Poesia & Conto

Meu rio é Miño | Wesley Sá Teles Guerra

Foto de Alejandro Piñero Amerio na Unslash

MEU RIO É MIÑO

 

Autor da fotografia: Wesley Sá Teles Guerra.


Conta unha lenda antiga
Que nas terras de Galicia
Vivía unha solitaria meiga
Que criaba entre canteiras
As máis nobres tenreiras
Que entre campos corrían
Como augas cristalinas
Entre as pedras de Meira
Dicía chamarse Irimia
Para os frades feiticeira

 

As súas terras eran o desexo
Dos movidos polo metal
Lle combrando o seu segredo
Escondido nun pedregal
Irimia ocultou o niño
Daquele temido animal
Un río chamado Miño
Que xamais sería igual

 

O río de Irimia seguiría
Na historia o seu caudal
Pelas terras de Galicia
E marcando as de Portugal
Terra outra hora unida
Hoxe sangue dividida
No seu leito fluvial

 

Para algúns serás Galicia
Para outros Portugal
Mais para peixe nas súas augas
Esa división non é natural
Corazón dividido en dous
Linguas separadas por mal
Fronteira sempre fluída
Cal segredo de Irimia
Escondido nun pedregal

 

Portugal sempre será Galicia
Galicia sempre será Portugal
E as augas que antes unían
Volverán con vigor xovial
E nin aqueles contra Irimia
Nin os príncipes do Escorial
Separarán os irmáns e veciños
De ambos lados do río Miño.

 

Conta uma lenda antiga
Que nas terras da Galiza
Vivia uma solitária meiga
Que criava entre canteiras
As mais nobres terneiras
Que entre campos corriam
Como águas cristalinas
Entre as pedras da Meira
Dizia se chamar Irimia
Para os frades feiticeira

 

Suas terras eram o desejo
Dos movidos por metal
lhe cobrando o seu segredo
escondido em um pedregal
Iriamia ocultou o ninho
Daquele temido animal
Um rio chamado Minho
que  jamais seria igual

 

O rio de Irimia seguiria
Na história o seu caudal
Pelas terras da Galiza
E marcando as de Portugal
Terra outra hora unida
Hoje sangue dividida
em seu leito fluvial

 

Para alguns serás  Galiza
Para outros  Portugal
Mas para peixe em suas águas
Essa divisão não é natural
Coração dividido em dois
línguas separadas por mal
fronteira sempre fluída
qual segredo de Irimia
Escondido em um pedregal

 

Portugal sempre será Galiza
Galiza sempre será Portugal
e as águas que antes uniam
Voltarão com vigor jovial
E nem aqueles contra Irimia
Nem os príncipes do Escorial
separarão os irmãos e vizinhos
de ambos os lados do rio Minho.


Segundo a Lenda, o Rio Minho ou em galego Miño tem sua origem em uma lenda da região do Concelho de Meira, onde uma feiticeira se negou a pagar impostos para os monges, amaldiçoado a nascente do rio que ela considerava seu “miño ou meu” em Galego, formando um imenso pedregal que marca a origem do mesmo. Historicamente, o Rio Minho marca a fronteira natural entre Espanha e Portugal, sendo considerada uma das mais antigas do planeta. Sem dúvida, ambas as regiões jamais se separaram integralmente, havendo uma constante troca e convivência em ambos os lados do rio. A Galiza e o Norte de Portugal (atualmente uma Euro-Região reconhecida pela União Europeia) formaram no passado o chamado Reino de Galaécia, onde teve origem a língua galaica ou galaica-portuguesa e a divisão desse território jamais fora um  desejo da população, mas um movimento dos nobres e monarcas. Tanto é assim que a Galiza e Portugal, qual duas irmãs gêmeas separadas por contendas familiares sempre se buscaram uma na outra, sendo o rio Minho ora divisor, ora ponte de união entre esses dois povos que já foram um.

 

fotografia de Wesley Sá Teles Guerra.

Wesley Sá Teles Guerra: Galeguista, de origem brasileira, fundador CERES e Paradiplomata. Poliglota. Formado Negociações Internacionais pelo CPE (Barcelona), Bacharel Administração pela UCB, Pós graduado Relações Internacionais e Ciências Políticas FESPSP, Mestrado Políticas Sociais e Migrações UDC (Espanha), MBA Marketing Internacional MIB (Massachussetts-EUA), Global MBA ILADEC, Mestrado Smarticities UC (Andorra), Doutorando Sociologia UNED (Espanha). Especialista Paradiplomacia, Desenvolvimento Econômico e Cidades Inteligentes. Autor livro Cadernos de Paradiplomacia, Paradiplomacy Reviews e Manual de sobrevivência das Relações Internacionais. Comentarista convidado da CBN Recife e finalista do prêmio ABANCA para investigação acadêmica e do prêmio de literatura Diversidade.

Atuou como Paradiplomata do Governo da Catalunha durante o “procés” processo de autodeterminação da região da Catalunha (Espanha), também foi membro do IGADI, Instituto Galego de Análise e Documentação Internacional e coordenador do OGALUS, Observatório Galego da Lusofonia, sendo o responsável pelo estudo Relações entre Galicia e Brasil. Assim mesmo, foi o primeiro brasileiro a se candidatar em uma eleição na cidade de Ourense (Espanha).

Foi editor executivo da revista ELA do IAPSS e é membro de diversas instituições tais como CEDEPEM, ECP, Smartcities Council e REPIT.

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