DANÇAR a METASSOMATOSE
O SALTO é um recomeço paradoxal da epiderme dilatada pelo tempo crónico que se infiltra num lugar impreciso. O SALTO é uma superfície do excesso, do inacabado e do avesso que contagia cruelmente o espaço. O SALTO é uma velocidade lenta que recebe a estranheza metamórfica do mundo: forças em reverberação espalhadas pelo corpo.
DANÇAR a METASSOMATOSE
Um corpo da DANÇARINA ressumbra na procedência da fractura esbulhada pela reperfusão das suas vértebras: um corpo encontra as purgações dos esconjuros com os baques das temperaturas dos estercos aracnídeos: experimentar os gérmenes fossilíferos dos armistícios com as invocações dos suicidas ao cimo de velocíssimas vernações escamosas: um GESTO cinzela-se na desfloração cabalista, estiliza as reminiscências do esquecimento entre esponjeiras catárticas e a estética dos rascunhos dos glosadores que activam as multi-espécies da inocência com o desovamento das cravagens (acepilhar os saberes das revoltas com os ábacos à volta das calefacções dos cinematógafos com talhaduras inconscientes à volta dos metacinemas da língua: uma DANÇARINA assoma as cistotomias envolvidas pelos vitrais dos desvarios e pelas glandes dos acasos onde as incubações do imprevisível assimilam os espelhamentos perineais, suprapúbicos ao alto dos GESTOS: os socalcos histológicos hibernam-se nas descodificações das arqueiras de uma língua com electródios glaciares de outra língua em povoamento zoológico: as vibrações das garatujas obsessivas geram farejadoras angulosas de geofones rés aos ergástulos dos hussardos: mondadeiras das insolações espiam as chispas baroclínicas dos estivadores de planisférios): uma DANÇARINA absorve o eco sísmico das bigornas com excrescências edáficas: há uma liquefacção dos diques geotectónicos por detrás dos bestiários: há vazaduras de dutos subtérreos sem qualquer rosto dos supliciados: os GESTOS aduzem as mortalhas das blasfémias, dissecam as orgias dos crustáceos e os sensores escarificam as suas veias até ao imageamento hidráulico: nos contrabaixos das centrais térmicas as bissectrizes das ventilações dilatam os infravermelhos ao redor dos fervedouros das fendas onde os insectos se detonam já-desembainhados pelo madeirame: uma DANÇARINA dentro de uma vidraceira de teias-labaredas bate nos retorcimentos do espaço onde os transpolins dos dicionários bombeiam febres sobre os anonimatos dos seixos: um corpo escora-se com os archotes das triagens de golfadas marginais que fazem do suadouro das putas uma arrematação de celibatários: despontam espantos do risco da AGLOSSIA interseccionada por latências de ritmos extremos ao redor da hipertensão abrasiva do animal: uma DANÇARINA levanta os septos ventriculares por meio da cordoagem extrusiva das cabalas: um corpo pleno de cadafalsos rebenta clorofilado por uma correnteza semiótica alucinadamente ritmada: há um pórtico cicioso nos sedimentos pollockianos, há trilhadores de entulhos de pontos de vista que crivam a luz das pinças das hesitações para misturar as navalhas torácicas com as plainas das alomorfias: há um estremecimento de enfermidades a penetrarem os tendões dos afogados com os escafandros das hebefrenias: uma DANÇARINA carrega as embolias do incógnito dentro de todas as angulações cristalinas e sobe pelas turbulências arteriais repleta de febres: um corpo assimila os exoesqueletos das palavras debaixo da obscuridade libertadora de palatos energéticos, ludibriando a consciência panóptica com o tempo ardente do espírito que se abre permanentemente às limalhas dos GESTOS: cruzar signos dissemelhantes com genealogias dos moluscos e alglomerar esfoladuras adulterinas entre refracções compositivas que vazam violentamente os limites por meio do radical