Poesia & Conto

Dois poemas | Paulo Landeck

PASSADEIRAS

 

A passo incerto

despreocupado

Nas nuvens

Sem fim

encontro asfalto

Longe de mim.

 

O peão

cultiva velho hábito:

agradece cedências

ao cruzar estradas. –

Passadeira estendida

sem alma quebrada,

gentileza de berma

um gesto

dois rumos. –

Dor que se aparta

questão de segundos,

 

entre vidas,

e mundos.

 

**

 

CAVALOS DE PEDRA

 

Fogem do peito,

Infindáveis cavalos de potência!

Sim, são incomensuráveis,

na transmudação de íntimas memórias.

 

Garranos à solta.

 

Negras são as rochas,

dizem os fangueiros.

Pois eu digo:

Galopam no escuro em reflexos de azul!

(Sacudidas as nuvens,

por cósmica poeira

Verdejante.)

 

Como mar revolto

espreito costa.

 

Visceral,

cavalo emerge das profundezas 

para sulcar vagas.

 

Não serei náufrago,

de variações pronominais

por valor Indicativo de relações existentes.

 

Aparelho minhas forças 

ao indomável Oceano!

 

Debaixo de nobilíssima coudelaria

abundam estratos de outras dimensões,

vidas de barro.

 

Do Alter Ego,

ao perfeito ocaso,

fulguroso espelho líquido

da vitalidade.

 

Alma e lezíria.

 

Sabe que a pureza do sangue 

não vem da raça,

quem cavalga universos e destinos, 

em liberdade!

 

Não obstante, 

os petrificados cavalos que acorreram ao 

mar,

cumpridos desafios,

Indomáveis

vagas.

 

Para mustangs

em campo aberto 

a vida é sempre desafio.

Também o campo-santo

do Atlântico,

onde correm livremente cavalos selvagens,

Ilha de Sable.

 

Omnipotente, 

só céu

rasgado por Deus,

como se

Domador

de silêncios.

 

Domar a dor,

é aplainar e cercar ímpetos selvagens

onde terra e céu se confundem,

sem jamais se tocar.

Para que do galope reste ilusão,

nuvem de partículas, 

 

por assentar.

 

Fotografia de Paulo Landeck

Paulo Osório da Silva Landeck nasceu em 78, na Grande Lisboa. Cresceu na vida urbana da periferia. Pós-graduado em Ecoturismo. Observador de espécies marinhas, guia, marinheiro. Vagabundo do mar e sonhador profissional. Sentiu-se forçado a escrever na areia da praia, depois de varado entre conchas de ostras. Colabora com diversas publicações. Espera publicar o seu primeiro livro brevemente, pela Poética Edições, por antecipação das incertezas da enchente.

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