*Convulsão*
Quando
vagueio
pelas ruas
minha face
toma outros
contornos.
Minha voz
atravessada
funde-se a
outras vozes
Minhas
mãos débeis
juntar-se-ão a outras
mãos.
Dezenas, centenas e milhares
de mãos surradas
pela escravidão
do trabalho.
Aquele cinturão
abraçando a
Guerra Popular
aos sábados
de verão.
Quando
meto-me
no formigueiro
de gente
Sinto
que iremos
convulsionar.
Estamos
prenhes
queremos
parir.
*Fé*
Lançamo-nos
ao mar
da miséria
içamos
nossas esperanças
e
fé.
Os olhos
postos no vazio
fizemos
preces.
Invocamos
aos mortos,
aguardamos
e
fé.
Pernoitamos
suplicando
milagres.
O mar
de lágrimas
não se
compadece
e
fé.
Foi-se
tudo
e
fé
[Maputo, Moçambique,1989]
Começou a escrever desde tenra idade. De 2013 a 2017, participou e foi distinguida em alguns concursos internacionais de poesia. Tem textos publicados nas antologias “Soletras Esse Verso” (2018); “Fique em Casa” (2020); “Linguagens e suas Tecnologias, Manual do professor” (2020); E ” No Cais do Amor” (2022).
Tem contribuído para as revistas Lidilisha, Soletras, Ómnira, Contioutras, Por Dentro de África, Escamandro, Avenida Sul, Mallamargens , Folhinha Poética, Cultural Traços/ Alta Cultura, Germinaliteratura, e Incomunidade. É membro da Confraria Brasil/Portugal.