Salto
mergulho na vida
com a coragem firme
e os músculos tensos
sou um sopro
fragmento
espuma
partícula de algo
que no fundo
permanece intacto
alguns segundos
depois
da minha queda.
***
Esfera
examina teus olhos
na imensidão serena
na mansidão
examina teus olhos
tristes e acabados,
porém, eternamente
guardados dentro
desse momento
que como tu, passará.
***
Casulo
amanhece
a luz descortina
os espaços
a noite dorme…
(no sem-fim)
envolto
pelo casulo
azul claro
a vida acontece.
***
Solvente
para Matheus Goudar
cheiro solvente
para não ser sorvido
pela minha fome
pelo meu estômago vazio
pelo olhar perdido
pela esperança ausente
(absorvente)
eu cheiro a morte
para continuar vivo.
***
Sertão
quando a natureza
se faz seca
o que não falta
é a água salgada
nos olhos tristes
do povo do sertão
que quase sem viço luta
que quase sem esperança sonha
que quase sem voz canta
com o sol espetado na garganta.
***
Moving
o vento
inventa
no tempo
os movimentos
o pensamento
no invento
o tempo é o invento
e o pensamento
um cata-vento.
Fabiano Silmes é poeta, artista plástico. Formado em Publicidade e Marketing pela Universidade Estácio de Sá. Em 2011, lançou seu primeiro trabalho literário: Comida para Bicho-Cabeça, Editora Multifoco. Atualmente colabora em blogs e revistas e também recitando seus textos em eventos culturais pelo Rio de Janeiro.