Fuga
Desculpem-me
Descreio do ar,
do chão onde piso
da vida, dos sonhos
vão além.
Cismo comigo
algumas vezes
na tangência
do místico e do material
sou volúvel.
Desculpe-me.
Indago sobre as coisas,
os passos entrecortados
se o mundo é
mais uma invenção
do Homem.
Kutxinga
Partiste…
Deixas-me
despida neste pudor.
Sou folha esquecida no chão
sem as nostalgias
do calor da nossa paixão.
Fazem de mim coisa
moeda, escrava.
Outogaram-me
um homem, o qual
sinto-me incapaz de amar
era um irmão.
Outrora, devo-lhe
Submissão, e todo meu corpo.
Pertenço a ele
Nossos filhos são para ele
Oponho-me a esta união
meu coração e alma renegam-no.
Esta terra não é nossa
Só a servimos
tal como os homens, mas nada nos pertence.
Fomos feitas para servir.
Servidão viverei para
meu novo senhor.
Nhandayeyooooo (socorro)
Somos mulheres, e não coisas
Somos mulheres, não mercadorias
Não nos silenciem
Não nos vendam
Deixem-nos decidir
por nós.
[Maputo, Moçambique,1989]
Começou a escrever desde tenra idade. De 2013 a 2017, participou e foi distinguida em alguns concursos internacionais de poesia. Tem textos publicados nas antologias “Soletras Esse Verso” (2018); “Fique em Casa” (2020); “Linguagens e suas Tecnologias, Manual do professor” (2020); E ” No Cais do Amor” (2022).
Tem contribuído para as revistas Lidilisha, Soletras, Ómnira, Contioutras, Por Dentro de África, Escamandro, Avenida Sul, Mallamargens , Folhinha Poética, Cultural Traços/ Alta Cultura, Germinaliteratura, e Incomunidade. É membro da Confraria Brasil/Portugal.