Existe?
Será?
Ora, niilismo geralmente trata de conceitos melancólicos, nefastos. E sempre que o termo surge, o nome de Nietzsche surge naturalmente. Seu negativismo vem à tona, o caminho do nada…mas…
Lendo um artigo sobre Deleuze, o autor posiciona rupturas de uma forma que me surpreendeu. Para mim, Deleuze estava inserido em outras temáticas, mas Peter Pál Pelbert me levou a rever idéias do filósofo que pelo menos, para mim, passaram…
Alguns conceitos reciclaram algumas opiniões e me levaram a rever questões das rupturas pós-modernas.
Se o deleite debate a pós-modernidade e sua complexidade ainda está em cima da mesa, então falemos do hoje, porém, sem deslocamentos dramáticos.
Pelbart foge do niilismo pós-moderno tradicional e daqueles que descrevem momentos “em um misto de melancolia e volúpia, o niilismo contemporâneo”.
Confesso, geralmente demonizo o pós-moderno com suas “quebras”, suas consequências, falando mal disso ou daquilo.
Rupturas, mudanças e deslocamentos com visões subterrâneas mas que agora são vistas com esperanças numa nova compreensão.
Sem medo da velocidade tecnológica e amiga da rotina dos Jetsons (desenho animado que muito curti na minha infância nos anos 60, 70).
É, fico alerta para não entrar no mundo deprê filosófico, muito menos nos oportunistas autores de auto-ajuda.
Essa mania estranha deles da “tragédia” me incomoda muito.
E quando a pós-modernidade entra na discussão, salve-se quem puder. Prefiro andar com fé pois “com fé não costuma falhar” e não podemos esquecer que motivações sem ações de nada vai adiantar assim como agir como um santo descrente. Ao ler o texto de Pelbert, as cores de Gauguin iluminaram novos conceitos e mesmo o menosprezo de outras ideologias..
Deleuze destaca como o debate sobre a pós-modernidade saiu de cena afirmando que “chama a atenção a ausência quase absoluta de qualquer menção sobre a pós-modernidade” nos últimos meses.
Taí o que me refiro.
Tá lá um corpo estendido no chão se levantando contra a mesmice. Não estou menosprezando teses de um Lyotard, longe disso, porém vejo com alegria a constatação de Deleuze.
Lembram quando falar de globalização era moda? Globalização aqui, ali e acolá. Cada um com seus pitacos. Pois é, parece que “acabou” o processo…
Nesse sentido, vibro com Deleuze.
E seu niilismo feliz.
Sim, um niilismo feliz com revisões nas tais rupturas malfadadas da atual sociedade. Revendo verdades afinal se alguém encontrou a verdade verdadeira, gostaria de saber onde elas estão. Pois já não disseram que quando estamos próximos da verdade devemos considerar que podemos estar errados?
Ah, esses filósofos…mas como diz meu neto de 6 anos aí está “a graça do mundo”.
Sempre há possibilidades do novo para você, eu ou qualquer um atravessar o Mar Vermelho. O apocalipse está de olho propondo renovações.
Mas como fica o individualismo pós-moderno? O doutor em Letras, Louis Dumont em sua perspectiva antropológica da ideologia moderna diz que o progresso do individualismo vem através da emancipação política e do nascimento do Estado no século XIII.
Não escrevi errado, é isso mesmo, século XIII. vejam que rupturas não são exclusividades pós-modernas.
Como diz o outro, há rupturas e há rupturas, algumas sombrias, outras positivas.
Sim, com negativas promissoras, vejam só.
Sim, existe um vazio “positivo”, Heidegger já mostrou tais possibilidades…como um niilismo feliz…
O jornalista Coca Trevisan nasceu em Santa Maria, RS. Atuou como repórter e redator nos jornais NH, de Novo Hamburgo; VS, de São Leopoldo e Jornal Alto da XV, de Curitiba. Como profissional freelancer assinou matérias em diversos periódicos. Participou de workshops e atuou em debates sobre a Indústria Cultural dos anos 1980/90. Mais recentemente, concluiu pela PUC-RJ o Curso de Extensão Origens do Existencialismo. Mantém e abastece o blog Violências Culturais. Atualmente mora em Florianópolis, SC.