inominável das sensações: um corpo escava os estomas forqueadores do espaço, ultrapassa as biópsias do encéfalo das fronteiras árticas, perscruta o ressoar de boscagens árticas desarticuladas pelas perflorações zoológicas: há uma problematização das veias espectrais entrançadas nas calosidades crónicas das topologias: uma DANÇARINA vasculha os vigamentos epiteliais, torna-se uma cegueira multivariante que revigora as anamorfoses acósmicas: há mutações de milhares de almas instintivas onde a metamorfose corvídea e a complexidão autofágica não têm repouso por cima das inscrições agramaticais: há movimentos permanentes nos diamantes das escarpas, há impulsos sanguinosos ininterruptos que ensejam os testemunhos da estranheza, as pungências do anónimo e a intuição fotorreceptora do corpo para lá das alusões psicológicas: uma DANÇARINA perfura os espôndilos dos extremos anárquicos com os fervedouros das falanges, escavando as gravaduras necrosadas até à flexibilidade cortical da visão: há micromovimentos infinitos da flagelação óssea, há xadrezes aformais com múltiplas energias por dentro dos oblívios orbiculares dos GESTOS que destroem a estruturação dos saltadores de faróis através de novas fuselagens onomatúrgicas: um corpo-corpo-a-corpo nas bordas desbastadas dos vários faquires futuríveis transmutados pelas alçapremas dos beluários onde as superfícies da exorbitância multangular arrasa desígnios com a afirmação dos oóforos do trágico e da absurdidade: há uma DANÇARINA debaixo de hemorragias eólicas e os respiros heliotrópicos fazem da revisitação das criptas placentárias, um abocamento de travessias mutantes entre os escombros dos mapas dos desaguadouros e uma vertigem de ínfimos teares: um animal subleva-se por dentro dos filamentos das traqueias imunológicas e as escarificações assimilam os batuques das raias góticas para salitrarem as velocidades plásticas das rebentações onde uma agudeza epidérmica acende a bricolagem as aberrâncias-esquivas das crisalidações: uma DANÇARINA torna as refegas das clepsidras em mênstruos mandibulares que demolem os chocalhos protectores dos pavões cíclicos: as enciclopédias sanguíneas ventilam os fórceps prestidigitadores e a animalidade esfalfa as teciduras das pedrarias à volta de candelabros onomatopaicos onde os enxames GÉSTICOS sexualizam os espelhos vertebrais com os epicentros das guelras das antropofagias: as artérias das tarântulas escalam as granulações das ogivas rasteiras com as raízes dos lampadários microcefálicos: os esgrimistas do flagício electrizam-se com os quartzos acústicos dos mamíferos: uma DANÇARINA assimila as traqueias do escafandrista de alfabetos sulforosos e com as refinarias dos GESTOS genitais, fosforesce os chocalheiros das gradações catatónicas: as leveduras dos acumuladores de lâmpadas abrem as fendas das masturbações que dissecam uma geometria de aguilhões esfíngicos: há ainda patíbulos da mineralização que absorve compulsivamente os bacilos totémicos por meio de termiteiras e de opalescências labirínticas: uma DANÇARINA com virilhas de mergulhadoras de turgescências ostráceas estimula a virgulação angulosa dos mangues egiptologistas: as rapinadoras hiemais se deflagram ao redor de válvulas hermafroditas de um trompetista grávido de cartomantes criptogâmicas: dizem: varejaduras de rosáceas das panspermias: os deuses detalham-se nos maracatus dos desvirgamentos ainda com os calombos dos creófagos): uma mulher experimenta-se com os sismógrafos sanguíneos na duração violenta da aprendizagem onde uma cabeça parabólica para além do exercício concreto e da física linear povoa duas linhas infinitas que entram pelo picadeiro do sexo, envolvendo a bifurcação contorcionista e as mordeduras da língua