Política

Concretos ideológicos | Coca Trevisan

Foto de Wesley Tingey na Unsplash

CONCRETOS IDEOLÓGICOS

 

Lendo um artigo sobre Walter Benjamim, o autor sugere uma união do concreto imediato “marxista” com um concreto já pensado, ambos aguardando uma nova perspectiva mais crítica. 

Tá loko…

Imaginem o nível de ideologia crítica possível, unir Marx com novos conceitos para hipóteses e críticas possíveis. 

E tentar fazer que a direita perceba que o marxismo trata de críticas de equívocos da modernidade, e que comunistas não são “comedores de criancinhas”.

Ora, e que entendam que conceitos inéditos ou não sempre podem renovar conhecimentos. 

Difícil enquanto senadores da direita alertam um “perigo” comunista. 

Quem é comunista?

Dino, um comunista que conhece a bíblia melhor do que muitos falsos cristãos?

Além do mais, em minha opinião, nossa esquerda é no máximo uma social-democracia. 

Porém, mudanças surgem dia a dia quando concretos endurecem.

E vários tipos de concreto, enquanto ideologias desfilam “com mim” e “conjas”. Cuidado Xandão, estão querendo teu lugar…

Todo cuidado é pouco, afinal os concretos ideológicos são formados por partículas com fundamentos materiais e, claro, ideológicos.

Realço outra frase do mesmo artigo de Fábio Mascaro Querido, quando ele cita Kracauer, “por trás de um monte de entulho, vem à luz não tanto puras essencialidades quanto, muito antes, pequenas partículas materiais que indicam essencialidades”.

É, numa montanha de lixo pode-se descobrir riquezas em coisas e coisinhas muito pequenas. O concreto do muro de Berlim era poderoso, mas o sonho de todos era suas pequenas entranhas. 

E quantas vezes já citei aqui minha guru de Reiki sugerindo mudanças em nossos corações de concreto para corações de papel, leve e puro.

Mas a luta é infinita. 

A Clara dos Anjos de Lima Barreto ainda sofre e como diz Dona Margarida (talvez uma representante da atual Copacabana), esculachando a gravidez da preta Clara exigindo casamento com seu filho loiro e branco, “casar com gente dessa laia…qual, o quê?”

Corações de puro cimento de cristãs que todo domingo estão presentes em suas missas católicas.

Corações de “raças” superiores. 

Corações que consideram sua cultura “A” cultura. Mês passado uma socialite encontrou Dilma Rousseff na primeira classe e ficou admirada, a mesma senhora que disse que sua empregada limpa e passa como ninguém e não reclama por não ter férias…

Viram, a Clara é real…

Que adoráveis cristãs com seus concretos ideológicos. 

A insustentável leveza do ser gerando conflitos opressores e sempre desejando controlar o outro. 

A velha, mas atual teoria da Comunicação “agenda Setting” revelando a gana do poder, querendo nos agendar com suas mídias malditas e seus concretos ideológicos. 

fotografia de Coca Trevisan

O jornalista Coca Trevisan nasceu em Santa Maria, RS. Atuou como repórter e redator nos jornais NH, de Novo Hamburgo; VS, de São Leopoldo e Jornal Alto da XV, de Curitiba. Como profissional freelancer assinou matérias em diversos periódicos. Participou de workshops e atuou em debates sobre a Indústria Cultural dos anos 1980/90. Mais recentemente, concluiu pela PUC-RJ o Curso de Extensão Origens do Existencialismo. Mantém e abastece o blog Violências Culturais. Atualmente mora em Florianópolis, SC.

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