Cultura

Toque da morte… ou da vida | Coca Trevisan

Foto de Aaron Lee na Unsplash

Sou daqueles que até para simples limpeza dentária apelo para a anestesia.

 Gaúcho “macho”…

Oh glória para os avanços da medicina, e dizem que antigamente tudo era melhor. 

Vá arrancar um dente sem anestesia como faziam nossos antepassados. 

Tá loko.

Tenho um desgraçado de um “refluxo” que me acompanha há anos, ainda bem que segundo os médicos é leve (imagino os mais graves) e lembro das endoscopias que fiz 20, 30 anos atrás sentindo tubos entrando goela abaixo.

Mês passado realizei novo exame e graças a Deus minha companheira segue “leve” com um exame que parecia brincadeira de criança. 

Você entra na sala, toma um copinho sei lá do que, leva uma anestesia no braço de uma enfermeira linda, acorda 30 minutos depois e vai embora já com o resultado na mão. 

Que beleza.

E a cafeteria do hospital parece um shopping.

Me arrepio quando vejo filmes de época com dentistas e médicos que mais parecem açougueiros.

Tinha lido anos atrás “O Físico” de Noah Gordon e mês passado achei o filme no YouTube baseado na obra de Gordon.

Empolgado, resolvi dar nova espiada no livro.

Era o inicio da medicina. 

As aventuras de Rob J. Cole, que depois de perder pai e mãe aos três anos de idade, segue a vida viajando com um barbeiro de carroça que também se passa por dentista e médico. 

Porém, mais como larápio do que conhecedor da medicina quase inexistente do século XI.

Como diz o subtítulo do livro trata-se de uma epopeia medieval de um jovem que depois de abandonar o barbeiro sonha em chegar na Pérsia onde a medicina começava a dar seus primeiros passos. 

Rob viaja meses para chegar no Oriente para conhecer e trabalhar com o lendário doutor Avicenna. O livro tem 592 páginas com 81 capítulos e no nono capítulo, Rob J. Cole descobre um dom, ao tocar no peito das pessoas ele sente que algumas estão condenadas. 

A morte é inevitável. 

O toque da Morte. 

Ou da Vida, pois em algumas situações pode-se reverter o processo e salvar o infeliz. Aliás, o ex-infeliz…

Fantástico. 

Noah narra uma história humana onde a esperança sempre existe. 

Sempre.

Disseca corpos escondido pois na época poderia ir para as “fogueiras”. No filme disseca apenas uma pessoa mas no livro são vários corpos estudados por Cole.

Descobriu nossos corações, fígado, estômago, enfim, revolucionou a medicina.

Para alcançar seus objetivos foi Cristão, depois Judeu, voltou a ser Cristão e quando voltou para a Inglaterra agradeceu aos Deuses por sua epopeia, como Noah Gordon descreve nas últimas linhas de sua obra, “a maravilha gratidão por ter sido escolhido e tocado pela mão de Deus”.

Com seus toques da Morte e…da Vida…

 

fotografia de Coca Trevisan

O jornalista Coca Trevisan nasceu em Santa Maria, RS. Atuou como repórter e redator nos jornais NH, de Novo Hamburgo; VS, de São Leopoldo e Jornal Alto da XV, de Curitiba. Como profissional freelancer assinou matérias em diversos periódicos. Participou de workshops e atuou em debates sobre a Indústria Cultural dos anos 1980/90. Mais recentemente, concluiu pela PUC-RJ o Curso de Extensão Origens do Existencialismo. Mantém e abastece o blog Violências Culturais. Atualmente mora em Florianópolis, SC.

 

Qual é a sua reação?

Gostei
1
Adorei
1
Sem certezas
0

You may also like

Comments are closed.

More in:Cultura