entre aceleradores cataplécticos: uma onça sopra-se com as tecedeiras artesianas e com um manípulo de coexistências vidrometálicas: há uma passagem metamórfica de uma úlcera de lingotes exotérmicos, há uma vulva a absorver o trágico das oleaginosas concêntridas que desaparecem desmedidamente e ressurgem como uma paridura inconsciente e lávica ao cimo das agulharias expiatórias: uma mulher começa a gerar os untos dos utensílios corvídeos com os bebedouros do arco virtual que arremessam os GESTOS para as argúcias do verbo infinitivo: uma onça disseca ressonâncias das complacências dos excursionistas vulvares e ruboriza-se com a abertura do movimento da eternidade enzimática entre insanas entalpias: o tempo original da boca penetra nos suspensórios sanguissedentos de outra boca, provocando a ressurgência de signos vesânicos nas coxas das falcoeiras: uma DANÇARINA improvisa as cumeeiras dos anteparos dos armistícios com as crineiras das iluminuras dos últimos ardis: as especiarias consagram a dementação dos GESTOS com as distâncias pélvicas por dentro de um respiradouro de trapézios mucosos: há uma lavadura da emasculação, há averbamentos cubóides a oxidarem os cascalhos dos bois onde as profecias se vaporizam alucinadas com as irrupções espermatizadas pelas fossilizações das redes espontâneas: um encontro dos quadris está sempre por vir entre alimpaduras endoscópicas e fibrilas respiratórias: um animal atinge os gestos queimosos de quem tenta religar as tramas da mucosa às pubescências da maconha: uma língua inviscera-se acentrada na tremenda estacaria e sem criar imagens, impulsiona uma rasgadura terrífica nos assacadores de vulvas medúsicas: há uma revivescência histérica que desnorteia qualquer carraça do sensório-motor: há uma força subcortical, dúctil, vibrátil que impulsiona as esporas das cataduras do caos e exige ventosas de linhas de tempo nos retraimentos do animal: os dedos nas hastilhas da boca tangenciam a lucidez com contrapontos de uma perfumaria de castanholas à volta das peçonhas das mitografias: uma mulher ajoelha-se e provoca simultaneamente genuflexões noutro corpo pleno de ressonâncias intervalares: dobras entalhadas pelas falhas jugulares das dobras: os dedos sibilíticos por dentro da língua glandulífera forrada a vermelhos-crivos e uma artéria da glaciação de Macbeth tenta adivinhar os signos ampliadores do animal rés à matéria reminiscente de uma bóia de corvos turbilhonantes: há um insectidídio na língua já crivada na difusão agrícola onde o magnésio das encadeações das pisaduras acumula desvairadamente microorganismos que encarniçaram as maxilas dos invasores de alumínios parqueados nas modulagens das floras vaginais: o movimento dianteiro da visão torna-se numa faculdade de prolepses involuntárias com traços indeterminados e as pálpebras inchadas da mulher batem no meio hierático da expressão como um tateamento do indizível dentro dos extremos das audições insonoras: há pontos luminosos a singularizarem as mestrias dos vácuos na vulva sintáctica ameaçada por um golpe de distâncias vertebrais: é uma mónada de feixes gongóricos que abandona os leicenços do rosto para esponjar a desumanização absorvente do impensado e o corpo da DANÇARINA desfaz a pessoalidade em si por meio da matéria caótica e catalítica dentro de línguas intraduzíveis: marchetarias de deuses sobre os dedos criptografados pelas menstruações poliédricas: um GESTO envolve-se dilatado nos esquissos dos acasos ao cimo dos mangues catabáticos cheios de escavações volúveis e de alguidares luteínicos: um GESTO fricciona-se com cortes nodulares por debaixo de mutações esfíngicas onde minúsculas estátuas despontam como minerais de um relâmpago de ondas termohalinas: uma DANÇARINA