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Os Trabalhos Inacabados | Artur Alonso

 

OS TRABALHOS INACABADOS

 

“Eu sou apenas

 a água que tomei

 indo para o mar”  (Haiku – Concha Roussia – Galiza)

 

PRELÚDIO

 

Existe a semente – a vontade de irradiar – o rebento que traz todas as informações ao mundo. O sentido do ser, dentro de cada ser, por esta precisa, precária e consistente semente foi inscrito.

 

Quando ela chegar à Taça – o útero maternal – a gestação pode ser feita. Em este local, por meio da semente original, foi plantada a Árvore da Vida. Por meio dela, a sombra e a luz, se encontram: debaixo dos seus ramos é o local de todos os caminhos – Entroncamento. Da semente da vida, nasceu esta Árvore (a terra lhe deu seu útero – taça do amor – sempre no fundo líquida). Da árvore nasceu o fruto – do fruto surgiu a vida. Na oliveira da perseverança podemos observar – este trísquel ou tríade evolutiva: a árvore dá força que vem da raiz, o fruto (Oliva) – pelo atrito do fruto a transformação: óleo. E esse azeite traz consigo a sanação; é o objetivo supremo da vida: curar todas as feridas.

 

Existe esse imenso local onde o Pai e a Mãe Cósmica namoram. Dessa incondicional entrega são criados os mundos. A sombra conserva sua inércia destrutiva do passado: passiva. E a luz a transforma de modo objectivo: activa.

 

Um vigilante silencioso, em esse local, todo o processo observa. E, no nosso interior, um outro guardião, com ele conversa. Nossa mente voando pelo ar, com sua imaginação aquele lugar alcança. Nosso sangue, instinto animal, seu fogo em aquela direcção levanta. Nossas emoções, como rios esculpindo as rochas, em procura de seu mar, em esse preciso oceano suas ondas desaguam. Nossa necessidade de afiançar, cria na Terra de nascença seu berço, tomado pelas lembranças, e desde aí, esta nossa inicial raiz, segue aquele ponto, da Cósmica Mãe, procurando por todas as sendas, pelos diversos trilhos…

 

A Esfinge do Egito, como “Estátua ou Imagem Vivente”, nos lembra um passado não retido, nas meninas dos olhos que não puderam ver – e, da mãe de cada um, os desejos de manifestar trabalhos (cheios de boas esperanças, sentido do belo, justo no bem, com imensas realizações com bondade a ser feitas). Trabalhos que ainda estão por ser, e pelo tanto, inconclusos.

 

“O mundo era uma distracção feita de um milhão de ideias passageiras”

(do livro: Quarap – Antönio Callado – Brasil)

 

Nosso cabelo ainda não é branco. Pouco nos lembramos da Cósmica Mãe – local do sagrado fogo Agni. E da nossa carnal mãe, e também do pai; mesmo dos irmãos, dos que todos levamos uma presença: em eles, com eles, dentro deles, fomos conhecendo o início do mundo. Tal qual a rede do Deus Indra: “Lá estão as jóias, brilhando como estrelas de primeira magnitude, uma visão maravilhosa de testemunhar. Se agora olharmos de perto cada uma das jóias para inspeção, nós iremos descobrir que em sua superfície polida estão refletidas todas as outras jóias da rede, infinitas em número. Não apenas isso, mas cada uma das jóias refletida nessa única jóia também esta refletindo todas as outras jóias, de modo que há um processo de reflexão infinito acontecendo. Isso simboliza o nosso mundo onde cada ser senciente (e coisa) está inter-relacionado um com o outro.” Sabemos, pois, que desde esse útero  – Taça do Graal – da Cósmica Mãe, todo em reflexo, projeção, desce a este mundo.

 

E esse reflexo dentro de nós está em todos os outros, assim como nós, contemos dos outros, todos seus lados profundos. Mas, então, por que a unidade ainda se nos resiste? E a fraternidade? A melhor, o problema ainda é nossa pouca capacidade do Grande Mistério entender. Falta de compreensão. Pouca Consciência. Um problema de evolução?

 

Necessário se faz um velho, perdido conhecimento. Talvez os ancestrais, cheios de amor, tenham abandonado nossa alma, que ficou retida contemplando a matéria: nosso espelho, de crianças imaturas, ainda jogando a ser Narciso.

