Poesia & Conto

Poemas | Malú Urriola

Seleção e tradução por Gladys Mendía de Cadáver Exquisito (Editorial Cuarto Propio 2017, 2022)

 

Un poeta le recitó en la oreja a la noche que la palabra vacío era él.
Enunció la primera persona yo en vez de las palabras mar, peces, vuelo…cielo… otro, vacío, aikú, larismo, barroco, y una mar de cosas que existen donde nada existe aún.
Lo que se ha amado regresa y lo que se ha dejado de amar se recuerda como un perro se lame la cicatriz aunque pasen los años.
Rememoras como un tetrapléjico cada una de las noches que has amado.
Como animal recuerdas el sabor, el perfume con que fuiste saciado y luego recuerdas a la muerte lamer tu boca con sus ajados labios.
¿Qué diablos se sabe exactamente de la vida?
Tan poco. Pero se la ama.
Las mariposas son el recuerdo de la belleza.
vita brevis… arte longis…

 

Um poeta recitou em seu ouvido que a palavra vazio era ele.

Enunciou a primeira pessoa, eu, em vez das palavras mar, peixes, voo… céu… outro, vazio, haikú, larismo, barroco, e um mar de coisas que existem onde nada ainda existe.

O que foi amado retorna e o que deixou de ser amado é lembrado, como um cachorro lambe a cicatriz mesmo com o passar dos anos.

Recordas como um tetraplégico cada uma das noites que amaste.

Como animal, recordas o sabor, o perfume com que foste saciado e depois recordas a morte lambendo tua boca com seus lábios gastos.

O que diabos se sabe exatamente sobre a vida?

Tão pouco. Mas se a ama.

As borboletas são a lembrança da beleza.

 

vita brevis… arte longis…

Para vivir hay que tener huesos
que no teman hacerse polvo.

 

 

Para viver, é preciso ter ossos

que não temam se transformar em pó.

 

EL POETA ES UN VIDENTE
ROMÁNTICOS DE SIEMPRE


EL POETA ES UN ARTÍFICE DE LA PALABRA
PARNASIANOS UNIDOS


EL MUNDO ES UN MISTERIO & LA POESÍA ES MÚSICA
SIMBOLISTAS VANGUARDISTAS


ILUSIÓN DE PROGRESO & SEPARACIÓN DE LA
SOCIEDAD BURGUESA A TRAVÉS DEL ARTE
MODERNISTAS CONSCIENTES


EL POETA BUSCA VERDADES MÁS QUE BELLEZAS
GENERACIÓN DEL 98


EL POETA ES UN VIDENTE ENCEGUECIDO POR
SUS VISIONES
URRIOLA sola

O POETA É UM VIDENTE

ROMÂNTICOS DE SEMPRE

O POETA É UM ARTÍFICE DA PALAVRA

PARNASIANOS UNIDOS

O MUNDO É UM MISTÉRIO & A POESIA É MÚSICA

SIMBOLISTAS VANGUARDISTAS

ILUSÃO DE PROGRESSO & SEPARAÇÃO DA

SOCIEDADE BURGUESA ATRAVÉS DA ARTE

MODERNISTAS CONSCIENTES

O POETA BUSCA VERDADES MAIS DO QUE BELEZAS

GERAÇÃO DE 98

O POETA É UM VIDENTE CEGADO POR

SUAS VISÕES

URRIOLA sozinha

 

No tuve más que un cuerpo que apostarle a la vida.
Y lo voy a perder de todos modos.

 

Não tive mais do que um corpo para apostar na vida.

E de qualquer maneira, vou perdê-lo.

Un poema no es ni más pequeño ni más grande
que un planeta.
Un planeta que aparece y desaparece
como aparecen y desaparecen las cosas que viajan
rumbo al vacío.
Si usted piensa que es más que polvo,
es solo cuestión de tiempo.

 

 

Um poema não é nem menor nem maior

do que um planeta.

Um planeta que aparece e desaparece

assim como as coisas que viajam

em direção ao vazio.

Se você acredita que é mais do que pó,

é apenas uma questão de tempo.

Cuando se escribe se sabe que se está de viaje, que no será mucho el tiempo que se permanecerá en ningún lado con las mismas gentes.
Cuando se escribe se sabe que la vida será a solas tantas veces como lo quiera el camino.
Cuando se escribe se sabe que un día, se dejará de escribir.
Entonces las palabras tendrán el significado del polen.

 

 

Quando se escreve, sabe-se que se está em viagem, que não se permanecerá 

muito tempo em nenhum lugar com as mesmas pessoas.

Quando se escreve, sabe-se que a vida será solitária tantas vezes quanto 

o caminho quiser.

Quando se escreve, sabe-se que um dia, se deixará de escrever.

Então as palavras terão o significado do pólen.

Como cuando secan los ríos y la tristeza escurre y resquebraja, las piedras que se quedan tan lejos unas de otras.

Sigo escribiendo cosas que se pondrán amarillas, abro los ojos y la vida prosigue bárbara, medieval, bella y momentánea.

Allí donde las aguas cantaban, talan las sierras cortando lo que no ha de volver a crecer. ¿Y la sed? ¿Qué haremos con la sed?

 

 

Como quando os rios secam e a tristeza escorre e racha as pedras que ficam tão distantes umas das outras.

Continuo escrevendo coisas que ficarão amarelas, abro os olhos e a vida continua bárbara, medieval, bela e passageira.

Lá onde as águas cantavam, as serras cortam o que não voltará a crescer. E a sede? O que faremos com a sede?

Ya no volveré, pero no decaigas los párpados como la cortina de una 

ferretería de barrio.

 

No tengo más que un silencio de nieve.

 

Ya no espero por nada que no sea yo.

Yo es una manera de decir que fui -alguna vez- mi jaula y mi cielo.

 

 

Não voltarei mais, mas não deixes os cílios caírem como a cortina de uma 

ferragem do bairro.

 

Não tenho mais do que um silêncio de neve.

 

Já não espero por nada que não seja eu.

Eu é uma maneira de dizer que fui -alguma vez- minha própria gaiola e meu próprio céu.

Malú Urriola (Santiago, Chile, 1967-2023). Publicou: Piedras rodantes (1988); Dame tu sucio amor (1994); Hija de perra (1998, reeditado em 2009 na Venezuela e em 2010 na Argentina); Nada (2003); Bracea (2007); La luz que me ciega, em coautoria com a fotógrafa Paz Errázuriz (2010); Las estrellas de Chile para ti (Antologia, 2015).

Recebeu distinções por sua poesia, como o Prêmio Pablo Neruda, concedido pela Fundação Pablo Neruda, por sua trajetória poética, em 2006. Bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation, Creative Arts Poetry 2009.

Qual é a sua reação?

Gostei
0
Adorei
1
Sem certezas
0

Também pode gostar

Os comentários estão fechados.