SUTURA
Vivo inúmeras
vidas
nenhuma sequer
me pertence.
Sou feita
de suturas.
Feridas a
céu aberto.
Traumas adormecidos.
Tinha sonhos
todos sofreram
abortos. Abortos espontâneos.
Alguns sonhos foram prematuros,
e a sangue frio.
Às vezes,
às vezes
a minha vida é como um par de sapatos. Deslumbrantes e a luzir de graxa, por fora.
As solas rebentadas,
e exaustas do asfalto da existência, por dentro.
Não
choro
mais.
Recolhi
fragmentos
de amor,
e os guardei
somente para
mim.
Nada
mais
me retrai.
Encerro
as portas
da minha casa,
como se
sepultasse
você da
minha vida.
Bebo a
aguardente
do tempo.
Ninguém
mais
por mim espera.
Nem eu
sei mais
se ainda me quero.
[Maputo, Moçambique,1989]
Começou a escrever desde tenra idade. De 2013 a 2017, participou e foi distinguida em alguns concursos internacionais de poesia. Tem textos publicados nas antologias “Soletras Esse Verso” (2018); “Fique em Casa” (2020); “Linguagens e suas Tecnologias, Manual do professor” (2020); E ” No Cais do Amor” (2022).
Tem contribuído para as revistas Lidilisha, Soletras, Ómnira, Contioutras, Por Dentro de África, Escamandro, Avenida Sul, Mallamargens , Folhinha Poética, Cultural Traços/ Alta Cultura, Germinaliteratura, e Incomunidade. É membro da Confraria Brasil/Portugal.