 

“O destino plantou-me aqui

e arrancou-me daqui

E nunca mais raízes

me seguraram bem

em nenhuma outra parte”

(Miguel Torga – Portugal)

 

A TRÍADE UNIDA – PODE TRAZER AS MUDANÇAS AO MUNDO

 

E como estamos no tempo de sonhar, no Maya dos Indianos, realizar-nos na “Vida es Sueño”, de Calderón de La Barca – vamos, pois, ver se sonhando ainda o mundo podemos mudar, ou quanto menos, retirar da dura camada da pele que sofreu, a dor dominando nossa psique.

 

Imaginemos que Galiza foi Mãe – Portugal o filho – Brasil o menino do porvir. Do Proto Galaico – o galego -português e castelhano nasceu, um a oriente e outro ao ocidente. No norte, as migrações que da celta Kalaika – futura romana Gallaecia – levou o celta saber druídico até um evolutivo acordar, que durante milénios ensinou a espiritualizar o Europeu continente – Poder Sacerdotal – derrotado nos inícios do século I pela Imperial Roma. Galiza como útero – mãe. Portugal como filho que se emancipou, e expandiu nossa língua comum. Brasil como poder ainda a se tornar, consciente da sua força.

 

Em seu dia do sul também chegou, com a pedra do destino, a rainha Scotia. Dormiu e sonhou, na Kalaika – antes de a Pedra para a Escócia transportar, país da estrela da alba, para coroar rainhas e reis, senhores de novos Impérios. Estrela da Alba, do planeta Vénus, estrela do Cristo, mas também do revoltado Lúcifer – ambos filhos da estrela da manhã – que marca os caminhos da esperança: primeira estrela no céu, a nascer, uma vez vencida a escuridão das noites… Temos, pois, aqui uma Cruz – Norte, Sul, Leste, Oeste – um cruzeiro que no sul, talvez, vai continuar suas inércias, da humanidade, apesar de todo este grande pesar, tentar mudar o curso do mundo.

 

Assim tivemos na península celtibérica uma semente, que no melhor, ainda está por irradiar, mundos que darão,novos mundos (já não na sua terra original) senão quiçá, no hemisfério sul – no sul das Américas… Vamos a sonhar realizando um percurso milenar, mas aos velhos tempos adiantando-nos.

 

CAMINHOS QUE ABREM CAMINHOS AO MUNDO

 

S.XVI – Inicio: 1543 Chegada de Portugal ao Japão – Tentativa de Poder Global da Ordem do Cristo.

 

Complementada: 1492 Abertura do Atlântico face à América – Cristóvão Colombo – 1520 Magalhães chega a Rio de la Plata: Abertura de todo o Atlântico Sul.  Magalhães – El Cano, abertura da navegação de todos os mares do mundo. – Começa a guerra entre os Habsburgo e as pungentes redes mercantis da Europa. Reforma e contra reforma. Poder Mercantil apoia a reforma – Poder senhorial comercial dos Habsburgo e Papado, apoiam a contra reforma. – Derrota da Armada Invencível espanhola pelo pequeno poder britânico, apoiado pela mercantil da Veneza.

 

XVII – 1618 – 1648 Guerra dos 30 anos (Poder mercantil subtilmente apoiando a reforma, mas mantendo pontes e o controlo da dívida, em ambos os lados da Balança – para exercer de Intermediário- Poder Harmonizado Hegemónico) – Europa se divide: Protestantes e Católicos – Paz de Westfalia –  Poder Mercantil consegue iniciar os processos de rutura do velho regime real – imperial, e inicia Imposição do modelo de Estado Nação – a desconstruir em nossa época, em favor do modelo regional – globalista.

 

Holanda – Companhia das Índias Holandesas – Disputa a exploração comercial do Oriente com as Companhias das Índias Inglesa e Francesa.

 

1648 – Fim também da guerra dos Oitenta anos – Independência dos Países Baixos  Início Derrota final do Império Espanhol – representante da aliança Habsburgo – Papado – Poder Senhorial em contração.

 

1688 Trunfo da Revolução Gloriosa – Derrota da Aliança católica Escócia – Inglaterra – França. Trunfo da nova aliança Holanda – Inglaterra – Veneza – (semente da instauração do futuro império britânico – semente do Império Ocidental Global – hoje em decadência?).

