Cultura

A produção da prosa curta: um fenômeno em progresso | Adriano B. Espíndola Santos

Foto de Nastya Dulhiier na Unsplash

Resumo

 

Far-se-á, com este estudo, a análise quanto aos fundamentos que ensejam a objetividade e a concisão na prosa curta, notadamente, o gênero conto. Quer-se compreender as influências e o tratamento dado ao conto contemporâneo, usando-se referências de artistas consagrados, como Anton Tchékhov, Clarice Lispector e Rubem Fonseca, e da nova produção, como Maria Fernanda Elias Maglio, Gustavo Pacheco, e do próprio autor deste artigo. Assim, a grande questão é saber de que forma se apresenta o gênero textual conto na atualidade, no período em que a informação é fluida e, muitas vezes, fugaz; e como concorre, por exemplo, com outros gêneros, sem ser corrompido ou desprestigiado. Ou seja, o que faz o conto permanecer vivo e pulsante, com a conjugação da tecnologia e das teias infindáveis de comunicação. A partir disso, tem-se a pretensão de compreender a influência do conto na pós-modernidade; de que maneira o gênero permanece vivo, coabitando com a velocidade, a quantidade de informação e a tecnologia.

 

Palavras-chave: Conto. Modernidade. Informação. Tecnologia. 

 

Abstract

 

This study will analyze the foundations that give rise to objectivity and conciseness in short prose, notably, the short story genre. We want to understand the influences and the treatment given to the contemporary short story, using references from renowned artists, such as Anton Tchékhov, Clarice Lispector and Rubem Fonseca, and from the new production, such as Maria Fernanda Elias Maglio, Gustavo Pacheco, and the author himself of this article. Thus, the big question is to know how the short story textual genre is presented today, in a period when information is fluid and, many times, fleeting; and how it competes, for example, with other genres, without being corrupted or discredited. In other words, what makes the tale remain alive and pulsating, with the combination of technology and endless webs of communication. From this, it is intended to understand the influence of the short story in post-modernity; in which way the genre remains alive, cohabiting with speed, quantity of information and technology.

 

Keywords: Tale. Modernity. Information. Technology.

 

Muito cedo, percebi a potência da prosa curta. No colégio, a turminha de crianças inquietas e ávidas pela verdade foi apresentada à coletânea de contos, “As cerejas”, de Lygia Fagundes Telles. É um livro singelo, que conta com a participação de escritoras e escritores, no trabalho de textos com a mesma base de inspiração, o conto de Lygia Fagundes Telles, que insere o título do livro, “As cerejas”, com conclusões e sob óticas diferentes.

 

O curioso aí foi perceber, sem ter a noção plena, que existiam formas vivas de escritas curtas além do universo infantil – ainda que os textos refletissem a referida aura, de certa maneira. Os chamados paradidáticos, livros que complementavam os estudos da Língua Portuguesa, tinham um caráter formal, com uma linguagem rebuscada para o entendimento – pelo menos o meu –, como é o caso de “Luzia-Homem”, de Domingos Olímpio, pois que fora publicado em 1903, com os costumes e hábitos da época. E foi com surpresa e gosto que li a supracitada coletânea, que abria, naquele instante, uma fronteira para novas percepções.

 

Então, como a maioria, por essa via, entrei nas expectações do mundo da ficção; tudo, pela primeira vez, me foi lícito e possível – e ainda o é. E, logo, fui apresentado a Clarice Lispector e a Rubem Fonseca. Pronto, no ato, a iluminação e a aflição, as dores sufocadas ou libertas pelas palavras; as emoções forjadas pela escrita. 

 

Eu, que tinha as minhas intrínsecas dores, também fui chamado a escrever, a dilatar os sentimentos, nos idos de 2000, com aquela ideia de que na escrita se pode tudo, inclusive o que se julga, no campo dos homens, ser improvável ou, quiçá, contraproducente. O instinto aí era de desabafar, pôr para fora o que me oprimia, a vastidão do que eu entendia como injusto e desumano. Não compreendendo ainda, propriamente, as funções dos gêneros literários, escrevia projeções para uma suposta vida satisfatória. 

 

Foi aí que a escrita tomou um rumo literário. Mas o que escrevia ficava só para mim, não era compartilhado, sob nenhuma hipótese, não por um provável tom subversivo ou agressivo das palavras, e, sim, pelo que poderiam pensar de um autoproclamado escritor – escritor, para mim, nos termos em que desenhava em minha mente, era um ser soberano, supremo, incapaz de errar em suas decisões. Esquecia-me de que o humano é falível, e que eu poderia me embrenhar nas entranhas de uma dimensão que pouco conhecia, para provar e revelar as minhas intelecções sobre o imponderável.

 

Dignamente, reli “A hora da estrela”, de Clarice Lispector, que, pelo acúmulo de anos e experiências, tornara-se rarefeito na imaginação. Precisava entender qual era o dom de se fazer muito com tão pouco, com uma escrita enxuta e potente. E, ao contrário do que a opinião comum possa pensar – porque já ouvi algo a respeito –, a despeito de ser algo que componha poucas linhas, “presumivelmente” fácil de se fazer, o mencionado texto é inundado de significados, acerca da exploração a que foi acometida Macabéa; as desventuras do amor não correspondido e do sentido incauto de compreender a vida como ela é. 