transborda e atinge as colgaduras dionisíacas do absoluto, faz das redes garimpeiras espalhada nos enervamentos das polifonias a sua flagelação hexagonal: dizem: trilhas pleurais vacuolizadas por herbolárias: uma DANÇARINA dissolve-se nas hiperestesias do GESTO para acontecer no tremendo ritmo copulador de febres indecifráveis que arremessam as agulharias do cérebro para um bebedouro de vespas saltadoras de enfermidades onde o fallus cadavérico e as posturas mais sangrentas à volta dos masmorreiros regeneram os jorros imprevisíveis do tempo, assimilando o estranhamento das vidraças por dentro das mondadoras de utensílios uretrais: há profanações crípticas a reverberarem das zonas alfandegárias: um GESTO com os baques de bruniduras de artérias reveza-se sem qualquer ideia imagética porque os seus retornos tomográficos aumentam os avessos de outro GESTO e a errância gera e levanta um osso com linhas abstractas até às apoptoses da improvisação: um GESTO descabeça do dédalo do fundo do tempo e vaza as demências escamígeras: há uma ferraria dilatada, distendida pelos pincéis respingados de Pollock: uma seringação de plasmócitos incorpora o espirito anabólico das possíveis crimoterapias do espaço rés ao sugamento atrófico das cabeças eternais: um GESTO envolve-se no instrumento das expiações da ciência fora dos apêndices das recompensas deíficas, há ainda alguns animais portuários com glóbulos nas embocaduras a penetrarem nas luxações dos macaréus para soldarem as leveduras dos enforcados nos fôlegos cuspidos por hematomas dos eclipses: há uma tremenda síncope na sazonação dos ventres da DANÇARINA): há uma sagra insana sem reflexão, há um risco superior do vitral mucoso em recomeço quase interminável, uma vinda em desaparição sísmica dentro do tempo aiônico. Inesgotável pélvis gravada no aleitamento carnívoro da boca: avassaladora obcecação dentro da língua randômica, oh GESTO inusitado no instante de uma forja de obscuridades entre os vasos de compêndios intercessores de pericárpios que emaranham as expressões zodiacais próximas à variação acidental do animal: um corpo da DANÇARINA desvia-se dos cutelos das analogias, moleculariza-se nos pespontos das línguas espiadoras de larvas indecifráveis, e uma FALA logogrífica passa a língua nas cisternas dos excídios do contemporâneo que se envolve nas epifanias polinervadas de um passado metalúrgico ressurgente: a chupada na duração carnal do GESTO não está à mercê, é coexistente e conflitiva, há uma sensação de deslizamentos de um futuro imediato nas escapeladas de um passado actual: um animal enviesa-se, flutua, há uma esponjeira de cataplasmas ao cimo das vertigens mineradoras que transpõem o que já atravessou: uma cernelha rangífera do absoluto bate nos contrates dos anervismos das genitálias: um GESTO labiríntico com um hífen levantado pela prática de um mosaico de capturas de coalescências, dissemina almas dilatáveis e intermitentes pelos vértices dos sangramentos dos bichos: um GESTO numa chávena órfica avoca arquitecturas eruptivas: um decurso vibratório da língua ao lado dos cães no cais de embarque: há uma topologia de misturas de vísceras do assombro, há uma acrescência de bagas verbais, de acasos hemorrágicos, de quedas inexploráveis, de abalos babélicos… por meio dos pólipos fosfóricos em evaporação por cima do animal que esculpe a insânia do espírito nas reassunções hidrosféricas da matéria: um GESTO da DANÇARINA sofre incisuras com durações fiandeiras e cristalinas, desdobra-se a cada sucção acronológica, a cada infiltração tumefacta, a cada virgulação de lascas acrisoladas: os GESTOS tornam-se crónicos, simultâneos, pneumáticos e uma mulher sem antes nem depois entranha-se nas tonalidades sígnicas que emaranham