XVIII – Começa o Inicio da Supremacia Britânica – 1763 Tratado de Paris – França é expulsa da Índia e perde as Colónias Francesas na América.

 

1776 – Independência da Norte América  – Revés para o poder Britânico – ganho momentáneo para Império Espanhol, França e a Rússia.

 

1783 – Inicio da colonização da Austrália – que em certo modo minora a Perda da Norte – América.

 

Criação de um sistema económico fechado neste conjunto de territórios ultramarinos ingleses dando passo para a edificação dum poder imperial mais sólido.

 

Impondo-se regulamentos de comércio e normas de navegação dentro do seu espaço geopolítico, evitando concorrência ou corso.

 

XIX – 1815 – Waterloo –  A Ordem Mercantil derrota Napoleão – Banqueiros Rothschild aliados do Império Vitoriano – Inglaterra comanda o mundo.  A Ordem Mercantil Inglesa é a mais poderosa. A aliança financeira veneziana – neerlandesa – britânica – judaica – se consolida.

 

S.XX – 1913 – Criação da Reserva Federal Americana – Retomada da Governança dos EUA pela Ordem Mercantil – após diversas tentativas – travadas pelo pólo patriótico norte-americano.

 

1913 – assassinato do presidente Madero, no México, a tentativa de aliança germano – mexicana (que pudera fazer frente ao poder financeiro globalista anglo – veneziano, no norte da América) morre, apenas tendo nascido.

 

I Guerra Mundial – Ordem Mercantil derrota o Kaiser – Remata com os restos do Império Habsburgo, desmembra Império Otomano e, implosiona poder dos Romanov na Rússia.

 

II Guerra Mundial – Ordem Mercantil derrota o III Reich – deixa a URSS, por baixo do poder Norte-americano (novo arquitecto do mundo) –  O sonho do Império Global Ocidental, vai ir tomando forma.

 

Após II Guerra Mundial – Supremacia Total economico – finaceira do Ocidente.

  

1953 morte Josef Stalin – Krustchev toma o comando – retira o rublo da sua ligação ao ouro – dando já, sabendo ou sem saber, o controlo total da economia mundial ao poder Ocidental – Impossível, a partir de aqui, vai ser para os soviéticos tentar ganhar a Guerra Fria.

 

Guerra Fria – Ordem Mercantil derrota a União  Soviética.

 

1/06/1998 – Criação Banco Central Europeu – Ordem Mercantil inicia a Governança da Europa.

 

XXI –  Consolidação e expansão da Ordem Mercantil financeira, consolidando o processo Globalizado do Império único Ocidental, com tentativa de dirigir o Orbe – Império agora em declínio? Possível trunfo do Mundo Multipolar? – Estamos a viver, sem compreender, a queda do Ocidente?

 

Expansão e Contração da Força de Trabalho

 

“Falou-nos o nosso passado, para sim ter um futuro”

(provérbio Maia – México)

 

  1. XVIII – Inicio da revolução Industrial – nasce na Inglaterra.  

 

Meados do S. XVIII – Nascem os primeiros sindicatos – na Inglaterra.

 

1864 – Funda-se em Londres a I Internacional – Fim: Organização Política do Proletariado a Nível Mundial.

 

1867 – 1º Edição do Capital de Karl Marx.

 

1871 – Comuna de Paris – 1º Governo Operário da Historia.

 

1917 – Revolução Russa.

 

1927 – 1953 Era Stalinista.

 

1933 – Hitler chega ao poder – derrotando a classe trabalhadora em aliança com a burguesia militarista – Associação de benefício mútuo entre o  Poder Mercantilista Europeu – Norte-americano com o III Reich, conseguindo realizar o milagre alemão. Milagre baseado na inversão no complexo militar industrial e civil germano e a adequação da indústria civil a uma economia, pensada como utilidade de futura guerra. Cultura, sociedade e pensamento espiritual bebendo das fontes esotéricas da “Guerra Primordial” entre a luz e a sombras. Sonho da Alemanha ser o Centro do Homem Novo Revitalizado – Desvirtuamento da mitologia nórdica e visão duma sonhada “Hiperborea – Pátria inicial do mundo germano”, por meio de escolas iniciáticas como a Sociedade de Thule (fundada por  Rudolf von Sebottendorff), ou a Sociedade de Ahnenerbe (dirigida por Heinrich Himmler, Walther Wüst e Wolfram von Sievers).

