PASSADEIRAS
A passo incerto
despreocupado
Nas nuvens
Sem fim
encontro asfalto
Longe de mim.
O peão
cultiva velho hábito:
agradece cedências
ao cruzar estradas. –
Passadeira estendida
sem alma quebrada,
gentileza de berma
um gesto
dois rumos. –
Dor que se aparta
questão de segundos,
entre vidas,
e mundos.
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CAVALOS DE PEDRA
Fogem do peito,
Infindáveis cavalos de potência!
Sim, são incomensuráveis,
na transmudação de íntimas memórias.
Garranos à solta.
Negras são as rochas,
dizem os fangueiros.
Pois eu digo:
Galopam no escuro em reflexos de azul!
(Sacudidas as nuvens,
por cósmica poeira
Verdejante.)
Como mar revolto
espreito costa.
Visceral,
cavalo emerge das profundezas
para sulcar vagas.
Não serei náufrago,
de variações pronominais
por valor Indicativo de relações existentes.
Aparelho minhas forças
ao indomável Oceano!
Debaixo de nobilíssima coudelaria
abundam estratos de outras dimensões,
vidas de barro.
Do Alter Ego,
ao perfeito ocaso,
fulguroso espelho líquido
da vitalidade.
Alma e lezíria.
Sabe que a pureza do sangue
não vem da raça,
quem cavalga universos e destinos,
em liberdade!
Não obstante,
os petrificados cavalos que acorreram ao
mar,
cumpridos desafios,
Indomáveis
vagas.
Para mustangs
em campo aberto
a vida é sempre desafio.
Também o campo-santo
do Atlântico,
onde correm livremente cavalos selvagens,
Ilha de Sable.
Omnipotente,
só céu
rasgado por Deus,
como se
Domador
de silêncios.
Domar a dor,
é aplainar e cercar ímpetos selvagens
onde terra e céu se confundem,
sem jamais se tocar.
Para que do galope reste ilusão,
nuvem de partículas,
por assentar.
Paulo Osório da Silva Landeck nasceu em 78, na Grande Lisboa. Cresceu na vida urbana da periferia. Pós-graduado em Ecoturismo. Observador de espécies marinhas, guia, marinheiro. Vagabundo do mar e sonhador profissional. Sentiu-se forçado a escrever na areia da praia, depois de varado entre conchas de ostras. Colabora com diversas publicações. Espera publicar o seu primeiro livro brevemente, pela Poética Edições, por antecipação das incertezas da enchente.