 

De modo fiel, Clarice Lispector impressiona o público leitor e crítico. Macabéa tem a ver com a própria essência de uma menina desterrada de seu lugar, para padecer as agruras desmesuradas de se viver, naquela época, no fim da década de setenta, numa cidade grande – falo “naquela época”, ainda que as dores se pareçam, porque aí o pobre ainda era impregnado pela inocência e pela ignorância, talvez, dos percalços provocados pela cidade grande.

  • O extemporâneo poder do conto – e as similitudes 

 

Macabéa, por certo, não é tão diferente do personagem central de “Angústia”, conto de Anton Tchékhov, o cocheiro. Mesmo que separados pelo tempo e pela distância territorial – imensas –, guardam a essência do padecimento e de uma certa condescendência com a gravidade a que eram subjugados. Não são escutados, ou melhor, são invisibilizados pela pouca relevância social que têm. 

 

Sobre o conto “Angústia”, como o próprio título defino, é o sumo sentimento provocado por Tchékhov; o leitor mais atento sofre, é agarrado pela empatia e pela alteridade. E a pergunta que se faz, por fim, é a seguinte: por que raios sequer um dos passageiros não ouviu um fio da história do cocheiro, da agonia tão presente e doída? E aí, passeando pelos encantos do grande mestre da prosa curta, Anton Tchékhov, reconheci, já mais maduro, de certa maneira treinado para as filigranas literárias, o poder da escrita. 

 

No livro que recolhe correspondências do autor Anton Tchékhov, “Sem trama e sem final”, da Editora Martins, vê-se, por exemplo, o cuidado que tinha ao se debruçar sobre o texto mínimo, que, nem por isso, é menos valioso que as grandes narrativas de sua época, como do contemporâneo Liev Tolstói

 

Ademais, o que formava o seu arcabouço de memória literária, mesmo com a pouca idade – faleceu prematuramente aos quarenta e quatro anos –, decerto tinha relação com a prudência e a dedicação, como se pode conferir na troca de conselhos com o seu editor, Aleksei Suvórin1. E com isso, lógico, recebia e dava conselhos, inclusive a outros escritores; ao irmão, também escritor, para que chegassem à medida do bom tom. 

 

É de se conceber, portanto, numa primeira análise acerca da prosa curta, que o sucesso do gênero está na responsabilidade e no cuidado, no comedimento, também, para não permear a narrativa de imprecisões, ou de elementos que possam desvirtuar o objetivo da prosa, que é a ampliação dos sentidos – também consagrando aqui a ideia de catarse operada por Aristóteles; a apuração dos sentidos. 

 

A técnica do conto, na percepção de Tchékhov, o essencial: não se pode escrever a esmo, com elementos que poderiam, muito bem, ser descartados, sem os quais, a história manteria a integridade – ou, pensa-se, só manteria a integridade se não os tivesse.

 

“Tchekhov muito se interessava pela técnica do conto […] Afirmava que uma história nada deve conter que seja supérfluo. ‘Tudo que o que não tiver relação com ela deve ser impiedosamente jogado fora.’, escreveu. ‘Se, no primeiro capítulo, se disser que da parede pendia uma espingarda, no capítulo segundo ou terceiro alguém a deve disparar sem falta.’ Parece bastante justo, e justa igualmente é a sua exigência de que as descrições da natureza sejam breves e ligadas ao caso (MAUGHAM apud TAVARES, 2013, p. 4)”.

 

Tchékhov, assim, delimita a alcance do conto pela utilidade; usar-se o que, de fato, fará sentido à narrativa. O escritor não pode identificar um cenário que, por sua configuração, possa gerar efeito de obsolescência; a história não deve prescindir dos melhores termos, para dar lugar à gordura ou ao enfeite. 

 

 O mencionado autor influencia autores até hoje. Sua prosa deve estar idealmente no panteão dos maiores escritores. Decerto, a escrita de Tchékhov influenciou figuras consagradas como Rubem Fonseca, escritor brasileiro. Há um arsenal fatal e fantástico nas histórias de Fonseca, que não desperdiça o poder das palavras; ele usou todas as vírgulas e lanças – hifens – a seu favor. 

 

No conto “Feliz ano novo”, Fonseca é capaz de desbaratar o pensamento mais conservador – e faz aí, muito bem, o papel do escritor, no que concerne ao estranhamento; ainda acolhendo os ensinamentos de Aristóteles em “Poética”. Tem em personagens como Zequinha e Pereba a nata da desumanização – que, de certo modo, enfrentam e lesam o sistema de castas à brasileira. 

  • O conto e a necessidade  

 

Para que serve o conto? Ora, de modo objetivo e relativo à praticidade humana, não serve para nada. O conto não desloca as pessoas, como um carro; não lava e centrifuga as roupas, como a máquina de lavar; não serve sequer para alimentar de nutrientes alguma massa corpórea. O conto é um aglomerado de palavras que alimenta de outra forma: espiritual e sensorial.

 

Já houve esta questão formulada e discutida para a poesia. O fato demonstrou, de maneira subjetiva, que a poesia ultrapassa a superfície dos homens; ela adentra o íntimo e provoca as sensações mais finas – o que definiu Aristóteles na catarse. 

 

Chklovisk, por seu turno, declara que a poesia deflagra e instiga, com a profusão instalada pelas imagens2. E essa liberação suprassensorial causa o sumo princípio da arte, qual seja, o estranhamento3.