 

1939 – Perda da Guerra Civil Espanhola – perda do poder Soviético – do poder anarquista – Trunfo do Poder Franquista, em início aliado da Alemnha nazi e da Itália franquista. Mas nas sombras apoiado pela Inglaterra, que temia consolidar um poder favorável a Stalin, no Sul do continente.

 

Após a II Guerra Mundial – Na Europa – Trabalho e capital vigoram suas forças – Estado fez de ponte entre ambos – criando-se o Estado Providência ou Estado de Bem Estar – Máxima expressão evolutiva do Ocidente (com seu desmonte, após a derrota da URSS), involução – começo da entropia no Império Ocidental?

 

1989 Queda do Muro de Berlim – Inicio do fim do poder soviético.

 

1981-1989 Era Reagan – ataque ao sindicalismo – vitoria do neo – liberalismo na América – Desregulamentação e cortes nos Impostos – Início do modelo total de Capitalismo das Finanças… Avanço do Capital Especulativo – Perda do Poder Aquisitivo dos trabalhadores e de muitos dos seus direitos laborais.

 

1983-1990 Era Thatcher – ataque ao sindicalismo – começo da vitoria do neo- liberalismo Europa – Fim do Estado do Bem Estar ou Providência.

 

1990 – 2000 Demolição do Estado Protetor do Trabalho. Desorientação dos movimentos comunistas internacionais.   

 

Inicio S. XXI – Contração da Força de Trabalho – Procura de Novos Caminhos. Assistimos agora à derrota do Progressismo Ocidental, de esquerda e de direita – volta o Conservadorismo, com um novo modelo baseado no poder oriental – Euro-Asiático, de direta e de esquerda? Chegada de um novo Poder Cívico – dos Cidadãos? Fim do Poder Monopolista mercantil – Começo do Poder Monopolista estatal? Debate aberto.

 

Nova Tendência: Confluência Ciência – Espiritualidade

 

“Este é o destino dos insatisfeitos: a busca permanente da luz”

(Risoleta C. Pinto Pedro, revista “Nova Águia” nº 4- pag.110).

 

1928 Paul Dirac – Relativismo do átomo – Experimento: Injetado num espaço vazio uma quantidade de energia. Esta energia se concentra primeiro numa partícula sub-atômica. Depois de novo desintegra transformando-se de novo em onda: energia. Lembrando esta realização o Sutra da Grande Sabedoria: “Forma não se diferencia do vazio, vazio não se diferencia da forma. Forma é exatamente vazio, vazio é exatamente forma”

 

NOVAS ACHEGAS CIENTÍFICAS SÉCULO XX:

 

Medicina: Novo Paradigma Corpo-Mente: Deepak Chopra – Larry Dossey.

 

Física: Amit Goswami – Fritjof Capra (Livros: “A física do Tao”- “A física da Alma”).

 

Evolução Biológica: Steven Gould – Rupert Sheldrake.

 

Psicologia: Howard Gardner: Teoria das Inteligências Múltiplas: Inteligência Lingüística – Musical – Lógica-Matemática – Espacial – Cinestática – Interpessoal e Intrapessoal – Desmitificação da Visão dum Só centro – Relativiza a Importância do “Coeficiente Intelectual” de caráter Matemático.

 

Genética: Dean Hamer – Descobriu o gene que favorece mais ou menos a tendência a espiritualidade no ser Humano.  (Livro: “O Gene de Deus”)

 

1933 próximo a Ascona, na Suíça. Olga Froebe-Kapteyn cria o Grupo Eranos, que durante 50 fez reuniões anuais, no caminho de juntar todas estas disciplinas, numa aliança científico – espiritual, da que hoje obtemos alguns frutos. Entre seus assíduos: o grande psicanalista Carl Gustav Jung; o filósofo erudito em mitologias comparadas Rudolf Otto; o especialista em religiões orientais Richard Wilhelm; o especialista em budismo zen D. T. Suzuki. Junto a físicos como Niels Böhr, Pauli, Max Knoll e Schrödinger. O grande especialista em mística judaíca Gershom Gerhard Scholem, o autor da ideia do herói arquétipo Joseph Campbell: entre outros… Desenvolveriam, em seus mútuos e variados diálogos e conversas. a ideia de tornar a fazer possível o ser humano vivenciar, de modo natural, suas duas faces: a material e a imaterial ou espiritual (raiz da primeira). O mundo das Ideias de Platão voltava a iniciar o caminho de unir-se ao mundo das realizações na matéria, superando a ideia de “acaso” e voltando a investigar a “causalidade”, sem casualidade.