sombras de pré-catástrofes com as turgescências umbilicais dos corvos: os GESTOS envolvem-se na indecisão de uma sonoridade pura onde os anemoscópios com dedaleiras quase putrificadas condensam os apanhadores de varais catárticos: um GESTO salpica as arpoeiras dos madeirames com os rebentamentos geológicos já entranhados nas medulas foliares: há uma veação geodésica nos furúnculos das curandeiras, há uma glândula a exorcismar qualquer tentativa de punição perante o espelhamento de coágulos em fervura longitudinal: um GESTO petrifica os fulcros das secularizações com as cãibras envolvidas por salivas dos bordéis: a dose por vezes é mediévica: um GESTO exsolve todas as forqueaduras com os pancrestos vulvares: há um plano de misturações falsas que prolongam uma abertura distendidamente tensa entre os espasmos das visivas com respiradouros quase absolutos: ou será uma bandariha de memórias quase puras a bater nas curvaturas das vidraças ontogénicas? Uma DANÇARINA repercute no GESTO com a devastação do tempo, diluindo os seus orgãos ao redor de chagas de paradoxos em cauterização, contudo, ainda há tecidos vigorosos em gravitação numa rosa de triagens confessionais, há reminiscências de chocalhos crónicos na orfandade vertebral, há geleias nas amputações membranares, há um chamamento nos ganchos das enxovias congenitais: uma DANÇARINA vai contra as goelas dos GESTOS dentro de uma ignição ininterrupta e as suas pernas crepitam e transmutam todos os sentidos das brânquias, não há um dínamo de causa-efeito, porque no GESTO as traqueias das cronografias deglutem-se a si-mesmas, há uma devastação fúngica que transvaza qualquer narrativa das cristaleiras, há uma tremenda flutuação de tramas, de mostruários, de sudações, de emaranhados de meteorólitos onde as peçonhas das vacâncias dos esternos fazem suplantar, prensar todo um presente que já existiu nas sobrecâmeras dos atoleiros das hordas: um GESTO esculpe o avigoramento do fóssil-vivo contemporâneo que já pervagou com zoeiras dentro das radiografias de um crime: a carraspana clavicular torna-se anguiliforme e com moluscos paralisados rés aos estômagos dos escrúpulos: as temperaturas dos GESTOS geram esquírolas geométricas por meio de placentas eólicas e as centopeias que advêm infitram-se nos detalhes dos ornitólogos, a Turangalîla-Symphonie de Olivier Messiaen sempre por perto das drosófilas eléctricas: o GESTO é uma barbatana de coexistências serpeadas, é uma movência de arquipélagos fundentes que acontecem dentro do tempo das ofídias histéricas: uma DANÇARINA inocula os tarsos da duração verbal que nunca extrapola e nunca transpõe ou será um tremendo instante hospitalar à volta das estuações torácias da imprevisibilidade? A hibernação dos assombros do presente recomeça ininterruptamente e um GESTO se tornou numa cabeça instantânea carregda de hematófagos que fazem uma mulher penetrar em oscilações indefinidamente vertiginosas e por vezes fatais; resta-lhe a alma pós-sinapsial, uma bolha enervada dos escombros, um esfolamento de calamidades placentárias: dizem: animalejos adubados por interstícios incendiários, ossaturas a resvalarem nas episiotomias das lenhadoras com esganações onomatopaicas: um GESTO esponja a laceração perineal, torna-se um fórceps à volta do ferimento fetal, quase atinge a hipoxia rés ao náufrago das relojoeiras, ausculta desabaladamente as arritmias dos libertinos que nunca morrem. Uma DANÇARINA despolariza a catástrofe e renasce sem forças epidurais, percorrendo-se, os seus dedos levam a duração púbica para fora das isografias: as escalas de Apgar magnetizam a visão inconsciente até ao prolapso anal, os asteriscos se propagam loucamente no aberto infundido por anamorfoses sublunares: um GESTO