Poema | Jorge Vicente
as flores – amarelas de tanto calor
coladas como lama ou como limo
ao mármore ou à pele velha de animais
terrestres
as flores – cobras de fotossíntese
apagada, restos de magma, idades
planetárias, carbono, oxigénio, calor selvagem,
as flores,
esse lodo ribeirinho que é cola e repulsão
humanidade surgida e desviada,
pele renovada e triste em morrinha de verão.
Jorge Vicente nasceu em 1974, em Lisboa, e desde cedo se interessou por poesia. Com Mestrado em Ciências Documentais, tem poemas publicados em diversas antologias literárias e revistas, participando, igualmente, nas listas de discussão Encontro de Escritas, Amante das Leituras e CantOrfeu. Faz parte da direcção editorial da revista online Incomunidade. Tem cinco livros publicados, sendo o último cavalo que passa devagar (voltad’mar: 2019).
Contacto: jorgevicente.seacarrier@gmail.com