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Verdade d’ontem… verdade d’hoje? | Xico Simonini

Conta a tradição, aceita pela maioria dos Cristãos, que a Bíblia foi escrita por quarenta autores. Entre 1500 e 450 a.C., os livros do Antigo Testamento. Entre 45 e 90 d.C., os livros do Novo Testamento. Nada mais, nada menos do que uns 1.600 anos. Volumes? 63. Do Antigo 46, do Novo 27. O primeiro? Gênesis, o último? Apocalipse. Mais lido… Relido… Tri lido… Xis lido… Três mil idiomas ganharam versão… Quatro bilhões de exemplares vendidos mundo afora, mundo adentro… Campeão de vendas há 50 anos… Dizem as línguas de fé, fiança e fidúcia serem as Escrituras Sagradas redigidas, escritas e lavradas sob Inspiração Divina.

 

Puxa vida! Puxa morte! Eis a morte! Eis a vida! 

 

Redenção… Salvação… Remição…

 

“Para todo o sempre, assim como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos, dos séculos! Amém!?!? Aleluia!?!?”

 

Conservadorismo? Tradicionalismo? Reacionarismo?

 

Para todo o sempre… Era no princípio… Agora e sempre… 

 

Por todos os séculos… Dos séculos… História Estática… Estático Mundo… Tudo dantes, como antes, deve tudo ficar, no bordel das ovelhas mansas, sejam elas, Jezebel, Raquel, Isabel e outras tantas! Até a Flordel-lis…

 

Relembrar, entretanto que as ditas cujas, e cujas ditas Escrituras nasceram sob Inspiração Divina e como tais e quais, Celestiais… Divinas… Sagradas… Questão de fé e fé não se discute. Com a palavra, Hebreus 11.1: “Ora a fé é a certeza das coisas que se esperam e a convicção de fatos que não se vêem.”

 

Mas, o Mas! Sempre ele, o Mas, complicando, dificultando,

confundindo!

 

Inda que Terreno… Humano… Vulgar… Uma questão de descrença e descrença se discute sim! Uma questão de ceticismo e ceticismo se  discute sim!

 

Descrença e ceticismo, brotando de línguas ferinas, movimentadas por ferino ateísmo, jogando impropérios no ventilador… E bota  impropérios nisto e haja ventilador…

 

Significativa parte da Bíblia nasceu na Idade do Bronze. Como tal e qual, duvidosa, ultrapassada e falsa escrevedura. Os autores? Pastores ignorantes, broncos e rústicos, distantes de quaisquer conhecimentos científicos e tecnológicos.

 

Mas… Olha aí o Mas traveis!

 

Mas… Aqueles impropérios são contestados por aquelas línguas outras, opostas às ferinas línguas. Sim! As línguas de fé, fiança e fidúcia repetem sua posição. Línguas que dizem serem aquelas Escrituras a essência do Espiritual. Então, a função da Bíblia é aquela de aproximar o homem de Deus. Não a de oferecer avanços científicos ou tecnológicos…

 

Verdade d’hoje… Verdade d’ontem?

 

Ou Certeza d’ontem… Incerteza d’hoje… Falibilidade d’hoje…

Infalibilidade d’ontem… Incontestável sinuca de bico!

 

Em sendo assim e assim sendo…

 

Sem mais delongas, sem Herodes, sem cobrador de impostos, sem arrogância de dantes, eis que surge o agora anistiado Tomé, o homem das dúvidas, o Incrédulo. E Tomé, que só acredita vendo, dá    seu pitaco ao ser assim inquirido:

 

Tomé, os Simples Mortais acreditam “no nascer (da Bíblia) sob Inspiração Divina”. O que o Tomé, Tomaz para os amigos, tem a dizer  sobre esta enigmática questão?

 

Curto e grosso, a resposta do dito cujo Tomé:

 

Galera querida, da minha terra querida, os Simples Mortais acreditam, isto sim, é no Visível, no Real e no Comprovado. Ah! E, democraticamente, sem direito a bate-bocas, bate-línguas e bate- beiços!

 

Fotografia de Xico Simonini

 

Francisco Simonini da Silva (Xico Simonini)  nasceu em Viçosa, MG, no dia 18 de novembro de 1941. Em sua cidade natal, em Belo Horizonte (MG), Florestal (MG), Pará de Minas (MG), Divinópolis (MG), Piracicaba (SP), Assis (SP), Primeiro de Maio (PR), Juiz de Fora (MG), Cataguases (MG), Ponte Nova (MG) e, recentemente em Santo Antônio de Pádua (RJ) construiu sua trajetória de professor e administrador do sistema educacional, além de marcante atuação na imprensa e na militância político-partidária. Aposentou-se como professor-adjunto na Universidade Federal de Viçosa (UFV), onde exercia suas funções no Departamento de Educação, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Vem atuando, há mais de cinquenta anos, no sistema educacional público e privado (da educação infantil à pós-graduação), no ensino, pesquisa, extensão e administração. Por iniciativa individual ou coletiva participou da fundação de uma dezena e meia de escolas e cursos em todos os níveis. Sua trajetória é marcada por vigorosa atuação política, partidária e sindical e em campos diversos, como músico, desportista, comentarista esportivo, escritor, poeta, chargista e responsável pela publicação do semanário viçosense “Muzungu”.

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