crava-se nas escamaduras, sangra, torna-se um hematoma retroplacentário, absorve o flagelo dos miomas à volta de choques anafilácticos: um GESTO envolve-se nos encavos ventrais, incandesce com os batimentos hipovolêmicos, foge dos brotamentos de diâmetros das refracções ptolomaicas: pinças hemostáticas, vasoconstritoras carburam ao cimo das cumeadas ciáticas e a respiração do olho transmuta-se num manguezal onde um delalus de uma embocadura lança-se contra a enxertia do GESTO, entra pela traqueia da gestação, se constitui em si-mesmo e se faz terrífico lapso ao impregnar-se nas cornucópias do virtual sem desígnios: uma língua nas mãos enfurecidas abala, rasga os estames dos incineradores de espaços e estira-se no diafragma de uma natureza sem preceitos e com o desejo molecular-anorgânico recomeça e se desdobra por dentro dos mapeamentos múltiplos que cavilham o sangue mandibular da petrologia: uma golfada fálica sobe pelas falanges das obstetras e anatomiza os aradouros com torceduras randômicas: uma DANÇARINA e o GESTO activam a cristalografia das superfícies com tendências adriáticas e com quedas espontâneas onde as contexturas decompositivas contornam os actos gestantes de uma vida superior porque esgrimem obsidianas planetárias dentro das periferias da profligação: uma DANÇARINA advém do acaso fulminoso do GESTO, do inconsciente do infinito, das voltagens dentro do clarão epidérmico que se alonga no espírito futurível: uma mutação da hemoglobina ao redor das necrotomias, uma disseminação autopoiética da carnagem, uma vigilância insana dos povoamentos, há abates das abóbodas por meio das bátegas dos hangares: há uma matéria cardiacamente informe, há um gladíolo da animalidade com ziguezagues de bexigas a reverberarem nos balseiros medusantes da mulher, há uma garganta de turbulências iridiscentes, há escoamentos de áspides a purpurarem as nodosidades vermiculares, há uma matilha hiperbórea esculpida por mergansos insanos, há uma valva de crisalidações geotérmicas, há uma alcaçaria vulvária a assombrar alvanéus com especiarias catódicas do húmus, há uma veação inapreensível dentro dos vespeiros da língua que aceleram o hematoma das luminárias rés à geometria arquimediana: dizem: o impensável escafandrista esbulha-se no tempo vesano do sexo onde todas as cânulas das distâncias se caldeiam ao cimo dos alvéolos espélhicos das cornucópias: as urdideiras dos dedos detonam-se na boca apócrifa da língua, todos os membros se divergem, se oxidam através de concomitâncias lávicas e vaginiformes e as aberturas medulares escoram-se com as chusmas invadidas por infinitos epicentros: um GESTO pleno de actínias curva-se defronte aos bagos das agulharias que recosem o silêncio dos animais enforcados pelo estremecimento das improvisações sanguíneas: deambulam confessionários de ar nos tutanos do desassombro onde barbatanas túrgidas ventilam os fossos das GESTOS com os feixes mantélicos entre o corpo lúteo os filamentos cranianos: uma DANÇARINA com candeias de zigotos nas suas artesanias fotosféricas solda as acrobacias pélvicas aos semeadores de magnólias mesozoicas e um animal liberta-se da carbonização das possíveis escápulas por meio de estendais de cutelos que drenam outras talhadeiras com as incandescências de ínfimos arados dentro das fomes das alvenarias:um GESTO desmonta as hipotonias artríticas com as escaldaduras das expiações impregnadas nas garupas antropofágicas: a prismatização GÉSTICA é invadida pelos plasmas de uma xilogravura de malhadouros genitais onde os argaços das bastardias irrigam endentações metalizadas pelas necrópsias ástricas dos escaravelhos: uma DANÇARINA tatua o seu flagício no repercusso de uma bicicleta de mitografias onde o arrepio do GESTO