A única certeza existente na escrita do amor é sua característica imensurável de indefinição. O amor é, nas palavras do poeta norte-americano e.e. cummings (1894-1962), uma abstração – um lugar onde o etéreo é a construção própria desse universo amoroso. Talvez seja por isso que o amor, na poesia, seja tão explorado.
Nesta pequena seleção de poemas de três poetas norte-americanos, busquei encontrar o que a voz de cada um deles falava desse tema tão universal e tão subjetivo.
Para Barthes, a necessidade do discurso amoroso é o seu próprio existir no mundo enquanto colocado por um sujeito1. Podemos dizer, então, que o meio de resistência da produção cultural e artística sobre o amor é um fazer poético próprio – uma produção embebida de desejo, um chamamento ao concreto do corpo – um vislumbre de fechadura voyeur no qual o eu poético libera e ramifica seu desejo. A linguagem do amor, alude então, inevitavelmente, ao erotismo, onde as palavras se transformam em um corpo que acaricia o outro. O poema de cummings registra esse erotismo belamente em “somewhere i have never traveled, gladly beyond”, misturando as sensações do desejo com o toque sutil da estação florida – tudo isso atravessado pelo olhar.
your slightest look easily will unclose me
though i have closed myself as fingers,
you open always petal by petal myself as Spring opens
(touching skillfully, mysteriously) her first rose
A discursividade amorosa de cummings, mais do que Ashbery ou O’Hara, está continuamente pautada na construção do gesto sutil do amor aliada à construção de sua poesia. A linguagem, para ele, é o caminho para a experimentação do amor como um mundo possível apenas pela linguagem e pelo coro vivo das palavras que constroem o rico arcabouço de imagens do poeta-pintor que era. Barthes defende que o amor possui uma atopia – termo retirado da filosofia socrática – específica e delimitada, na qual falar sobre o amor, em qualquer instância, exige que o sujeito se dirija a um outro, esteja imerso no amor para falar sobre ele e, sobretudo, imerso no desejo de se comunicar com esse outro. Essa voz, mergulhada no desejo é a que espalha a “pulsão de dedicatória” enunciada por Roland Barthes.
Diferentemente da produção de cummings – mais conectada ao experimentalismo do Surrealismo e do Cubismo das primeiras décadas do século XX – Frank O’Hara (1926-1966) e John Ashbery (1927-2017) são poetas nascidos nos anos vinte, imersos nas transformações da metrópole e ligados à vivência artística da Escola de Nova Iorque, cujo prestígio – advindo das influências do expressionismo abstrato e do Surrealismo de Max Ernst e Duchamp – revelou nomes como James Schuyler, Kenneth Koch , Barbara Guest, Bernadette Mayer e Ron Padgett. O’Hara e seus contemporâneos, cada qual a seu modo, exploraram o campo linguístico-amoroso em seu máximo. Frank O’Hara, muitas vezes, deixa seu eu lírico escapar-se à sorte da cidade e da sua língua que corre e se movimenta nas ruas de Nova Iorque, onde O’Hara tanto circulava à pé – onde tudo acontece na hora do almoço ou em uma banheira, como em “Mayakovski”,
If he
will just come back once
and kiss me on the face
his coarse hair brush
my temple, it’s throbbing!
then I can put on my clothes
I guess, and walk the streets.
(…)
I love you. I love you,
but I’m turning to my verses
and my heart is closing
like a fist.
A necessidade desse outro – presente e ausente pela linguagem – aparece belamente em “Morning”, no qual o eu lírico constrói as densas imagens através da ausência do outro – amado, desejado e adorado. Aqui, vemos que a necessidade do outro está inerente à linguagem e, em apenas uma sentença verbal, vemos o corpo inteiro e sua falta.
is difficult to think
of you without me in
the sentence you depress
me when you are alone
O desespero amoroso da dedicatória também aparece em “To you”, poema em que O’Hara recria a paisagem espelhada na figura amada, sobreposta em cores e paisagem pictóricas – em imagens lacônicas e eróticas ligadas à natureza como “you become a landscape in a landscape/with rocks and craggy mountains/and valleys full of sweaty ferns”. O “rastro múltiplo” da inscrição desse outro, nesse ponto, se volta para as origens idílicas do Romantismo, através da confluência harmônica entre eu e o mundo, mais precisamente, a Natureza.
Qual o sentido, então, além da necessidade de o sujeito enunciar-se – a si mesmo e ao outro – escrever poemas de amor, continuar a debater sobre um tema tão explorado criticamente, desde o início da produção cultural humana? A resposta, talvez, nunca fique clara, racionalmente explicada nas linguagens exatas ou até mesmo nas linguagens artísticas. O fato é que a necessidade de se falar sobre o amor – e, mais profundamente, criar sob o efeito do amor – é que explorá-lo, espalhá-lo nas mais distintas ramificações subjetivas humanas é lidar com o problema da linguagem enquanto expressão e materialização de algo do amor sem lugar.