 

A ficção, e por linha de conexão o conto, na mesma intensidade, não serve ao homem – ou não é um objeto servível –, contudo, é necessário para a preservação da vida4. E não há exagero nesta fala, absolutamente, porque, pensando nos tempos distópicos em que vivemos, o que seria da humanidade sem a arte? O que seria de nós, atacados e suscetíveis a tantas doenças? A barbárie precisa ser sobrepujada pela arte, e essa é uma luta diária, para o bem de nossa supervivência, com significado5.

 

Tomado como exemplo o estranhamento e a provocação, sobre a tecitura e a expansão da percepção, é perfeitamente cabível dizer que mesmo a prosa curta que, num primeiro olhar poderia se supor “inofensiva”, pela escolha e exiguidade de palavras, tem o condão de sacar o espectador, o leitor, da superfície e levá-lo ao plano das elaborações sensoriais.

 

E para o escritor, desafiador e desafiado, aquele que tem o poder e o dever de sacudir a regularidade ou as trivialidades da vida comezinha, é confiado a função de superar a realidade que, como regra nos últimos tempos, tem levado muitos à letargia e ao mal – às doenças da alma. 

 

As características do conto, que são as de ser coeso e sucinto, dentre outras, determinam a sensibilidade e a agudeza do escritor. Não é admissível que o escritor perca linhas com orações baldadas. Não pode levar muito tempo para definir o caráter das personagens – considera-se que o faça delineando o mundo em que os acontecimentos irão existir, como no conceito notoriamente conhecido: “Show, don’t tell!”.

 

O escritor e o leitor devem considerar que a constituição do conto é necessária pelo simples fato de ser pertinente ao direito humano e à literatura. O cerne da existência, a cultura, que é infinita e transborda gerações, acomoda conhecimentos, que serão transmitidos aos demais, atendendo às implicações presentes e futuras6.

 

Nesse sentido, destaque-se que a literatura é um importante fenômeno social, que engloba civilizações e épocas distintas, e um direito humano fundamental. É instituto do qual nenhuma sociedade pode abstrair, para proteção e promoção da cultura, para todos os seres humanos, sem quaisquer restrições, para o fito do desenvolvimento intelectual e sensorial.

 

Ainda sobre as palavras do mestre Antonio Candido, que praticamente fundou ou ampliou o conceito de direito à literatura, cumpre acentuar a constância atemporal dos direitos humanos como algo imperioso, indispensável, e urgente, em todos os aspectos7.

 

Assevere-se que a literatura compreende o sentido da alteridade, de ser porque o outro é – aqui, o relato sobre a mesma perspectiva da filosofia Ubuntu –, da irradiação de seus fundamentos à coletividade, para a almejada comunhão e paz social. 

 

Na seara da literatura, quando se fala em alteridade também se quer abordar a empatia, que nos compunge – ou deveria compungir – a exercer a luta como instrumento de combate à opressão. Inclusive, é a literatura que insere a percepção do desequilíbrio de forças, a violência em razão de cor ou de gênero, como é facilmente perceptível nos escritos do autor já mencionado, Rubem Fonseca8.

 

Então, escrever o conto é enredar minimamente, com as palavras certas, e fazer arrebentar as sensações do leitor. É certo que o leitor mais dedicado espera encontrar a dose segura da fantasia e do delírio; extravasar para não explodir, ainda que ferido de realidade crua. 

 

Celdon Fritzen sustenta o que foi elaborado por Antonio Candido, resolvendo, sabiamente, que a criação é inerente ao homem, e que, por isso, a literatura é consentânea à sua integral constituição9.

  

A prosa curta tem o condão, comparada à poesia, de rapidamente excitar os instintos. Desse modo, entende-se que quando mais breve maior a necessidade do apuro do escritor, para que as letras possam cumprir o seu propósito, de chegar e deflagrar a inquietação.

  • A prosa breve e a pós-modernidade

 

Um fato verdadeiramente importante, e que avança num piscar d’olhos, é a tecnologia que impulsiona a comunicação. Vários são os instrumentos que, hoje, possibilitam a interação entre pessoas, por exemplo, de comunidades diferentes; esse é o poder da globalização, do qual não podemos nos alhear.

 

Não foi sempre assim, por certo. As pinturas rupestres, no tempo dos Neandertais, eram signos que permitiam o câmbio de informações10, com o intuito de festejar ou de alertá-los quanto à existência de perigos em meio ao mundo desconhecido. 

 

O tempo da grande transformação da tecnologia ocorreu há mais de seiscentos anos, na denominada Era de Gutenberg (Johannes Gutenberg), que tornou popular e acessível os códigos de contato, replicando textos através de cópias, desenvolvendo um relevante produto que ultrapassa e permanece vivo em gerações: o livro11.

 

Posteriormente, a internet veio para concretizar o que era muito almejado: a velocidade e a praticidade na comunicação. Em questão de segundos, sabe-se o que se passa na Ucrânia e no Japão – e as notícias, por vezes, desalentadoras nos fazem corresponsáveis pelas questões globais, como o controle climático. 

 

Mas, com isso, surgiram problemas e implicações, como os que se sofre na atualidade, com as fake news. As notas falsas se espalham, talvez em proporções maiores, pelo sentido da curiosidade e pela falta de cautela ao consumir o produto, a notícia.

 

Há um outro ponto que deve ser mencionado, a enxurrada de subsídios informativos, ainda que verdadeiros, com as quais, muitas vezes, não sabemos lidar. Recebe-se um contingente de informações muito superior ao que o ser humano é capaz de absorver; inclusive sem seleção ou proteção de dados. 

