Política

Lúcio Flávio Pinto | Marco Barros

LÚCIO FLÁVIO PINTO

 

Lúcio Flávio Pinto, amazônida, nascido em 1949 na cidade de Santarém no estado do Pará, é sem dúvida um grande intelectual brasileiro e, certamente um dos maiores jornalistas alternativos do mundo. É Sociólogo e foi professor visitante do Centro de Estudos Latino-Americanos na Flórida e do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará. Foi correspondente para assuntos sobre a Amazônia no jornal Estadão de São Paulo, O Estadão, por 19 anos.  Ao longo de sua vida recebeu premiações e reconhecimentos pelo seu trabalho: quatro prêmios ESSO, o prêmio Italiano Colombe D’Oro per la Pace, o título de doutor honoris causa da Universidade do Estado do Amapá, o prêmio Wladimir Herzog de direitos humanos, além de ser o único brasileiro selecionado pela ONG Repórteres sem Fronteiras, como um dos maiores jornalistas alternativos do mundo. 

 

Na tentativa de elucidar as circunstâncias do assassinato do deputado comunista Paulo Fonteles, advogado que defendia a população que lutava por acesso à terra, Lúcio criou o Jornal independente mais longevo da história do jornalismo alternativo, o Jornal Pessoal. Seu grande tema na vida foi a Amazônia, além de textos jornalísticos, escreveu cerca de 30 livros, sobre as memórias de Belém, sobre a construção devastadora das hidroelétricas de Tucuruí e Belo Monte, sobre a derrubada da floresta e sobre os grandes projetos desenvolvidos na região, tendo protagonistas a companhia VALE de um lado e os movimentos sociais de outro.

 

Seu trabalho foi tema para diversas matérias, dissertações e teses, uma delas, o livro “Imprensa e contra-hegemonia: 20 anos de Jornal Pessoal”, produto de objeto de estudo da tese de doutorado de Maria do Socorro Furtado Veloso, que analisa as publicações do Jornal pessoal de Lúcio Flávio Pinto sobre o Estado do Pará e seus conflitos por duas décadas,  mediante a análise política da conjuntura regional, tendo como marco, o início da imprensa no estado em 1822 e a revolução da Cabanagem, como também mostra o trabalho do jornalista tanto na grande imprensa quanto na imprensa alternativa, desde o começo da sua carreira até o final, que por falta de liberdade para falar verdades que ficavam escondidas, acabou optando, por manter-se na imprensa alternativa, mas especificamente como redator do Jornal Pessoal.

 

Lúcio Flávio Pinto publicou vários problemas regionais, envolvendo pessoas poderosas e temas delicados, sempre que percebia as distorções ou a falta da verdade que compreendia o desenvolvimento e os conflitos na região. Considerando que o poder do capital tem relegado a Amazônia como mero exportador de matéria-prima, com um povo pobre e servil e com grandes problemas ambientais. Por causa da sua luta, Lúcio foi ameaçado de morte várias vezes e chegou a ser agredido por um dos donos do grupo Liberal em Belém, a maior corporação de comunicação da região, o qual o processou diversas vezes. Isso causou um martírio na vida do jornalista, que teve que se dispor a responder continuamente a esses processos, chegando a publicar em seu jornal pessoal que era vítima de um processo político.

 

O empresário Cecílio do Rego Almeida também processou Lúcio, por ter sido chamado de “pirata fundiário” em 1999. Esse fato ocorreu baseado em uma reportagem da revista Veja, por meio da qual, Lúcio aprofundou a investigação e percebeu nas ações de Cecílio, evidências de uma “grilagem de terra”, sobre uma área de quase cinco milhões de hectares de terra. Depois da morte de Cecílio, Lúcio foi condenado pela justiça do Pará a pagar indenização à família do empresário. A indenização foi paga, através de uma coleta entre populares, como opção de Lúcio para mostrar o absurdo da condenação que feria de morte a liberdade de imprensa.

 

Certamente Lúcio se sente solitário no seu ativismo jornalístico, em que na maioria das vezes, revela fatos, sobre os quais, ninguém ousa pronunciar. Defende-se de processos jurídicos que têm o intuito de sabotar seu trabalho. Dificilmente recebe críticas ou interlocuções que realmente o convençam do contrário dos pressupostos por ele levantados, atacando ou contradizendo sua tese com argumentações pertinentes.

 

Hoje, Lúcio tem 73 anos, mora em Belém do Pará e continua a escrever matérias de jornalismo de combate para seu blog: Lúcio Flávio Pinto, Agenda Amazônica. Este ano, o jornalista completará, em 24 de setembro, 74 anos e estamos organizando um evento e um tributo de comemoração com o lançamento do livro que estou escrevendo e uma roda de conversa com especialistas e intelectuais ligados a esse grande jornalista. 

 

A fim de custear a produção do livro, contamos com a colaboração de amigos e amigas numa vaquinha virtual para a elaboração do material. Estamos organizando uma página para informar todas as ações e disponibilizar produtos da campanha, como ingresso para o evento em setembro, camisas, ecobolsas e o livro.

 

  

Fotografia de Marco Barros

 

Marco Barros – Sociólogo de Belém do Pará – Editor do livro Traçando Escritas e Tecendo Peconhas. O entendimento dos jovens sobre o açaí de Limoeiro do Ajuru, premiado pela ALEPA (Assembleia Legislativa do Estado do Pará), com o Prêmio Paulo Frota de direitos Humanos. Editor da revista do Círio de Nazaré em quadrinhos e produtor do guia sócio, cultural e turístico da ilha de Cotijuba da Amazônia. Atualmente escrevendo a biografia de Lúcio Flávio Pinto, “O homem que incomodou os poderosos”.




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