Contrariando algo da ordem universal e política vigente dos nossos tempos, talvez o amor apenas viva, enquanto manifestação, através da linguagem que o elucubra por intermédio das subjetividades criadas pelas Artes. John Ashbery, em “Late echo” – “Eco distante” – a necessidade da continuação da criação acerca do amor, “to write about the same old thing/In the same way” inscreve o amor como um fluxo contínuo necessário e diverso, amplo e disruptivo das qualidades e necessidades humanas em sempre e sempre expandir-se, movimentar-se através do amor como uma existência que compensa algo em relação a estar vivo nesse mundo, nesse tempo – apesar de saber que o outro nem sempre estará lá, nesse lugar do amor – mas que isso seja a mais sutil flâmula para o início do gesto da criação.
Alone with our madness and favorite flower
We see that there really is nothing left to write about.
Or rather, it is necessary to write about the same old things
In the same way, repeating the same things over and over
For love to continue and be gradually different.
Mas por que eu escolhi selecionar e traduzir poemas de amor desses três poetas norte-americanos? Talvez porque eu mesma, como quase todo mundo, sofra as dores do amor, e tenha encontrado nos poemas deles um pouco da subjetividade de que necessito para encarar minha objetividade no tema. Ou seria o contrário? Não sei se ainda sei a resposta, ou se algum dia cheguei a saber. Mas amo perguntar a mim mesma, amo perguntar secretamente a quem em segredo eu amo, e amo sentir que, de alguma maneira, vivo as mesmas dores que viveram e. e. cummings, Frank O’Hara e John Ashbery.
Notas
1 “ (…) Quando um discurso é dessa maneira levado por sua própria força à deriva do inatual, banido de todo espírito gregário, só lhe resta ser o lugar, por mais exíguo que seja, de uma afirmação. (…)” – Epígrafe – Fragmentos de um discurso amoroso.
love is a place
love is a place
& through this place of
love move
(with brightness of peace)
all places
yes is a world
& in this world of
yes live
(skilfully curled)
all worlds.
e.e. cummings, em complete poems 1904-1962.
o amor é um lugar
o amor é um lugar
& através desse lugar do
amor se movem
(com a paz luminosa)
todos os lugares
sim é um mundo
& nesse mundo do
sim vivem
(habilmente enredados)
todos os mundos.
Late Echo
John Ashbery
Alone with our madness and favorite flower
We see that there really is nothing left to write about.
Or rather, it is necessary to write about the same old things
In the same way, repeating the same things over and over
For love to continue and be gradually different.
Beehives and ants have to be re-examined eternally
And the color of the day put in
Hundreds of times and varied from summer to winter
For it to get slowed down to the pace of an authentic
Saraband and huddle there, alive and resting.
Only then can the chronic inattention
Of our lives drape itself around us, conciliatory
And with one eye on those long tan plush shadows
That speak so deeply into our unprepared knowledge
Of ourselves, the talking engines of our day.
Eco distante
John Ashbery
Sozinhos com a nossa loucura e flor favorita
Vemos que realmente não há nada sobre o que escrever.
Ou melhor, é necessário escrever sobre as mesmas velhas coisas
Do mesmo modo, repetindo e repetindo as mesmas coisas
Para que o amor continue e se torne gradualmente distinto.
Colmeias e formigas precisam ser reexaminadas eternamente
E a cor do dia colore
Centenas de vezes variando do verão para o inverno
Para que esse ritmo seja diminuído até o de um autêntico
Saraband e se amontoe lá, vivo e descansando.
Somente então a falta de atenção crônica
Das nossas vidas se drapejará ao nosso redor, conciliadora
E com um olho naquelas longas sombras aveludadas de bronze
Que falam tão profundamente em nosso conhecimento inadequado
Sobre nós mesmos, os motores conversadores dos nossos dias.
e.e.cummings
somewhere i have never travelled, gladly beyond
any experience, your eyes have their silence:
in your most frail gesture are things which enclose me,
or which i cannot touch because they are too near
your slightest look easily will unclose me
though i have closed myself as fingers,
you open always petal by petal myself as Spring opens
(touching skillfully, mysteriously) her first rose
or if your wish be to close me, i and
my life will shut very beautifully, suddenly,
as when the heart of this flower imagines
the snow carefully everywhere descending;
nothing which we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility: whose texture
compels me with the colour of its countries,
rendering death and forever with each breathing
(i do not know what it is about you that closes
and opens; only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody, not even the rain, has such small hands.