 

Onde é que se insere a prosa curta nesse cenário? Bem, a crônica, desde os tempos áureos do jornalismo, tem garantido espaço em jornais nacionais, ora com impacto inferior, ou, como sugerem certas revistas, com pouca relação editorial, o que se infere, por exemplo, pela ausência do gênero em grandes veículos.

 

Prioriza-se a mensagem palatável e de fácil digestão, algo instantâneo, que possa cumprir a função de uma manchete, que absorva o leitor à primeira leitura. 

 

Houve um tempo, na era de José de Alencar e Machado de Assis, em que os romances eram apresentados em pequenas porções, em folhetins, para gerar o efeito como provocado hoje pela telenovela, para prender o leitor – ou a leitora, porque o grande público consumidor era feminino, a elite branca, filhas e sinhás, inclusive Machado de Assis assim se referia à leitora, “Minha cara leitora, […]”12.

 

O conto tem o seu público leitor, como também há autores que só escrevem no gênero, como Alice Munro, tendo ela recebido o Prêmio Nobel de Literatura, no ano de 2013, mostrando a seriedade e a excelência da escrita curta. 

 

Anton Tchékhov, ganhador do Prêmio Pushkin, em 1887, revelou-se ao público como um grande escritor de sua geração, reconhecido, inclusive, por Liev Tolstói e Máximo Gorki, contemporâneos seus. Escreveu algo além do gênero conto, como a novela “A estepe” e o livro “A ilha de Sacalina”, com conteúdo dissertativo, no qual defendia opiniões e relatava acontecimentos na remota ilha penitenciária de Sacalina. Mas a sua vultosa expressividade se deve ao conto, gênero pelo qual é largamente reconhecido no mundo, até os nossos dias. 

 

Lições valiosas, que nunca se perdem, é como a que Tchékhov deu a seu irmão, Aleksandr Tchékov, em 1887, até de certo modo dura, demonstrando a preocupação do autor com o que se pretende escrever:

 

“Parabéns pela estreia em Nóvoie Vriémia.

 

Por que não escolheste um tema sério? A forma é excelente, mas as personagens parecem pedaços de pau, o tema é insignificante. Uma quinta série de ginásio faria melhor… Pega alguma coisa da vida, de todos os dias, sem trama e sem final”. (TCHÉKHOV, 2019, p. 41). 

 

Tchékhov também mostra que o conto é atemporal. Ainda nos nossos dias, mesmo que os seus textos se enquadrem à cultura e ao modo de viver de sua época, percebe-se a amarração que nos liga, a verossimilhança, a coesão e o estranhamento, elementos caros à Teoria da Literatura. 

 

O conto tem a força de dizer o que tem de ser dito em poucas linhas. Crê-se que o conto é o gênero da urgência dos atos, tudo se resolve rapidamente, contudo, não termina no campo da imaginação do leitor, que pode elaborar cenários e movimentos não revelados na trama. 

 

Pensando assim, tem-se a ideia de que o conto é o start para os acontecimentos. O autor, portanto, oferece ao leitor as melhores pistas para a conclusão do enredo, que na verdade, como dito, não termina com o ponto final. 

 

Sobre os autores contemporâneos, vê-se a versatilidade e a inventividade cativantes. Acerca da autora Maria Fernanda Elias Maglio, é claro alcançar que a sua escrita beira a poesia; gastam-se os melhores termos para apresentar ao leitor uma composição mágica – deve-se acentuar que a autora tem obra no gênero poesia, calhando com o perfil relatado.

 

A citada autora, ganhadora do Prêmio Jabuti de 2018, com o livro “Enfim, imperatriz”, é curadora de uma expressividade delicada e perspicaz, conferindo, em raros signos, o verdadeiro sentido do conto: prender para não se esquecer jamais. Um trecho de seu livro ilustra a propriedade na escrita:

 

“A casa do meu pai era só desamparo. Casebre baldio, morada de deserção. As paredes rompidas em frestas, o telhado de folhas de flandres castigado pelas chuvas de tantos janeiros, pela brasa de todo domingo, de tanto dia santo, de toda quaresma. Sol que não gasta, não se põe, arde de dia e de noite arrefecendo a espera das gentes esperançosas”. (MAGLIO, 2017, p. 68).

 

Vê-se, com satisfação e alento, que o conto reina, ainda, em seu universo, para os seus, para muitos. Está agarrado à realidade, com a porção viva da poesia, que segue a esteira de grandes autores, como Valter Hugo Mãe e Raduan Nassar.

 

Maglio também faz acreditar que o conto é atemporal – sobre a premissa que eu, também autor do gênero, confio ser possível. E o conto opera a mais digna das expressões humanas, o sentido do arrebatamento, de modo que o leitor é capaz de, com ele, superar a realidade, sem perder o fio literário da verossimilhança. 

 

Outro escritor brasileiro da nova geração, Gustavo Pacheco, apresenta ao público, com a sua obra “Alguns humanos”, de 2018, uma feição peculiar no gênero, com contos longos, bem ambientados, em que se é admissível delinear os traços das personagens, sem, contudo, perder a essência da objetividade.

 

Não se trata de uma iniciativa nova, porque autores já mencionados escreveram contos que poderiam se enquadrar no gênero novela, como é o caso de “A morte de Ivan Ilitch”, uma das obras mais expressivas do autor Liev Tolstói. Há quem o defina como uma novela, e essa é uma posição que faz pensar se o conto teria uma disposição deliminada, em números de laudas ou caracteres. Tal definição é absolutamente irrelevante, pois que não existem parâmetros definidos; o próprio autor assim o atribui, quando da sua publicação.