 

Influência do Ecossistema

 

As relações de todos os organismos entre si e com seu meio ambiente condicionam a potencialidade dos seres vivos.

 

Problemas para Um ecossistema Sustentável : Poluição – Desmatamento – Extinção de Espécies – Ameaça à biodiversidade. A velocidade de perda de biodiversidade atual supera largamente a velocidade com que a natureza consegue efetuar uma compensação.

 

A perda de espécies pode não só causar efeitos diretos num ecossistema, mas também afetar sua capacidade de proteção contra futuras mudanças ambientais.

 

Explosão demográfica – O aumento brusco da população leva a um aumento também brusco do território ocupado, e tem alguns problemáticos efeitos ambientais, como  Contaminação Industrial, e também,  Contaminação Militar – Uso do Urânio Empobrecido em guerras como as dos Balcãs, pela NATO na Sérvia?…“O “lobby” nuclear sempre defendeu que os efeitos da maior parte das partículas radioativas eram demasiado pequenos para merecerem ser estudados”.-Robert James Parsons “Le Monde Diplomatique” (Ed. Francesa. Fev. 2001) “Seu uso crescente vem aumentando a dispersão de partículas de urânio empobrecido na natureza, expondo principalmente as populações civis a potenciais riscos cujo real impacto para a saúde humana e o meio ambiente ainda é obscuro e polémico” Marcus Fernandes de Oliveira (Instituto de Bioquímica Médica, Universidade Federal do Rio de Janeiro).

 

Necessidade duma mudança de conceção económica, social, cultural e geopolítica; somente possível com uma mudança civilizacional. Esta mudança se inicia sempre no escalão mais alto: o da mudança espiritual…

 

Se no ciclo sacerdotal a concepeção civilizacional era esclavagista (O templo a ser construído o centro); no ciclo senhorial de tipo feudal, a construção do feudo – fortaleça como centro.

 

No dos mercadores financeiros, o deus mercado objeto e sujeito de adoração, se torna Individualismo, experimentar os prazeres sensoriais, sensuais e materiais do indivíduo, como libertação mal entendida e, o consumismo como meta…

 

Será no novo ciclo, a iniciar-se dos cidadãos o valor eco-socialista ou ecologismo ativo social (a sociedade como centro – o coletivo por cima do individual), seu motor de inércias?

 

“Por mais claramente que possamos identificar os perigos, não é tão claro que possamos fazer alguma coisa para os afastar”

(David Kerans – artigo “Capitalismo norte-americano: caminho de sentido único para a Cleptocracia? – outubro 2009)

 

Do Modelo Social após II Guerra Mundial ao Modelo Neoliberal

 

Fim do Estado Nação – Centralização do Poder Mercantil do Centro à Periferia – Confronto Social em aumento – Europa, desde fins do século XX, ao igual que o resto do Ocidente vivencia a mudança dum sistema económico de Capitalismo Industrial – a Capitalismo Especulativo.

 

Novo Sistema Neo-Feudal – Capitalismo das Rendas, segundo Michael Hudson (ex Economista de Wall Street /Investigador da Universidade de Missouri – Kansas City). Este novo sistema Precisa de engolir todo o Setor Público, para transformá-lo em um serviço mais que gere rendas… Contra este sistema ocidental – oriente – a Eurásia se insurge – num novo movimento de aumentar o setor público em detrimento do privado. A China nos últimos anos está a fazer a maior reconversão do poder privado, em poder público, da história recente da humanidade. Aproveitando a falência de bancos privados associados ao setor imobiliário, esse setor está, devagar, a ser praticamente estatizado.

 

GRANDES NEGÓCIOS – PERDA SOCIAL

 

Em 2010 o “Negocio da Morte” atingiu 411.100 Milhões de Dólares – crescendo 1% em relação a 2009  (Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI).

 

Em 2010 o BBVA aumenta seus benefícios mas 9% atingindo 4.606 milhões de Euros – Banco Santander atinge benefícios de 8.181 milhões de Euros.  