algum lugar para o qual nunca viajei, alegremente além
de qualquer experiência, seus olhos tem um silêncio:
no seu mais frágil gesto existem coisas que me envolvem,
e que não consigo tocar pois estão muito perto
seu olhar mais gentil facilmente me revelará
embora eu tenha me fechado como dedos,
você sempre me abre pétala por pétala como a Primavera abre
(tocando habilmente, misteriosamente) a primeira rosa
ou se seu desejo é me fechar, eu e
a minha vida nos fecharemos belamente, de repente,
como quando o coração desta flor imagina
a neve caindo delicadamente em todos os lugares:
nada que devemos perceber nesse mundo se iguala
à intensidade da sua fragilidade: cujas texturas
me compelem com a cor dos seus países,
fazendo a morte se render para sempre e com cada respiração
(eu não sei o que existe em você que se fecha
e se abre; apenas uma coisa em mim entende
que a voz dos seus olhos é mais profunda do que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas.
e.e.cummings
since feeling is first
who pays any attention
to the syntax of things
will never wholly kiss you;
wholly to be a fool
while Spring is in the world
my blood approves,
and kisses are a better fate
than wisdom
lady i swear by all flowers. Don’t cry
—the best gesture of my brain is less than
your eyelids’ flutter which says
we are for each other: then
laugh, leaning back in my arms
for life’s not a paragraph
And death i think is no parenthesis.
já que o sentimento é o primeiro
que presta qualquer atenção
à sintaxe das coisas,
nunca te beijará inteiramente;
inteiramente por ser um tolo
enquanto a Primavera existe no mundo,
meu sangue ferve,
e os beijos são um destino melhor
do que a sabedoria
querida eu juro por todas as flores. Não chore
-o melhor gesto do meu cérebro é menor do que
a palpitação de suas pálpebras que dizem
nós fomos feitos um para o outro: então
ria, recostando-se em meus braços
para a vida, que não é um parágrafo
e a morte eu acho não é nenhum parêntesis.
Frank O’Hara
To you
What is more beautiful than night
and someone in your arms
that’s what we love about art
it seems to prefer us and stays
if the moon or a gasping candle
sheds a little light or even dark
you become a landscape in a landscape
with rocks and craggy mountains
and valleys full of sweaty ferns
breathing and lifting into the clouds
which have actually come low
as a blanket of aspirations’ blue
for once not a melancholy color
because it is looking back at us
there’s no need for vistas we are one
in the complicated foreground of space
the architects are most courageous
because it stands for all to see
and for a long long time just as
the words “I’ll always love you”
impulsively appear in the dark sky
and we are happy and stick by them
like a couple of painters in neon allowing
the light to glow there over the river”.
Para você
O que é mais bonito do que a noite
e alguém nos seus braços
é o que mais amamos sobre arte
parece nos preferir e fica
se a lua ou uma vela tremeluzente
derrama um pouco de luz ou mesmo a escuridão
você se transforma em uma paisagem em uma paisagem
com rochas e montanhas escarpadas
e vales repletos de samambaias suadas
respirando e se erguendo até às nuvens
que na verdade caíram
como um cobertor de aspirações azuis
pela primeira vez não é uma cor melancólica
porque está olhando para nós
não há necessidade de vistas somos um só
no primeiro plano complicado do espaço
os arquitetos são os mais corajosos
porque permanece para todos verem
e por um longo longo tempo assim como
as palavras: “Eu sempre amarei você”
impulsivamente aparecem no céu escuro
e estamos felizes e seguimos com elas
como um casal de pintores em neon permitindo
à luz que brilhe lá sobre o rio.
Walking to work
It’s going to be the sunny side
from now
on. Get out, all of you.
This is my traffic over the night
and how
should I range my pride
each oceanic morning like a cutter
if I
confuse the dark world is round
round who
in my eyes at morning saves
nothing from nobody? I’m becoming
the street.
Who are you in love with?
me?
Straight against the light I cross.
Andando para o trabalho
Será o lado solar
a partir
de agora. Saiam da frente, todos vocês.
Esse é o meu tráfego pela noite
e como
Eu devo aumentar o meu orgulho
a cada manhã oceânica como um cortador
se eu
confundir o mundo escuro que gira
gira quem
nos meus olhos de manhã salva
nada de ninguém? Eu estou me tornando
a rua.
Por quem você está apaixonado?
eu?
Direto contra a luz eu atravesso.
Morning
I’ve got to tell you
how I love you always
I think of it on grey
mornings with death
in my mouth the tea
is never hot enough
then and the cigarette
dry the maroon robe
chills me I need you
and look out the window
at the noiseless snow
At night on the dock
the buses glow like
clouds and I am lonely
thinking of flutes
I miss you always
when I go to the beach
the sand is wet with
tears that seem mine
although I never weep
and hold you in my
heart with a very real
humor you’d be proud of
the parking lot is
crowded and I stand
rattling my keys the car
is empty as a bicycle
what are you doing now
where did you eat your
lunch and were there
lots of anchovies it
is difficult to think
of you without me in
the sentence you depress
me when you are alone
Last night the stars
were numerous and today
snow is their calling
card I’ll not be cordial
there is nothing that
distracts me music is
only a crossword puzzle
do you know how it is
when you are the only
passenger if there is a
place further from me
I beg you do not go.
