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EDITORIAL: BRASIL LIVRE | Henrique Dória

“Sabemos que passamos da morte para a vida porque amamos os nossos irmãos. Aquele que não ama habita a morte.” 1ª Epístola de São João, III, 14.

“Mas quem quer que possua bens deste mundo e deixe que seu irmão tenha necessidades e não tenha compaixão dele, como pode viver no amor de Deus”. 1ª Epístola de São João, III, 17.

Do muito mal que fizeram ao Brasil o governo de Bolsonaro e o bolsonarismo, o pior foi, sem dúvida, o instalar o ódio nos corações de tantos brasileiros, porque uma pátria minada pelo ódio é uma pátria a prazo condenada à morte. E o ódio bolsonarista é o pior dos ódios porque cinicamente instigado sob a invocação de  corresponder à vontade de Deus.

Não é sem uma razão profunda que as seitas neopentecostais, as autoproclamadas igrejas da prosperidade, principais sustentáculos de Bolsonaro e do bolsonarismo, realizam a sua pregação quase exclusivamente com base no Antigo Testamento: o Deus do Antigo Testamento é, essencialmente, o Deus dos exércitos, o Deus do ódio, como muito bem observava José Saramago. O livro de Josué é exemplar quanto a isso sobre o que deveria ser feito após uma vitória de Israel:

“E tudo quanto havia na cidade destruíram totalmente ao fio da espada, desde o homem até à mulher, desde o menino até ao velho, e até ao boi e gado miúdo, e ao jumento.” Josué 6:21

O Deus do Novo Testamento, porém, é o Deus do amor, o Deus que ordena aos homens não o anátema mas o amor ao próximo como a si mesmo, para quem o amor é a vida e o ódio a morte.

Estas eleições presidenciais do Brasil representaram o difícil triunfo da vida. E só a vida é capaz de criar, capaz de construir.

Sobre o Brasil foi dito ser o país do futuro e da esperança. Mas, como nunca, o futuro tem de ser hoje e a esperança não um vago sentimento mas uma construção.

No Brasil, têm morrido às mãos dos senhores do poder e do dinheiro demasiados operários em construção. É, agora, imperioso que esses operários vivam e construam, mas usando sempre a arte da prudência.

A vitória de Lula não deve ser encarada como a vitória da esperança  mas como uma vitória da construção da esperança. Uma construção que deverá ser levada a cabo sob o signo da prudência, porque serão cometidos erros, serão cometidas traições, serão colocadas pelos semeadores do ódio e da ganância, isto é, da morte, muitas armadilhas nessa construção, e só com muita prudência poderá crescer a construção da esperança.

HENRIQUE DÓRIA

 

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