 

Exemplo disso é o conto “A viagem do elefante”, de José Saramago. O texto é longo, com uma média de duzentas e sessenta páginas – dependendo da editora –, o que o faz ter uma aparência de romance; é bem estruturado, com diversas personagens e ambientação que ultrapassa o território ibérico – Espanha e Portugal. Para um leitor rigoroso, é difícil aceitar a designação de conto; mas se o autor assim o faz, talvez para quebrar paradigmas, deve ser encarado como tal. 

 

Gustavo Pacheco, da nova lavra, concatena sua escrita com diálogos profícuos, vivos, e justifica o tamanho dos contos pelo sentido de mostrar mais – em sintonia com a máxima: “show, don’t tell” –, para que o leitor possa ser envolvido por distintos contornos que a narrativa pode tomar. 

 

No conto “O labirinto invisível”, Pacheco fala de Marcelo e de seus dilemas com a faculdade, a música e o amor. A história começa com o protagonista incerto quanto ao futuro e no decorrer da trama vai se configurando um ser defensivo e enigmático nas suas atitudes. 

 

Seguindo a melodia de Maglio, Pacheco não despreza o encanto na composição de sua obra – ainda que se possa considerar que as histórias do referido livro sejam do tipo “pé no chão”. Ele traça, com cuidado, o mundo em que as histórias vão se desenvolver, inclusive ensejando um flerte com a ficção científica, pouco comum para o gênero.

 

Veja-se o trecho abaixo, ainda sobre o conto “O labirinto invisível”, em que o escritor forja um evento cotidiano, bastante verossímil, com pinceladas de poesia.

 

“No começo ele mantinha um verniz de orgulho, não permitindo que ela pagasse jantares caros e outros gastos que não cabiam no orçamento dele. Mas ela logo o convenceu, argumentando que, se ela tinha mais dinheiro e se estavam juntos, era lógico que ela pagasse mais, afinal imagine se fosse o contrário, ele veria algum problema em pagar jantares para ela? Ele teve que reconhecer que não. Felizmente não vivemos mais em uma sociedade tão machista, é perfeitamente natural que uma mulher pague um jantar para o homem com quem está saindo”. (PACHECO, 2018, p. 125). 

 

No inventário de contos de Pacheco confere-se elementos caros ao escritor do gênero, a agudeza e apuro na formulação. Não se vê um “fio desencapado”. Não há curto-circuito. Todas as palavras são bem escolhidas, sem se alhear da simplicidade. 

 

Pacheco e Maglio são, merecidamente, reconhecidos como expoente da nova geração; têm o que dizer e dizem com paixão e prevenção – uma dose difícil de se equalizar. Lê-se com a expectativa do novo em cada página. Assim acontece a reviravolta, a bendita surpresa. O perfil de um bom escritor de contos é movimentar a história, com as exíguas ferramentas que tem, com o elemento da imprevisão sempre pulsante; um cadafalso a cada linha. 

 

Não cabe, hoje, a trama regular, sem o conteúdo do arrebatamento ou do estranhamento. Há de se expressar com intensidade. O quebra-cabeça das palavras tem de ser montado, com a dificuldade que carece aos bons resultados. 

 

No meu livro de contos “Contículos de dores refratárias”, lançado em 2020, ousei falar do âmbito social sem cair na mesmice, num objeto panfletário. A linha que escolhi para os meus contos tem a ver com o sofrimento do brasileiro, com a labuta dura, diária; com o instinto de superar e rechaçar a dor. 

 

O cuidado está, precisamente, em mostrar a tragédia, sem que isso se torne um palco de exibição aos moldes freak show; o drama tem de ser levado a sério, bem como o respeito à escrita, à produção do conteúdo, e é isso que faz com que a prosa curta não rivalize com os diversos instrumentos de comunicação, pois que tem o propósito bem definido, o de chochar e entreter, num curto espaço de tempo13

  • Conclusão

 

Compreende-se que o período da pós-modernidade, com suas facilidades, velocidade e ciladas, tem interferido sensivelmente na recepção e na atenção do público leitor, sobretudo dos jovens14. Para este nicho, há uma certa rejeição ao que não é instantâneo, sendo mais aproveitados os jogos e séries, por exemplo – e, por isso, há uma gama de iniciativas atinentes à captação dos jovens leitores, com grupos de leitura guiada por profissionais, especialmente professores; paradidáticos infantojuvenis, com leitura e produção textual dos alunos15, e movimentos que aglutinam outros ramos da arte16.

 

No entanto, o gênero permanece vivo – e permanecerá –, coabitando com as intervenções de um mundo carregado de informação, porque são muitos os benefícios que fomenta: a concisão e a compreensão pela alteridade e a empatia; a significação, a ludicidade e a sua relação com a realidade do leitor17; o interesse pela leitura, uma vez que o leitor pode se debruçar sobre um ou sobre todos os contos de um livro, sem que se perca no enredo; e o detalhe de uma perspectiva direta, ao passo que introduz uma série de variações quanto aos cenários e às experiências que a trama pode ensejar.