Manhã
Eu preciso te dizer
o quanto amo você sempre
penso nisso em manhãs
cinzas com morte
na minha boca o chá
nunca está quente o suficiente
então o cigarro
seca o manto marrom
me arrepia eu preciso de você
e olho pela janela
para a neve silenciosa
À noite na doca
os ônibus brilham como
nuvens e estou solitário
pensando em flautas
Sempre sinto sua falta
quando vou à praia
a areia está molhada com
lágrimas que parecem minhas
embora eu nunca lamente
e seguro você no meu
coração com um verdadeiro
humor do qual você se orgulharia
o estacionamento está
lotado e fico
chacoalhando minhas chaves o carro
está vazio como uma bicicleta
o que você está fazendo agora
onde você comeu seu
seu almoço e onde estão
os montes de anchovas é
difícil pensar
em você sem mim na
frase você me deprime
quando você está sozinho
Ontem à noite as estrelas
eram muitas e hoje
a neve é o cartão
telefônico delas eu não serei cordial
não há nada que
me distrai música é
apenas uma palavra cruzada
você sabe como é
quando você é o único
passageiro se há um
lugar distante de mim
eu te imploro não vá.
Mayakovsky
1
My heart’s aflutter!
I am standing in the bath tub
crying. Mother, mother
who am I? If he
will just come back once
and kiss me on the face
his coarse hair brush
my temple, it’s throbbing!
then I can put on my clothes
I guess, and walk the streets.
2
I love you. I love you,
but I’m turning to my verses
and my heart is closing
like a fist.
Words! be
sick as I am sick, swoon,
roll back your eyes, a pool,
and I’ll stare down
at my wounded beauty
which at best is only a talent
for poetry.
Cannot please, cannot charm or win
what a poet!
and the clear water is thick
with bloody blows on its head.
I embrace a cloud,
but when I soared
it rained.
3
That’s funny! there’s blood on my chest
oh yes, I’ve been carrying bricks
what a funny place to rupture!
and now it is raining on the ailanthus
as I step out onto the window ledge
the tracks below me are smoky and
glistening with a passion for running
I leap into the leaves, green like the sea
4
Now I am quietly waiting for
the catastrophe of my personality
to seem beautiful again,
and interesting, and modern.
The country is grey and
brown and white in trees,
snows and skies of laughter
always diminishing, less funny
not just darker, not just grey.
It may be the coldest day of
the year, what does he think of
that? I mean, what do I? And if I do,
perhaps I am myself again.
Maiakóvski
1
Meu coração está agitado!
Eu estou na banheira,
chorando. Mãe, mãe
quem sou eu? Se ele
só voltar uma vez
e me beijar no rosto
sua escova de cabelo áspera
minha têmpora, está latejando!
Então eu posso colocar minhas roupas
Eu acho, e andar pelas ruas.
2
Eu amo você. Eu amo você,
mas estou voltando para meus versos
e meu coração está se fechando como um
punho.
Palavras! Fiquem
doentes como eu estou doente, desmaio,
revire seus olhos, uma piscina
e eu olharei para baixo
para minha beleza ferida
que na melhor das hipóteses é apenas um talento
para poesia.
Não posso agradar, não posso encantar ou vencer
que poeta!
e a água clara é espessa
com golpes sangrentos na cabeça.
Eu abraço uma nuvem,
mas quando subi
choveu.
3
Que engraçado! Há sangue no meu peito
ah sim, eu tenho carregado tijolos
que lugar engraçado para romper!
e agora está chovendo no ailanthus
enquanto eu saio para o parapeito da janela
os trilhos embaixo de mim são esfumaçados e
estão brilhando com uma paixão por correr
Eu salto pelas folhas, verdes como o mar.
4
Agora eu estou silenciosamente esperando pela
catástrofe da minha personalidade
para parecer belo novamente,
e interessante, e moderno.
O país é cinza e
marrom e branco nas árvores,
neves e céus de riso
sempre diminuindo, menos engraçado
não apenas mais escuro, não apenas cinza.
Pode ser o dia mais frio
do ano, o que ele pensa
daquilo? Quero dizer, o que eu faço? E se eu fizer,
talvez eu seja eu mesmo novamente.
Gabriela Ribeiro Lozano vive em São Paulo desde 2017, cursa Letras (Português/Espanhol) na USP e é professora. Publicou o amor é o fim do cerco (Editora Primata/2021) e outros textos em revistas digitais. Recentemente, publicou traduções de haicais do norte-americano Jack Kerouac no Rascunho.