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A arte da guerra hoje | Vítor Burity da Silva

O ensaio trata da aplicação dos ensinamentos de A Arte da Guerra de Sun Tzu até aos dias atuais. O livro é um manual de estratégia militar que pode ser usado em várias áreas da vida. O ensaio mostra como os princípios do trabalho podem nos ajudar a enfrentar os conflitos e os desafios da vida moderna, dando alguns exemplos de como usar inteligência, estratégia e liderança para alcançar nossos objetivos e superar nossos obstáculos.

 

O livro A Arte da Guerra foi escrito pelo general e pensador chinês Sun Tzu há cerca de 2500 anos. Embora seja um guia para a estratégia militar, o livro ultrapassou o âmbito da guerra e tornou-se uma referência para vários campos da vida, como negócios, política, esportes e até relacionamentos. O livro tem 13 capítulos que tratam de diferentes aspetos da guerra, como planejamento, posicionamento, ataque, defesa, liderança, adaptação e inteligência.

 

Mas qual é a relação da arte da guerra com os dias de hoje? Os ensinamentos de Sun Tzu ainda são válidos e aplicáveis hoje? A resposta é sim. Apesar de vivermos num mundo muito diferente do antigo império chinês, ainda lidamos com conflitos e desafios que exigem sabedoria e estratégia para serem superados. A arte da guerra oferece-nos princípios universais que nos podem ajudar a enfrentar as mais diversas situações, desde uma negociação comercial a uma crise pessoal.

 

Aqui estão alguns exemplos de como a arte da guerra pode ser útil hoje:

 

  • No capítulo 1, Sun Tzu diz que “a guerra é de vital importância para o Estado; é o domínio da vida ou da morte, o caminho para a sobrevivência ou a perda do Império.” Ele também diz que “antes de começar a guerra, deve-se avaliar em termos de cinco fatores: caminho (moral), clima (tempo), terreno (geografia), liderança (qualidade) e disciplina (organização)”. Estas ideias mostram-nos que devemos levar a sério qualquer conflito que possa afetar a nossa vida ou o nosso futuro, e que devemos analisar cuidadosamente as circunstâncias antes de agir. Por exemplo, se estamos prestes a iniciar um projeto ou uma empresa, devemos considerar nossa motivação, nossos recursos, nosso ambiente, nossa equipe e nosso plano.

 

  • No capítulo 3, Sun Tzu diz que “a melhor política na guerra é tomar intacto o estado do inimigo; arruiná-lo é uma política inferior.” Ele também diz que “o objetivo supremo da guerra é subjugar o inimigo sem lutar”. Estas frases ensinam-nos que devemos procurar soluções pacíficas e inteligentes para os nossos problemas, evitando confrontos diretos e desnecessários. Por exemplo, se temos um concorrente no mercado ou um adversário na política, devemos tentar conquistar a sua confiança e a sua cooperação, em vez de provocar a sua hostilidade e a sua resistência.

 

  • No capítulo 6, Sun Tzu explica que “aquele que conhece o inimigo e a si mesmo lutará uma centena de batalhas sem perigo de derrota; aquele que não conhece o inimigo, mas se conhece, terá algumas vitórias e algumas derrotas; aquele que não conhece nem o inimigo nem a si mesmo será derrotado em todas as batalhas.” Esta é uma das lições mais famosas da arte da guerra, e nos mostra a importância do autoconhecimento e da informação. Por exemplo, se queremos atingir um objetivo ou superar um obstáculo, temos de saber quais são os nossos pontos fortes e fracos, bem como os do nosso adversário ou situação.

