Chorava
uma mulher,
eram pingos
depois
fez-se rio.
O rio
arrastou
tudo
os sonhos
a alegria.
Gota a gota
as lágrimas
fizeram-se
oceano.
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Cokwane
Há cansar nesse
corpo raquítico
caminhos do
tempo cavaram
tua face
Os olhos opacos
desenham
no horizonte
trilhos do
ontem
Debaixo da árvore
contas o
“Karingana wa Karingana”
vidas arrastadas
pelo contar
do ponteiro.
Fatigado de inúmeras
batalhas
vais polindo o chão
de lembranças
de um tempo
sem volta
Deve doer
não ter onde
se amparar
deve doer
ser só
Cokwane
Glossário
Cokwane: avó/avô na língua materna Xi Xangana ( falada na região Sul de Moçambique).
Começou a escrever desde tenra idade. De 2013 a 2017, participou e foi distinguida em alguns concursos internacionais de poesia. Tem textos publicados nas antologias “Soletras Esse Verso” (2018); “Fique em Casa” (2020); “Linguagens e suas Tecnologias, Manual do professor” (2020); E ” No Cais do Amor” (2022).
Tem contribuído para as revistas Lidilisha, Soletras, Ómnira, Contioutras, Por Dentro de África, Escamandro, Avenida Sul, Mallamargens , Folhinha Poética, Cultural Traços/ Alta Cultura, Germinaliteratura, e Incomunidade. É membro da Confraria Brasil/Portugal.