Reminiscência | Clovis Abreu Vieira
AO MESTRE COM CARINHO.
A escolha do tema “Reminiscência” foi utilizado para retratar a trajetória de vida de uma mulher guerreira e compromissada com as suas múltiplas atribuições, tanto na vida familiar, como no trato da educação escolar das crianças, como professora de uma escola singular na localidade de Cachoeirinha, em Muqui, Espírito Santo.
Foi numa construção simples, denominada escolinha, que Dona Maria usava seus conhecimentos práticos para o desenvolvimento de crianças nos primeiros anos de ensino, arrebatadas na localidade dos filhos de trabalhadores rurais, como também, da própria cidade que a acompanhavam em seu caminhar diário pela via férrea até à escola.
Lá ela se comprometia em um mesmo espaço dotado de carteiras e quadro negro, com giz, a educação escolar das crianças a partir dos sete anos de idade, no então chamado ensino primário, até à terceira série. Todos juntos, em um só espaço, ela se esmerava em manter os princípios e valores fundamentais do respeito e da boa convivência.
Os desafios eram muitos em sala de aula ao reunir alunos de três diferentes séries, com idades e formações diferenciadas, mas ela assumia a responsabilidade de mesclar os conteúdos de forma harmoniosa e distinta para prepará-los para o exercício da cidadania e orientá-los para o mercado de trabalho.
São muitos os relatos de alunos que passaram por esta convivência escolar e que se tornaram médicos, engenheiros e outras atividades profissionais relevantes, que fizeram a questão de afirmar o seu reconhecimento e gratidão pela experiência educacional que tiveram com a professora Dona Maria. Sempre haverá um dia em que haveremos de reconhecer que um pouco da inteligência e conhecimento de causa foram plantados ao longo do processo educacional.
Cabe, de passagem, lembrar de suas noções de civismo, ao incentivar o canto do Hino Nacional, da Bandeira e do Estado do Espírito Santo, como também, do relato dos heróis de nossa pátria ligados a fatos importantes da História do Brasil. Originalmente vinda de Minas Gerais, ela transbordava de emoção ao citar os heróis da independência e seus feitos, que foram decisivos para o posterior Grito do Ipiranga.
O seu forte sentimento religioso não deixava escapar os valores fundamentais do respeito a Deus pelos alunos na vida cotidiana, incentivando-os a buscarem participar das cerimônias religiosas e aprofundarem os seus conhecimentos nessa área. Sob o ponto de vista que aqui nos ocupa, ela buscava um tempo adicional de prepará-los para a sua primeira comunhão se essa fosse a vontade dos pais e alunos.
Nas paradas cívicas comemorativas ao Dia da Cidade de Muqui, os alunos da Escola da Cachoeirinha se faziam presentes, desfilando garbosamente exibindo os produtos da região, propiciando um intercâmbio dos participantes do grupo escolar com os das escolas singulares, mostrando assim uma perfeita complementaridade dos serviços educacionais no município.
O seu movimento diário em direção à escola se dava como ponto de referência a sua residência, no bairro do Entre Morros, com os alunos esperando para a caminhada de aproximadamente uns cinco quilômetros pelo leito da estrada de ferro Leopoldina, e agregando outros alunos durante o percurso. Como prova da boa convivência essa atividade era compartilhada pelo seu cão Duque, que se misturava aos alunos e permanecia em sala de aula, descansando até o final das atividades. Ora, dificilmente haverá um aspecto tão singular nesta trajetória de vida.
Resumidamente, podemos concluir que os relatos contidos nas “Reminiscências”, além de outros determinantes básicos, apresentam um aspecto importante e fundamental de um trabalho desenvolvido para aprimorar o raciocínio e as atividades de expressão dos alunos, implementado em uma escola primária tão minúscula em sua dimensão física, mas tão grandiosa em termos de responsabilidade de prestar um serviço essencial de inclusão social da população desse nosso grandioso Brasil.
Clovis Abreu Vieira
FORMAÇÃO ACADÊMICA
Bacharel em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo;
Curso Intensivo de Treinamento em Problemas de Desenvolvimento Econômico, CEPAL/ONU;
Mestre pela Fundação Getúlio Vargas/RJ.
EXPECIÊNCIA PROFISSIONAL
Professor Adjunto do Departamento de Economia da UFES;
Economista da Secretaria de Estado da Indústria e Comércio, responsável pela primeira Pesquisa de Consumo de Produtos Industrializados do Espírito Santo;
Diretor Presidente da Fundação Ceciliano Abel de Almeida (UFES);
Ex-Secretário Executivo do Grupo Executivo para Recuperação Econômica do Estado do Espírito Santo – GERES, órgão vinculado ao Ministério da Integração Nacional;
Sócio de Vieira & Rosenberg Consultores Associados, empresa especializada em consultoria macroeconômica, estratégia de novos negócios e projetos de viabilidade econômico-financeira.
OUTRAS ATIVIDADES
Diretor-Presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF – ES);
Vice-Presidente Executivo do IBEF/Nacional, tendo participado como delegado brasileiro nos Congressos Internacionais de Jakarta e Bali (Indonésia), Interlaken (Suíça), Vancouver (Canadá) e Rio de Janeiro (Brasil);
Co-fundador e Membro da Diretoria da Câmara de Comércio Americana do Espírito Santo.
Fundador e Responsável pelo Grupo Permanente de Acompanhamento Empresarial do Espírito Santo (GPAEES), em funcionamento há 25 anos no estado, atendendo importantes segmentos do meio empresarial capixaba na elaboração e atualização dos cenários macroeconômicos do Brasil e do Mundo, do cenário político, e das opções de investimentos e financiamentos para as empresas capixabas integrantes do PIB estadual.
DESTAQUE ATUAL
Membro fundador da Rede Expertise – movimento de Profissionais Seniores (2019)