 

O gênero textual conto, na atualidade, no período em que a informação é fluida e muitas vezes fugaz, concorre também com outros gêneros, sem ser corrompido ou desprestigiado. Percebe-se que o romance e a poesia estão albergados por suas substâncias únicas, pois que atiçam outras esferas da cognição. E há o entendimento, como relatado no caso de “A viagem do elefante”, de Saramago, de que se pode, muito bem, permearem os escritos por diversos gêneros, sem que, para tal, exista uma confusão literária; as produções textuais se completam, ao fim e ao cabo. O bom e apaixonado leitor não vai se sentir enganado caso tenha em mãos um conto que divisa entre os gêneros poesia e novela; todos têm a finalidade da catarse, do apuro dos sentidos, com a força definida por Aristóteles.

 

O conto é o elo sublime entre o real e a invenção; o poder mais com pouco; a beleza do que está por vir; um fenômeno em progresso, permanente. 

 

Notas

 

1 “Minha alma está repleta de preguiça e do sentimento de liberdade. É o sangue que ferve à chegada da primavera. Mesmo assim, cuido dos negócios. Estou preparando os materiais para um terceiro livrinho. Corto sem dó. Curioso, agora ando com mania de coisas curtas. Tudo o que leio, seja meu ou de outrem, parece que nunca é curto o suficiente”. (TCHÉKHOV, 2019, p. 43-44).

 

2 “Em A arte como procedimento, V. Chklovski diferencia o discurso poético do prosaico, através do estabelecimento das disparidades entre os objetivos e imagens criadas por cada um desses discursos. O autor esclarece que, durante anos (e talvez ainda hoje), houve uma tentativa de generalização e aproximação das finalidades desses dois meios de expressão que, somente quando tratados nos limites de suas peculiaridades, podem ser efetivamente compreendidos. Ao tratar as diferenças entre a língua prosaica e a língua poética, o ensaio apresenta dois processos que são a chave para a compreensão e distinção das funções das imagens por elas criadas: os processos de automatização e singularização. Assim, por meio dos exemplos citados, consegue-se perceber que, para Chklovski, a imagem do discurso quotidiano é facilitadora e procura encurtar o caminho da percepção, enquanto, na poesia, a imagem é provocadora, procura estender ao máximo a percepção e acaba por criar um discurso efetivamente instigante e, por isso, elaborado”. (COSTA, 2012, on-line, grifo nosso).

 

3 “Chklóvski achava que a busca pelo insólito, pelo não familiar durante o processo de criação seria capaz de libertar o espectador da letargia mental, realizando assim a tão almejada comunicação estética. Segundo ele, a função inicial da arte seria a de causar esse tipo de estranhamento perceptivo no fruidor. Pensado por   esse ângulo, o estranhamento artístico seria, por definição, exatamente o oposto de alienação; algo que deveria orientar o artista criador durante seu trabalho”. (VAZ, 2014, p. 45). 

 

4 “Sem a capacidade de criar ficção, os neandertais não conseguiam cooperar efetivamente em grande número nem adaptar seu ambiente social para responder aos desafios em rápido transformação”. (HARARI, 2019, p. 43).

 

5 “Da poesia, Barthes já disse ‘Poesia = prática da sutileza num mundo bárbaro. Daí a necessidade de lutar hoje pela poesia: a poesia deveria fazer parte dos ‘Direitos do Homem’; ela não é ‘decadente’, ela é subversiva: subversiva e vital’. Lutar pela poesia para se submeter e submeter quem quer que seja a seus cuidados sutis, subversivos, vitais”. (PUCHEU, 2016, on-line).

 

6 “[…] a literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de entrar em contacto com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro horas do dia sem alguns momentos de entrega ao universo fabulado. O sonho assegura durante o sono a presença indispensável deste universo, independente da nossa vontade. E durante a vigília a criação ficcional ou poética, que é a mola da literatura em todos os seus níveis e modalidades, está presente em cada um de nós, analfabeto ou erudito, como anedota, causo, história em quadrinhos, noticiário policial, canção popular, moda de viola, samba carnavalesco. Ela se manifesta desde o devaneio amoroso ou econômico no ônibus até à atenção fixada na novela de televisão ou na leitura seguida de um romance”. (CANDIDO, 2011, p. 176 e 177).

 

7 “Por quê? Porque pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer que aquilo que consideramos indispensável para nós é também indispensável para o próximo. Esta me parece a essência do problema, inclusive no plano estritamente individual, pois é necessário um grande esforço de educação e autoeducação a fim de reconhecermos sinceramente este postulado. Na verdade, a tendência mais funda é achar que os nossos direitos são mais urgentes que o do próximo”. (CANDIDO, 2011, p. 174).

 

8 Para ilustrar, segue um trecho do conto “Decisão”, do mencionado autor: “Você é aquilo que você quer ser. Assim como aquele italiano disse que as coisas são para nós o que parecem ser e não o que são de verdade, nós também somos o que a nossa imaginação diz que somos e não o que somos na realidade, somos uma representação subjetiva da nossa imaginação. Sei que isso parece complicado, mas não é. Por exemplo: eu não quero ser infeliz e não sou; eu não quero ser covarde e não sou; não quero ser ansioso e não sou. Repito: você é aquilo que você quer ser, assim como você sente aquilo que quer sentir”. (FONSECA, 2013, p. 35).

 

9 “[…] numa perspectiva antropológico-cultural, não há homem sem linguagem, sem o jogar figurativo das palavras, sem a elaboração de narrativas, sem compor sonhos quando a vigília é suspensa. Desse modo, o conceito de literatura se tornaria universal e indispensável para a formação humana”. (FRITZEN, 2019, p. 80).