se modifica até alcançar uma íngua petrolífera: dizem: escaleiras aramaicas com olfactos placentários: poro a poro uma mulher glorifica a sua ejaculação nacarada pelos bestiários atróficos: um sexo na granulagem de infranavalhas desliza dentro tensões dos pulsos animalizantes: aqui-agora: microscópicas alicantinas gravitacionais riscam superfícies com electricidades pulmonares, criam fissuras percussionistas, arrancam fendas aos cinemascópios lodacentos, absorvem os ritmos das gárgulas com frisagens até à espessura de um relâmpago que se disseca na própria existência: dizem que é uma topologia de rebocadores de resinas criadoras de extremas passagens onde o sulco das bruxarias, o sémen das hagiografias das putas, a alma dos carrascos, o ciclo cósmico dos vendavais eternizam as visivas catabásica dentro de um mastro sanguíneo que sobe pelas estepes flamencas de uma mulher_____uma mulher tenta buscar algum volume temporal aos bois bicéfalos que circundam as dádivas do GESTO, mas é capturada pelos ourives de centúrias que arremessam síncopes anti-sépticas, pariduras dos purgatórios, bocanhos dos orquidários, lanças sepulcrais sobre uma linha recta das bordaduras da duração: uma DANÇARINA quebra com os bofes dos demiurgos, arrasa com os mercadores de baptismos que a tentam controlar embuçados de auditórios uterinos, contudo, uma MULHER extrai o iodo das subducções aracnídeas e vê no vazio a divindade de uma tapeçaria de carraças; na turvação climatológica, gadanhas dos alveários aflam na direcção de um reboco imunitário: um GESTO encaroça-se para se estacar numa lâmina cerúlea e ao lado as cordas dos palíndromos amplificam-se para escutarem uma unha nos losangos cárdicos: o esgotamento não está nas reminiscências da varíola mas nas convulsões dos ferradores de omofagias: uma DANÇARINA entre os ofícios das fumistas testemunha as estrumeiras babelizantes nos limiares das embarcações aritméticas onde alguns calabouços da cura foram mutilados pela desova endogénica: expor as ciliaturas suctórias ao redor das chagas é abalar a pele abútrica do GESTO com malhas das cinetíades a ancorarem os extrossumos secretores das meretrícias: uma DANÇARINA esponja a espessura das nêsperas de si mesma ao deformar-se com o som esqueletal das atiradeiras ferroviárias e com as cegueiras das fiações ciliares flagelam uma mucosa fálica que a faz resvalar no tempo de um azorrague com ondas metacronais entre as forças intuitivas e os malhadouros respirados pelos vacúolos contrácteis da carne: uma DANÇARINA com os falópios na ladrilharia impulsiona a fissão espermática plena de hilemorfismos: um fallus de espongiomas penetra no granito do GESTO e o devoram, caem no delírio dos batedores de cálamos em baixo do sangue estocástico: criptas galgadoras imergem nas candeias incomensuráveis, esculpem microscópicos molhes-de-palavras em desabamento linfático, despedaçando os alvos da percepção com as narinas infiltradas nas recâmeras da obscuridade: a crueldade entranha-se no ecrã do septum pellucidum: as lascas ortogonais do trama nerval assimilam o verbo rugoso através de ventrículos transversais que cauterizam o abrenúncio com alimárias uivantes: no GESTO as latitudes das línguas levantam-se desdobradas e içam-se em velocidades infindas até alcançarem o cérebro levitante sobre as últimas tâmaras heliotrópicas: uma MULHER mistura os detalhes dos exorcismos matéricos onde os entalhadores de pigmentos das lavadeiras de progénies não se reconhecem porque foram aguilhoados pela alucinação da autofagia arquimediana: uma MULHER de abstracções aguacentas, de vitrais da secagem de Salamina, uma ciranda de satélites ínfimos onde os galgos desfraldam os passadores de escorpiões bífidos: uma tinturaria óssea