Sociedade

A vida em Moçambique | Jaime António Saia

Da minha janela vejo a vida… uma vida complicada, porém cheia de sonhos… A situação em Moçambique em geral é precária, porquanto a qualidade de vida e o almejado bem estar é praticamente inexistente, porque uma grande franja da população sobrevive comendo com mais ou menos 1 dólar por dia. É dificil sonhar nessas circunstancias, o amanhã é tão incerto que desejar algo melhor para si e para sua família. Parece até mesmo um atrevimento e uma afronta contra o mundo… Ah.. Esse mundo… Que por vezes critica a África e outras vezes fazem promessas que jamais são capazes de cumprir…

 

São vários factores que podem se levantar e que conduziram o país a tal situação. Importa destacar entre eles a conjuntura económica internacional desfavorável, que concentra em um grupo selecto de nações os recursos e as oportunidades e, também, os problemas endógenos nomeadamente: as calamidades naturais que têm fustigado o país, talvez fruto de um aquecimento global no qual somos vítimas e não autores; o terrorismo internacional aliado às políticas de exclusão, sempre tão presente, talvez a nossa maior herança dos gloriosos tempos coloniais… esses factores não contribuem para o desenvolvimento económico harmonioso nem para os sonhos…

 

Onda de criminalidade em Maputo

 

Moçambique tem vivido uma onda de criminalidade, principalmente nas grandes cidades. Tudo aponta para que haja envolvimento de diversos agentes da polícia e de outras instituições que em conluio têm organizado tais acções, isto a avaliar pelas declarações dos miliantes que têm vindo a lume nos últimos tempos, quer nos órgãos de comunicação, quer nos da sociedade em geral. Vivemos em uma constante tensão interna.

 

Desemprego em Moçambique

 

A situação do desemprego é alarmante devido em parte, primeiro à situação económica desfavorável, quer a nível internacional quer a nível doméstico, em segundo porque há ocorrência de factores que influenciam negativamente a economia do país e, consequentemente, o desemprego.

 

A título de exemplo, a economia moçambicana teve o seu auge de desaceleração a partir do final de 2019. com o início da pandemia, paralisaram-se uma série de sectores chave com graves consequências sociais que hoje estão à vista, pois atirou-se milhares de pessoas para o desemprego, como encerramento de diversas unidades industriais e serviços, no aguardo de uma campanha da vacinação que se esqueceu da África e, aliado a isto,  há que citar também a questão do teatro operacional centro e norte, que também contribuiram de forma nefasta para a económia do país.

 

Imigração dos Moçambicanos para outros Países da CPLP

 

Os factores acima mencionados fazem com que alguns Moçambicanos alimentem o anseio e o sonho de outros lugares. Tais como que condenados pela sua localidade, imigram para os países da CPLP taís como Portugal e o Brasil, em busca de melhores condições de vida, muitas vezes enfrentando a xenofobia e a falta de integração, veladas sob o discurso de uma lusofonia unificada. Importa referir também que os países membros têm sido solidarios na recepção dos seus membros quanto a direitos, isto devido aos acordos celebrados entre si. Porém, a adesão social ainda deixa muito a desejar… E da minha janela penso… O que fazer e para onde ir? Onde fica o paraíso e onde fica o purgatório?… daqueles que são também parte da lusofonía, daqueles que já foram estrelas nas bandeiras de grandes impérios navais colonizadares… onde ficam os sonhos?

 

Jaime António Saia, formado em Relações internacionais e Diplomacia, com o potencial teórico nas áreas de negociação, estudos de conflitos e paz. Tem experiência na área de gestão de escritório e no controlo bancário de empresas. Faz pesquisas independentes na área da política internacional. É analista de política internacional na Soico TV ( STV), na Televisão de Moçambique ( TVM). Membro do CERES – Centro de Estudos das Relações Internacionais do Brasil ceresri.org.

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