 

10 “A chamada arte rupestre é um dos termos dados às mais antigas representações artísticas conhecidas, as mais antigas datadas do período Paleolítico Superior (40.000 a.C.) gravadas em abrigos ou cavernas, em suas paredes e tetos rochosos. De acordo com os cientistas, o segredo para entender o salto dado pelos homens rumo à linguagem pode ter começado no interior desses pequenos espaços”. (PACHECO, 2018, on-line).

 

11 “Mas a invenção de Gutenberg era diferente. Com ela, foi possível imprimir muitas cópias do mesmo texto rapidamente. E o livro que Gutenberg escolheu para iniciar sua produção em série foi a Bíblia”. (Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/geral-50887912>. Acesso em: 10 ago. 2022. 

 

12 “A minha tese sobre o Machado é que ele usa da poética da dissimulação. O público leitor dele era branco. Um recenseamento pedido por Dom Pedro II em 1872 mostra que 84,2% da população era analfabeta. Havia 14,8% da população que sabia ler. Quem eram? A elite branca. Quem é que comprava os jornais, as revistas? As mulheres principalmente, sobretudo as filhas, as sinhás. Machado publica no jornal das famílias, daí a expressão no início de muito de seus textos: ‘Minha cara leitora, minha cara senhora’”. (GARCIA, 2019, on-line).

 

13 Vale apresentar um trecho do conto “Encarrilhada à brasileira”: “No caminho de volta para casa, pensei em como seriam meus derradeiros dias. Não teria mais tempo para reverter coisa alguma. Perdi minha esposa para o câncer. Perdi minha filha e netos para o meu próprio desleixo; babaquice de um sujeito ranzinza. Moro com o Genival, um gato fodido de feio, sem uma orelha e o rabo mutilado, cotó, de um acidente que sofreu – ninguém sabe, não preciso dizer, mas este porcalhão aqui recuperou-o do seu destino fatal. Não fosse ele, por pouco, teria dado um jeito de furar a preguiça e pulado da torre. Uma vez na vida, seria notícia. Uma vez na vida, seria visto, reconhecido como o legítimo sofredor brasileiro”. (SANTOS, 2020, p. 159).

 

14 “De acordo com o Relatório Brasil no Pisa 2018, elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), estudantes brasileiros de 15 anos de idade, avaliados pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) em 2018, registraram média de proficiência em leitura de 413 pontos, enquanto alunos de outros 16 países da OCDE alcançaram média de 487 pontos, isto é, 74 pontos acima do Brasil”. (PIERRI, 2021, on-line).

 

15 “Nessa perspectiva, o conto Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll, especificamente, pode ser um aparato na contribuição da formação de leitores e no processo de desenvolvimento da escrita. Já que, essa   obra contempla algumas características que os adolescentes possuem e as quais lhes são comuns, como: problemas com o tamanho, identidade, medo e questionamentos. Destarte, Carroll consegue retratar de maneira cômica a vida das crianças e dos jovens, promovendo, dessa maneira, uma identificação do mundo imaginário com acontecimentos reais.  Ocorrendo, de fato, uma integração entre o leitor e os personagens da obra descrita. Portanto, o gênero conto pode ser importante ferramenta no contexto educacional, principalmente nas aulas de língua portuguesa, pois além de ser uma narrativa curta, promove a imaginação, a criatividade e apresenta situações possíveis, ainda que fictícias”. (OLIVEIRA e FREITAS, 2019, p. 564).

 

16 NISKIER, Arnaldo. Os jovens e a leitura. Disponível em: < http://www.ipae.com.br/pub/pt/re/ae/94/materia4.htm>. Acesso em: 18 ago. 2022.

 

17 “Para que a aprendizagem seja realmente significativa, são necessárias duas condições básicas. A primeira é que o material a ser aprendido deverá ser relacionável à estrutura cognitiva do aluno de maneira não arbitrária e não literal e ser potencialmente significativo, e a segunda, que o estudante deverá manifestar uma predisposição para aprender (Ausubel, Novak & Hanesian;1980; Moreira, 1983), ou seja, é necessário que exista interesse do estudante em aprender, não por gostar da matéria, mas porque o material apresentado possa trazer compreensão e apresentar relação com seu cotidiano. Que o material didático utilizado tenha significado lógico e satisfatórios para que o aluno consiga relacioná-los com o contexto de aprendizagem. Estabelecendo uma relação entre o que o aluno sabe com o que tem que saber, nesta negociação, e favorecer o processo de ensino e aprendizagem, utiliza-se de organizadores prévios, que são os materiais introdutórios apresentados antes do material a ser aprendido”. (ROSA; ROSA e LEONEL, 2015, p. 35).

 

Referências

 

‘Bíblia’ de Gutenberg: 4 fatos surpreendentes sobre o livro que mudou a história. BBC News – Brasil, 2019. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-50887912>. Acesso em: 10 jan. 2022. 

 

CANDIDO, Antonio. Vários Escritos: Direito à Literatura. (5. Ed.) Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2011. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3327587/mod_resource/content/1/Candido%20O%20Direito%20%C3%A0%20Literatura.pdf >. Acesso em: 7 ago. 2022.  

 

COSTA, Bianca Albuquerque da. A imagem e o discurso poético: uma análise de A arte como procedimento, de Victor Chklovski. Disponível em: <http://www.revistazunai.com/ensaios/bianca_albuquerque_da_costa_victorchklovski.htm>. Acesso em: 22 abr. 2022.  