 

Em 2010 a Sociedade Financeira Internacional dependente do Banco Mundial – promove a aquisição de terra fértil na África para o negócio dos Bicombustíveis.

 

Mais de 50 milhões de hectares dos países em vias de desenvolvimento estão em mãos privadas, segundo Informe da FAO dependente de Nações Unidas, 2009 – com grande Risco de maior empobrecimento dos países de África por causa destas compras de terras.

 

Situação Crítica – Artigo Leonardo Boff  intitulado “Crise terminal do Capitalismo” adverte do fim deste sistema económico causado por dois fatos: Limites da Terra – Destruição do Trabalho, gerando desemprego geral.

 

No Livro “A Era Tecnotrónica” – 1975 –  de  Zbigniew Kazimierz Brzezinski, ex Conselheiro de Segurança Nacional com Jimmy Carter e co-Fundador da Comissão Trilateral junto a David Rockfeller – fala-se da transição do Capitalismo produtivo para uma sociedade pós-industrial – Único país capaz de realizar esta transação seriam os EUA.

 

Necessidade pois da Ordem Mercantil transformar as sociedades: de umas sociedades dos anos 70 do século passado, com predomínio das Indústrias petroquímicas, siderúrgicas e Metalúrgicas para, em meados dos anos 90 (do passado século) e princípios do 2000 (deste século atual), criar indústrias zombies, Grandes Corporações vivendo de re-comprar suas próprias  ações em muitos casos, por meio de injeções governamentais e ampliação da dívida pública – privatização dos ganhos, socialização das perdas –  Com predomínio, hoje, das empresas de telecomunicações, microeletrónica, bioindústria, renováveis, também a viver dos mesmos subsídios estatais…

 

Com supressão de postos de trabalho, precarização dos direitos laborais – e perda de poder das classes assalariadas…  

 

Relação Capital – trabalho : Muito favorável ao Capital… Aumento da Dívida Pública – Inflação – Processo hoje, mais apurado com a guerra da Ucrânia (as sanções à Rússia custaram ao erário europeu  800 mil milhões de euros, que têm de ser transformados em mais dívida privada e inflação) – Contra este sistema, o Oriente cria novos organismos e tenta fugir do Dólar e das redes financeiras ocidentais como o SWIFT – criando pagamentos diretos de moeda a moeda – criado novas moedas digitais (rublo – yuan).

 

“Eles jamais ficariam satisfeitos: nem que toda a neve nos Andes se converte-se em ouro”

(Manco Capac II – dirigente Inca – )

 

Tendência Global: Expansão a todas as áreas do Domínio Corporativo – em concorrência Poder Estatal Oriental – Poder Privado Ocidental – Guerra Comercial China – EEUU

 

DOMÍNIO DAS FONTES – REDES DE DISTRIBUIÇÃO – LOCAIS DE VENDA — PELAS TRANSNACIONAIS

 

Energético – tanto das energias  fósseis como das renováveis – Perda da Soberania Energética nacional a favor de Transnacionais  

 

Alimentar – tanto da alimentação industrial – transgénica – como ecológica – Perda Independência Alimentar – a partir dos anos 50 (Revolução Verde).

 

Redes de Comunicação marítima, aérea, terrestre – Perda Estatal – Entrega da gestão e controlo de portos – aeroportos – estradas… em favor das transnacionais.

 

Meios de Comunicação Global: Imprensa – Televisão – Internet. Três agências globais dominam toda a Informação: Associated Press, France Prees e Reuters.

 

Perda do controlo social em favor do Corporativo.

 

Perda de Intimidade em troca do acesso a redes sociais – Perda da Liberdade Individual – Intimidade –  em favor da comodidade e conectividade..

 

Redes culturais e artísticas: Editoriais – audiovisuais – Indústria do Cinema – Musical… Perda de pensamento critico em favor de alternativas de pensamento mais uniforme, a favor do Estado no Oriente, do Poder Corporativo Privado, no Ocidente…

 

Mundo Cientifico – Tecnológico: Universidades – Laboratórios – Centros de Ensino e Formação – Perda do controlo estatal em favor do Setor Privado, no Ocidente – controlo do Estado – e instituições privadas ao serviço do Estado no Oriente.

 

Ócio: Turismo – cultura – Desportos – em procura do controlo do ócio, pelo Poder Privado Corporativo.

