Poemas | Maeles Geisler
Estrada (Ciclo I)
Deus disse:
– sou um caminho para ti que passa
e o templo se fez morada
cria inundada de surpresas
uma passagem num templocorpo
habitada por almas outras
gêmeas ou irmãs
***
Estrada (Ciclo II)
Deus continuou:
– sou um espelho para aquele que me contempla
e a várzea afinou-se
na espera de outras asas
abriu-se passagem
mesmo que sombra
uma ponte
trançando um arame
feito trança de corda
***
Céu Azul (Opus l)
Ambos soldados
o ciúme e o medo
camuflam-se
nada sabem do sol
e o vermelho que escorre
alveja seus corpos
***
Alcance
da força da pedra
repreendeu o vermelho
– não cabe mais nada, disse
tem ritos nos pés na areia
balançando remos
ao ponteiro aberto
***
Desejo
Ela sobrevive refletida na água
– duas partes-
uma corrente ancorada
presa nos circulares do outro corpo
e se transforma em arcabouços ilhados
sem acesso fácil
poucos desvendam essa miragem
é forma e corpo
cores e ângulos
***
Angular
por debruçar-me sobre a paisagem
beijo tuas rugas
entre a construção da barragem
e o encher a ampulheta de areia
através das nuvens
tudo está transbordando
Maeles Geisler: Estudante de Letras – Inglês na FURB e poeta. Primeiras publicações de poemas no blog terradegabriel.blogspot.com (2009-2015), participação em duas antologias poéticas “Assim é que dizemos” (2014) e “Treze mulheres e um verão” (2018). Publicação de poemas em revista eletrônica de arte de Portugal “Incomunidade” (Ano 4 – ed. 54 – mar. 2017) e publicação de “Nó Anotado” livro de poemas em 2020 pela editora Ler para escrever de Belo Horizonte – MG.