de Extensão Origens do Existencialismo. Mantém e abastece o blog Violências Culturais. Atualmente mora em Florianópolis, SC.