 

Empressas de investimento como a Black Rock tendem a controlar toda a economia em favor  dum grupo de privilegiados – impedindo as populações de um pronunciamento válido sobre os aconteceres do mundo. Tornando a democracia atual, das eleiçoes e da feira dos votos, e um obsoleto modelo, que já não pode representar a vontade popular. Como nos adverte F. William Engdahl, no seu artigo intitulado Pirâmide financeira colossal: A BlackRock e a “Grande Reinicialização” do WEF: “Uma empresa de investimentos virtualmente não regulamentada hoje exerce mais influência política e financeira do que o Federal Reserve e a maioria dos governos deste planeta empresa BlackRock Inc., a maior administradora de ativos do mundo, investe impressionantes US$9 milhões de milhões em fundos de clientes em todo o mundo, uma soma que é mais do que o dobro do PIB anual da República Federal da Alemanha. Este colosso fica no topo da pirâmide de propriedade corporativa mundial, inclusive na China. Desde 1988, a empresa colocou-se em posição de controlar de facto o Federal Reserve, a maioria dos megabancos de Wall Street, incluindo o Goldman Sachs, o Davos World Economic Forum Great Reset, o governo Biden e, se não for controlado, o futuro económico de nosso mundo. BlackRock é o epítome do que Mussolini chamou de corporativismo, onde uma elite corporativa não eleita dita tudo de cima para baixo para a população”.

 

O CONFRONTO INVEVITÁVEL?

 

Nestas dinâmicas do Oriente, tentando impedir que Ocidente tome conta na prática, de toda riqueza do mundo, o Oriente precisa criar um mundo Multipolar… E o Ocidente, tentando sua expansão de fins de século XX após a queda da URSS, segue a sonhar tomar o controlo da Orbe – as fricções globais vão em aumento. Nenhum ator renuncia ao seu sonho, e ambos os sonhos não encontram um acomodo politico. Dentro desta dinâmica as manobras militares recentes de China – Rússia e África do Sul, são um claro indicio de que o chamado “Sul Global” começa  um sério posicionamente em favor do polo Rússia – China – Irão. Aí, mesmo a Índia, apesar da sua fricção com a China; e a Turquia de Erdogan (a cada dia com mais enfrentamento com o Ocidente), junto às monarquias árabes, parecem ter feito uma virada, que pode não ser muito boa para o Estado de Israel (medo da profecia do judeu Henry Kissinger se cumprir e Israel começar seu desmantelamento em esta época?)… Eis uns que apostam pela estabilidade e afirmação do Oriente e outros que acreditam poder ainda tentar travar o poder em ascensão russo – chinês, que marcam a tónica das novas dinâmicas da Multipolaridade.

 

Mas se, finalmente, este novo centro civilizacional se concretizar – e os Estados Unidos, irem devagar, perdendo sua força, o Brasil membro dos BRICS – na América do sul, em futuras décadas, tenha talvez, a oportunidade – de realizar um novo centro. Esse centro dentro desse eixo multipolar pode trazer  uma nova oportunidade para uma nova civilização nascer, herdeira destes trabalhos iniciados na península celtibérica, há já séculos e milénios…

 

E, finalmente, essa cultura luso – galaica e hispana, poderia afiançar um abraço de irmandade, não possível na nossa Península, sul da Europa – por causas históricas diversas; mas muito provável ainda no Sul da América.

 

Sonhamos sonhos que outros, há séculos, sonharam por nós – para por riba de tanto sangue, conquista, guerra, dor – os povos irmãos, possam erguer, de novo, entre eles a perdida confiança. Unir-se e unir América, Europa, Oceânia, Ásia e África.

 

“Os homens cultuam cinco mil rosas num mesmo jardim e não encontram o que procuram. E, no entanto, o que eles buscam poderia ser achado numa só rosa”

(“O Principezinho” Antonie de St. Exupery).

 

Fotografia de Artur Alonso Novelhe

Artur Alonso: escritor com vários livros editados de teatro, poesia, ensaio e romance… Ex diretor do Instituto Galego de Estudos Internacionais e da Paz. Ex secretario do Instituto Galego de Estudos Celtas. Membro do Conselho Consultivo do Movimento Internacional Lusófono. Membro de Honra da Associação de Escritores.Mocambicanos na diáspora. Membro do Conselho de Redação da Revista Identidades, etc.

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