 

COSTA, B. de A. Utilização do gênero Conto como estratégia para despertar o gosto pela leitura. 2016. 25f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras) – Universidade Estadual da Paraíba, Guarabira, 2016.

 

COSTA, Sérgio Roberto. Gêneros discursivos e textuais: uma pequena síntese teórica. Recorte ­ Revista de Linguagem, Cultura e Discurso, Três Corações, ano 3, n. 5, p. 1-11. jul./dez. 2006.

 

FONSECA, Rubem. Amálgama. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013

 

FRANCO, António Cândido. Catarse. Disponível em: <https://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/catarse>. Acesso em: 15 ago. 2022.

 

FRITZEN, Celdon. “O direito à literatura” trinta anos depois. Contexto (ISSN 2358-9566) Vitória, n. 35, 2019/1.

 

GARCIA, Cecília. Machado de Assis negro e a escrita como capoeira literária. Disponível em: <https://portal.aprendiz.uol.com.br/2019/08/19/machado-de-assis-negro-e-sua-escrita-como-capoeira-literaria/>. Acesso em: 01 abr. 2022.

 

HARARI, Yuval Noah. Sapiens – Uma breve história da humanidade. Tradução Janaína Marcoantonio. 44. ed. Porto Alegre: L&PM, 2019.

 

MAGLIO, Maria Fernanda Elias. Enfim, imperatriz. São Paulo: Patuá, 2017.

 

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OLIVEIRA, F. da S., & Freitas, I. M. D. de. (2019). A contribuição do gênero conto para a formação de leitores no processo da escrita. Diversitas Journal, 4(2), 556–565. https://doi.org/10.17648/diversitas-journal-v4i2.694.

 

PACHECO, Denis. Arte rupestre pode ajudar a entender como linguagem humana evoluiu. Jornal da USP, 2018. Disponível em: <https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/arte-rupestre-pode-ajudar-a-entender-como-linguagem-humana-evoluiu/>. Acesso em: 10 jan. 2022.  

 

PACHECO, Gustavo. Alguns humanos – 2 ed. – Rio de Janeiro: Tinta-da-china Brasil, 2018.

 

PIERRI, Vitória. Baixo índice de leitura entre jovens brasileiros pode indicar futuro de dificuldades. Disponível em: < https://jornal.usp.br/atualidades/baixo-indice-de-leitura-entre-jovens-brasileiros-pode-indicar-futuro-de-dificuldades/>. Acesso em: 17 ago. 2022.

 

PUCHEU, Alberto. Para que serve a poesia? Disponível em: < https://revistacult.uol.com.br/home/para-que-serve-poesia/>. Acesso em: 16 ago. 2022. 

 

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ROSA, Valdir; ROSA, Selma dos Santos; LEONEL, André Ary. A arte de escrever contos para a aprendizagem significativa de conceitos científicos. Aprendizagem Significativa em Revista/Meaningful Learning Review – V5(1), pp. 33-56, 2015.

 

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SILVA, Fabiana Bernachi Batista da. Práticas de leitura e produção textual: vivenciando o gênero conto. Disponível em: < http://www.isciweb.com.br/revista/298-praticas-de-leitura-e-producao-textual-vivenciando-o-genero-conto>. Acesso em: 15 jul. 2022.

 

TAVARES, Daniella Amaral. Singularidades do conto tchekhoviano em dois momentos: “Angústia” e “Queridinha”. REEL – Revista Eletrônica de Estudos Literários, Vitória, s. 2, ano 9, n. 12, 2013.

 

TCHÉKHOV, Anton Pávlovitch, 1860-1904. Sem trama e sem final: (99 conselhos de escrita). Tradução do italiano, do russo e notas Homero Freitas de Andrade; seleção e prefácio de Piero Brunello. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2019. 112 p.

 

TCHÉKHOV, Anton Pávlovitch. Angústia. Disponível em: < https://vermelho.org.br/2011/01/08/leia-o-conto-angustia-de-anton-tchekhov/>. Acesso em: 15 ago. 2022.

 

TELLES, Lygia Fagundes. As cerejas; projeto editorial [e organização] Samira Youssef Campedelli ; coordenação Vivina de Assis Viana ; [ilustrações Zeflávio Teixeira]. – São Paulo: Atual, 1992.

 

VAZ, V. Em Defesa do Insólito: Victor Chklóvski e Guimarães Rosa. RUS, São Paulo), [S. l.], v. 3, n. 3, p. 44-52, 2014. DOI: 10.11606/issn.2317-4765.rus.2014.88701. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/rus/article/view/88701>. Acesso em: 4 abr. 2022.

 

Fotografia de Adriano B. Espíndola Santos

Adriano B. Espíndola Santos é natural de Fortaleza, Ceará. Em 2018 lançou seu primeiro romance “Flor no caos”, pela Desconcertos Editora; em 2020 os livros de contos, “Contículos de dores refratárias” e “o ano em que tudo começou”; em 2021 o romance “Em mim, a clausura e o motim”, pela Editora Penalux; e em 2022 a coletânea de contos “Não há de quê”, pela Editora Folheando. Colabora mensalmente com as Revistas Mirada, Samizdat e Vício Velho. Tem textos publicados em revistas literárias nacionais e internacionais. É advogado civilista-humanista, desejoso de conseguir evoluir – sempre. Mestre em Direito. Especialista em Escrita Literária e em Revisão de Textos. Membro do Coletivo de Escritoras e Escritores Delirantes. É dor e amor; e o que puder ser para se sentir vivo: o coração inquieto. 

 

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