assopradora de jactos labirínticos faz da vernação suturas de hemoglobinas insanas onde um microcosmos suicida-se e regermina-se nos batentes barrocos dos GESTOS até desenharem uma metalurgia de esteiros à volta dos geólogos hemisféricos: a boca de Tirésias no descomedido genesíaco de uma boca envolve o infinito das minerações num arquivo de chusmas que se adentram nas sombras dos cavalos-mangalarga onde uma alma cataclísmica sai sem confessionários: uma alma desabaladamente inconsciente encarnada pelas ventriloquias das putas: do sexo sai um pisco-ferreiro sobre os ervaçais com espíritos espongiários e os dédalos sem qualquer dublagem fazem surfar o sal convectivo dentro da mulher que faz das infinitas lapidações do expressivo, um torax-diafragmático ou uma cavidade de catabolismos torácicos ou um esterno multilingue ou uma força intercostal espiritualizada pelas lógicas absurdas: uma mulher se transmuta adentrada pela duração mutiladora de si mesma, um cortamento de cardumes ovulares a desfrecham até às mergulhadoras diamantistas: aqui-agora: as diástoles quase necrosadas a contrabandeiam entre os tresvarios ferroviários das antígonas e os salteadores psiquiátricos apinhados de muambeiros rebarbativos e de optometristas aforísticos: uma rosa das parteiras hipotalássicas enfuna-se nas larvoterapias e ressoa rés ao bipedismo dos percevejos dos derradeiros maestros cosmogónicos: um GESTO na babugem eléctrica dos parasitas provoca choques nas escápulas das pirexias: uma bestiaga com os chifres nas prestidigitações levanta os malhos da excrementícia através das cavilhas das colonizações, tudo é vasculhado pelas hienas descalcificadas entre manadeiras de azémolas____uma DANÇARINA com as tulhas metropolitanas nos GESTOS levanta os desfiladeiros nórdicos, as estamparias iridescentes, o trágico das acronias com as carnagens expiatórias que a varam fora dos teoremas das bem-aventuranças: uma DANÇARINA ao dobrar a crueldade tricota-se com lascas hipnagógicas atingindo a capilaridade dos escorpiões: um GESTO enovela-se com os cios dos bichos a barlavento: as fundagens das estremaduras dos oolítos fragmentam as espinhas de ar com carbonatos de cálcio e com os fosfatos dos contrafortes ainda caiados pela rebentação da assepsia das uvas que as alfarrabistas escoam com a litificação da língua ao cimo das axilas transiberianas: DANÇAR com pedras de Ançã nos tarsos e as carlingas para azeite, fermentações de lagares, despontam entre a caiação rendilhada por voltagens atmosféricas, por alargamentos térmicos, por absorções das esculturas de blasfémias: uma DANÇARINA a cobreja-se nas têmperas vesânicas das arquitraves fasciculares e um hausto hidroeléctrico sobe pela sua resiliência vertebrosa até se cinzelar infinitamente no grito arterial.
In livro ARCOBOLETA DANÇAR LUÍS SERGUILHA
Luís de Serguilha nasceu em Portugal e, nos últimos anos percorreu algumas geografias da América do Sul. É poeta, ensaísta e curador de arte ibero afro americana. Kalahari, Plantar Rosas na Barbárie, Falar é morder uma epideia, os esgrimistas do Á-peiron, Hamartía e a ACTRIZ a ACTRIZ – o palco do esquecimento e do vazio são os títulos dos seus livros mais recentes. Os seus ensaios envolvem os atractores estranhos que atravessam corpo-arte-pensamento-poesia. Radicado no Recife, criou a estética do Laharsismo, estudada em Universidades. Recebeu o prémio Hermilo Borba Filho de Literatura.
Belíssimos ritornelos entre escrita e imagens… Simplesmente a dança e/ou um turbilhão de afetos nas coreografias da alma. Ou somente um corpo-dançante em texto provocativo das intensidades afetivas arrebatadoras. Ou, quem sabe, o que sente toda a mistura da força criativa bailando e tocando o ar….Parabéns, Luís Serguilha.