Num ritmo normal de nossas jornadas somos filhos, pais e avós.
Avohai.
Que beleza brincar com netos não é mesmo? Porém, não acho que viver sozinho sem esposa(o) ou filhos signifique caminhos infelizes, longe disso, aliás, vivemos numa sociedade onde o individualismo impera.
Num bate papo com uma amiga que sempre curtiu viver sua jornada sozinha, não confundir com solidão, chegamos a novos conceitos e nada devendo às famílias tradicionais.
Vejam só as teses pós-modernas que desfilaram e desafiaram modos de viver.
Ela, a minha amiga, convicta em suas escolhas disse que é genitora de vários filhos não humanos. Uma verdadeira mãe de seus projetos pessoais.
Interessante, muito interessante, e não demorei a concordar com ela.
Podem até dizer que trata-se de preencher a genuína maternidade mas não sigo tal dissertação. Ora, quantas vezes dizemos que nossos projetos de vida são como filhos aceitando uma semiótica humana…
E nem entrei no delicado tema das brigas familiares. Ora, o solitário não briga com seu cônjuge nem com seus filhos.
Uma bela vantagem, não é mesmo?
E quantas vezes homens casados, assim como suas mulheres, “pagam” para passar alguns dias sozinhos.
Sem ninguém para incomodar, “faça isso, limpe aquilo, leve ele, busque ela”, uma casa só para ele(a)…Que beleza…
Caminhando e cantando e seguindo a canção sem precisar ficar escutando sertanejos com visitas estranhas.
Ah, e sempre tem.
Como diz meu neto de seis quando visito ele e não gosta de algo que faço e grita para sua mãe (que por sinal é minha filha), “cada um que aparece”.
É, o sexo frágil é mais forte do que imaginamos, Erasmo Carlos já havia garantido…
Assim elas vivem suas maternidades diferenciadas, cada qual com suas peculiaridades, relíquias e preferências.
Cada uma com suas forças misteriosas e belas. Enquanto isso, nós, homens fortes, na primeira gripezinha gritamos como se a morte fosse certa.
Ah, sou um desses aí…tá loko…
E enquanto Petrúquio acha que domou a megera Catarina ela vai para a cama concordando com o suposto machão ironizando “Ah, o poder, quanta ilusão”…
O jornalista Coca Trevisan nasceu em Santa Maria, RS. Atuou como repórter e redator nos jornais NH, de Novo Hamburgo; VS, de São Leopoldo e Jornal Alto da XV, de Curitiba. Como profissional freelancer assinou matérias em diversos periódicos. Participou de workshops e atuou em debates sobre a Indústria Cultural dos anos 1980/90. Mais recentemente, concluiu pela PUC-RJ o Curso de Extensão Origens do Existencialismo. Mantém e abastece o blog Violências Culturais. Atualmente mora em Florianópolis, SC.