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A poesia de Fabiano Silmes | Fabiano Silmes

Salto

 

mergulho na vida  

com a coragem firme  

e os músculos tensos 

 

sou um sopro 

fragmento 

espuma

 

partícula de algo 

que no fundo  

permanece intacto  

 

alguns segundos 

depois 

da minha queda.

 

***

 

Esfera

 

examina teus olhos

na imensidão serena

 

na mansidão 

examina teus olhos

tristes e acabados,

porém, eternamente

guardados dentro

desse momento

que como tu, passará. 

 

***

 

Casulo

 

amanhece  

 

a luz descortina 

os espaços 

 

a noite dorme… 

(no sem-fim) 

 

envolto 

pelo casulo 

azul claro 

 

a vida acontece. 

 

*** 

 

Solvente

           

       para  Matheus Goudar 

 

cheiro solvente 

para não ser sorvido 

pela minha fome 

 

pelo meu estômago vazio 

pelo olhar perdido 

pela esperança ausente 

 

(absorvente) 

 

eu cheiro a morte 

para continuar vivo. 

 

 

***

 

Sertão

 

quando a natureza

se faz seca

o que não falta

é a água salgada

nos olhos tristes

do povo do sertão

 

que quase sem viço luta

que quase sem esperança sonha

que quase sem voz canta

com o sol espetado na garganta.

 

***

 

Moving 

  

  o vento 

                   inventa 

     no tempo 

   

       os movimentos 

   

  o pensamento 

                    no invento 

  

 o tempo é o invento 

     

  e o pensamento 

      

         um cata-vento.

 

Fotografia de Fabiano Silmes. Autor da foto: Leandro Badu

Fabiano Silmes é poeta, artista plástico. Formado em Publicidade e Marketing pela Universidade Estácio de Sá. Em 2011, lançou seu primeiro trabalho literário: Comida para Bicho-Cabeça, Editora Multifoco. Atualmente colabora em blogs e revistas e também recitando seus textos em eventos culturais pelo Rio de Janeiro. 


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