 

  • No capítulo 8, Sun Tzu fala sobre os diferentes tipos de terreno e como se adaptar a eles. Ele classifica os terrenos em nove situações: dispersiva (quando as tropas estão separadas), fácil (quando há facilidade de avanço), disputada (quando há vantagem para ambos os lados), aberta (quando não há obstáculos), crucial (quando há pontos estratégicos), difícil (quando há dificuldade de avanço), cercada (quando há perigo iminente), mortal (quando não há saída) e distante (quando há grande distância entre exércitos). Esta classificação ajuda-nos a reconhecer as oportunidades e os riscos de cada situação e a agir em conformidade. Por exemplo, se estivermos num terreno disperso, temos de reunir as nossas forças; se estamos em terreno fácil, temos de avançar rapidamente; se estamos em terreno disputado, temos de manter a nossa posição; se estamos em terreno aberto, temos de explorar as nossas vantagens; se estamos em terreno crucial, devemos ocupá-lo perante o inimigo; se estamos em terreno difícil, temos de evitar o confronto; se estamos em terreno vedado, temos de lutar com determinação; se estamos em terreno mortal, devemos lutar com coragem; Se estamos num terreno distante, temos de conservar as nossas forças.

 

  • No capítulo 10, Sun Tzu trata das diferentes formas de ataque e defesa. Ele diz que “há cinco formas de ataque pelo fogo: queimando os soldados inimigos, queimando seus suprimentos, queimando seus equipamentos, queimando seus armazéns e queimando suas linhas de comunicação”. Diz ainda que “o fogo é um elemento instável e perigoso; deve ser usado com cuidado e moderação.” Estas ideias mostram-nos que temos de utilizar os nossos recursos de forma criativa e eficaz para atacar os pontos fracos do inimigo, mas também que temos de ser cautelosos e estar no controlo para não nos prejudicarmos com as nossas próprias ações. Por exemplo, se quisermos desestabilizar ou enfraquecer o nosso adversário, podemos usar meios como propaganda, sabotagem, espionagem ou subversão.

 

  • No capítulo 13, Sun Tzu fala sobre o uso de espiões e agentes secretos. Ele diz que “existem cinco tipos de espiões: espiões locais (nativos do lugar), espiões internos (funcionários do inimigo), espiões convertidos (espiões do inimigo que passam para o nosso lado), espiões mortos (espiões que transmitem informações falsas ao inimigo) e espiões vivos (espiões que voltam com informações verdadeiras)”. Ele também diz que “o uso de espiões é essencial para a arte da guerra; é o princípio da vitória.” Essas frases nos ensinam que devemos procurar obter informações confiáveis e relevantes sobre o inimigo, bem como esconder ou distorcer nossas próprias informações. Por exemplo, se quisermos saber os planos ou intenções do nosso adversário, podemos usar fontes como as redes sociais, os meios de comunicação social, informantes ou infiltrados.

Como podemos ver, a arte da guerra é uma obra rica e atual, que pode inspirar-nos e guiar-nos em várias situações da vida moderna. Sun Tzu nos mostra que a guerra não é apenas uma questão de força bruta, mas sim de inteligência, estratégia e liderança. Ensina-nos a conhecermo-nos a nós próprios e ao nosso inimigo, a avaliar as circunstâncias e as oportunidades, a adaptarmo-nos às mudanças e aos desafios, a utilizar os nossos recursos de forma criativa e eficaz, a procurar soluções pacíficas e inteligentes e a agir com prudência e controlo. Seguindo esses princípios, podemos aumentar nossas chances de sucesso em qualquer campo de batalha.

 

Em conclusão, A arte da guerra é um livro que transcende o tempo e o espaço, e que pode oferecer-nos lições valiosas para enfrentar os conflitos e desafios da vida moderna. Sun Tzu nos ensina a arte de vencer sem lutar, ou seja, a arte de usar inteligência, estratégia e liderança para alcançar nossos objetivos e superar nossos obstáculos. Ler e aplicar os princípios da arte da guerra pode nos ajudar a desenvolver nossas habilidades e competências, melhorar nossos relacionamentos e negociações, resolver nossos problemas e crises e alcançar nossa paz e felicidade. 

 

Algumas referências 

 

 

 

 

https://books.google.com/books/about/A_arte_da_guerra.html?id=DxOdDwAAQBAJ

 

Fotografia de Vítor Burity da Silva

Vítor Burity da Silva, natural do Huambo, Angola, a 28 de Dezembro de 1961. Professor Honorário; Doutor Honorário em Literatura; Ph.D em Filosofia das Ciências.

 

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